Copa das manifestações e das oposições. O futebol na política
O Brasil já esqueceu, mas as séries de manifestações realizadas nas seis cidades-sedes da Copa das Confederações, em 2013, reuniram quase um milhão de pessoas... e muita bordoada. Surpresa! A violência policial estava presente nos anos petistas. A diferença, talvez, fosse a preparação para o som das balas de borracha e os tiros de gás de lacrimogêneo. Um relatório do governo Dilma Rousseff dá conta que para combater essas manifestações foram mobilizados quase 55 mil policiais e gastaram R$50 milhões com balas de borracha e gás lacrimogêneo. Não satisfeitos com as compras realizadas antes das manifestações, gastaram mais 10% durante a Copa, que recebeu a alcunha de "Copa das Manifestações".
Ninguém quis, sobrou para o Brasil.
A Copa das Américas, marcada para começar dentro de duas semanas, estava agendada para ocorrer na Colômbia e na Argentina. Os dois países declinaram do convite feito pela Conmebol, o órgão que dirige o futebol na América do Sul. Seu presidente telefonou para o presidente da CBF, entidade que (mal) administra o futebol brasileiro, perguntando se esse torneio poderia ocorrer nos estádios brasileiros. Caboclo, o presidente da CBF, acossado por denúncias de assédio sexual em uma funcionária da entidade, enxergou a saída da crise em que está metido. No mínimo, ganhará tempo. Em seguida, Caboclo conversou com o membros do governo federal. Em poucos minutos, obteve o posicionamento favorável à realização dos jogos em solo brasileiro.
O vírus atacará durante a Copa América?
Há notórios exageros contrários à ocorrência da Copa América no Brasil. O mais famoso é que a realização dessa Copa nos levará a uma nova onda de mortandade pela cocid-19. O governo federal esclareceu que, caso essa Copa ocorra, não será permitido a presença de torcedores nos estádios. E basta essa afirmação para solucionar a questão. Afinal, não estão ocorrendo jogos de futebol no Brasil?
A questão é: tudo na vida é politizado.
Você comprou uma caramelo de hortelã ou de mel? Saiba que esse insignificante exemplo demarca uma decisão, além de econômica, política. Todas as decisões tomadas na vida são políticas. Todas. Assim também é com o futebol. Na época da Copa das Confederações, a direita associada ao centro, rugia nas ruas contra a esquerda que governava. Agora, a esquerda se manifesta contrária à uma Copa. São decisões governamentais e suas oposições. Os gastos na Copa das Confederações, motivo das manifestações, não eram importantes. O coronavírus não ceifará mais vidas, durante a Copa, além da multidão que leva diariamente aos cemitérios. A corrente de ar, em ambientes abertos, é um grande inimigo do vírus.