Ensaio da mentira. Por que mentimos tanto?
Fomos educados assim. Desde a infância, aprendemos a interpretar papeis no cotidiano. Mentimos para ser aceitos na turma do futebol, para a professora gostar de nós, para chamar a atenção da menina bonita, para conseguir emprego…. Interpretamos papéis que nos impomos e lutamos para mantê-los verossímeis. O brasileiro, em particular, criou uma nova versão da mentira: o famoso “jeitinho”.
Não vivemos sem ela, mas é fonte de estresse.
Não vivemos sem a mentira. Há quem tenha tentado deixar de mentir por 50 dias. Não foi bem sucedido. Mas a mentira é um tiro no pé. É a maior fonte de estresse e infelicidade que existe. Se todos parassem de usar tantas máscaras, teriam mais tempo e vigor para se dedicar a relações honestas. Vivemos o tempo todo cultivando a imagem que queremos ter de nós mesmos. Uma pesquisa recente mostrou que 93% das pessoas entrevistadas assumem mentir regularmente. As outras mentiram. Estamos acostumados a agir assim porque é mais confortável.
Assumindo a ignorância.
A maior quantidade de mentiras que proferimos vem da ignorância. Fingimos deliberadamente conhecer algo que desconhecemos. Perdemos a pose ao deixarmos de fingir que sabemos muito sobre determinado assunto. Mas é difícil perder a pose. Ficamos inseguros quando a abandonamos. É verdade que dá algum alívio quando abandonamos papéis criados para nós mesmos. Quantas vezes você ouviu alguém dizer algo como: “Não faço ideia do que você está falando. Conta mais”? É uma raridade.
A superioridade dos que não mentem.
Despir de fantasias mentirosas pode conduzir à prepotência. “Eu falo a verdade, os outros mentem”. Logo, sou superior. Mas há um limite. Falar o que vem à cabeça não faz de mim uma pessoa necessariamente honesta. Uma pesquisa mostrou que 34% dos homens admitem mentir para ficar com a moça bonita. E eles não estão sozinhos. Nada menos de 11% das mulheres admitem mentir sobre o peso. A superioridade emanada da honestidade cria uma sensação de estar se despindo em público. Incômodo, no mínimo.
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