Exercícios físicos fazem mal ao coração?
Surgem os defensores da vida sedentária. Bate, bate, coração. Durante os 70 anos que dura em média uma vida, o coração bate pouco mais de 2,5 bilhões de vezes, a um ritmo médio de 70 pulsações por minuto. Tum, tum, tum, o coração bombeia 224 milhões de litros de sangue para o corpo de um homem e 295 milhões de litros para o corpo de uma mulher. Elas têm esperança de vida maior.
Bem, mas nosso coração de ferro, considerado pelos fisiologistas uma obra prima, têm seu "calcanhar de aquiles" . Adoece. As doenças cardíacas são responsáveis por um terço das mortes no mundo. No Brasil, são mais de 350 mil falecimentos por ano decorrentes desses males.
A nova moda dita que no Japão e na China não querem mais fazer exercícios exagerados. Preferem os "tai-chi-chuan" e similares. Exercícios excessivamente moderados, quase parando. O grande argumento dos defensores do sedentarismo é que os exercícios "gastam" as batidas do coração, para que realizemos exercícios, promovemos um "desperdício" de batidas do coração. Estão certos?
O que acontece com teu coração quando realizamos exercícios em demasia
Segundo um recente estudo, os homens que praticam exercícios em demasia têm maior probabilidade de padecer doenças do coração. Essa pesquisa, da "Mayo Clinic" (EUA), seguiu durante 25 anos 3.175 homens e mulheres jovens, até que alcançaram a idade madura. O objetivo era "analisar a prevalência do cálcio nas artérias coronárias", uma patologia chamada CAC (calcificação das artérias coronárias). Esta condição precede o aumento de depósitos de colesterol e os ataques cardíacos.
Estabeleceram três categorias: a primeira, com 57% dos participantes, formada por aqueles que realizavam menos exercício do que o recomendado pelo Departamento de Saúde dos EUA (150 minutos de exercícios de intensidade moderada por semana). São os sedentários ou que praticam raros minutos de exercício. O segundo grupo, composto por 34% dos participantes, praticavam exercícios conforme a orientação desse departamento. E o terceiro, praticava três vezes mais exercícios que o recomendado.
Para efetuar a medição, empregaram inúmeros grupos de tomografias computadorizada desde 1985 até 2011. O resultado é surpreendente. Nas mulheres, não se observou qualquer relação entre exercícios e calcificação de artérias coronárias. Tanto faz, como tanto fez. Mas nos homens os resultados revelaram que os membros do terceiro grupo –três vezes mais exercícios do que o recomendado, algo como sete horas por semana– apresentavam um aumento de 27% na probabilidade de sofrer essa calcificação, o que vale dizer que estão mais predispostos a ataques cardíacos.
Curiosamente, esses resultados não são aplicáveis a homens negros, a quem a correlação entre exercício intenso e maior probabilidade de padecer CAC não parece afetá-los. A conclusão é óbvia: devemos realizar exercícios, mas moderadamente.
Exercícios físicos na história oriental
Não é exagero afirmar que o ocidente mais recebeu do que deu ao oriente no âmbito dos exercícios físicos. Exemplificando somente com hindús, chineses, japoneses e persas, encontramos a validade dessa afirmação através, respectivamente, do Ioga, do "Cong-Fou", do "Jiu-Jitsu" e do Polo. Mas há muito mais. Na terra dos faraós, a luta livre, o boxe, a esgrima com bastão, junto com a natação e o remo, eram os esportes com maior aceitação. Foi o Império Romano que os copiou e aperfeiçoou.
Os hititas eram os melhores cavaleiros da Antiguidade. Legaram-nos um extraordinário manual de treinamento hípico, no qual o emprego do esforço e contra-esforço, lembra o atual "interval-training". A educação persa tinha como base um ditado: "Ensinar a seus filhos a montar a cavalo, atirar com o arco e dizer sempre a verdade". Também ensinavam a generosidade, a obediência e a moderação.