Guerra sem fim. Árabes e judeus viveram em paz no passado
Mais uma trégua. Logo a seguir, novos combates surgirão. Israel e Palestina estão envoltos em ciclos de violência sem fim. Nem sempre foi assim. Ao contrário do que muitos pensam - e propagandeiam - os dois povos viveram em paz. Essa é uma guerra recente. Eles coexistiram por lá, de forma relativamente tranquila, até o fim do século XIX, enquanto aquela região era uma província do Império Otomano - um Estado gigante que ocupava quase todo o norte da África, boa parte do Oriente Médio é um pedaço do Leste Europeu.
Derrocada do Império Otomano e o Mandato Britânico.
As desavenças entre árabes e judeus começaram com a derrocada do Império Otomano na Primeira Guerra Mundial. Derrotado pela Tríplice Entente, a aliança militar entre Inglaterra, França e Rússia, o gigante otomano se esfacelou. Nessa época, surgia a Liga das Nações, organização antecessora da ONU. Foi essa Liga que determinou que a região da Palestina, como era chamada a soma do que hoje é Israel e Palestina, fosse entregue aos ingleses. Começava o denominado Mandato Britânico.
A crise inicial era devida ao aumento de judeus.
Àquela época, viviam nesse território algo como um milhão de muçulmanos e 100 mil judeus. No início do governo britânico, milhares de judeus começaram a chegar na região levados por um novo movimento: o sionismo. O sonho sionistas era criar um Estado de Israel em solo palestino. Estima-se que, nos primeiros anos do século passado, chegaram entre 20 e 30 europeus judeus. Na década seguinte, outros 35 mil. E mais 35 mil em poucos anos. A crise demográfica começava.
100 mortos em Jaffa.
O primeiro conflito sangrento ocorreu na cidade de Jaffa, em maio de 1921. Teve como resultado pelo menos uma centena de mortos. Nos anos seguintes, novos distúrbios foram se repetindo. Os choques mortais se tornaram comuns. Disputavam terras e águas, sempre com muitos mortos de saldo.
O massacre de Hebron.
As mortes eram mais ou menos equânimes. Morriam muçulmanos e judeus em números assemelhados, Hebron mudaria tudo. Em 1929, uma chacina de judeus ocorreu nessa cidade. Os árabes mataram nada menos de 69 homens, mulheres e crianças. Um verdadeiro massacre. O motivo: rumores de que os judeus invadiriam o Monte do Templo, lugar sagrado para os muçulmanos. Casas, comércios e sinagogas foram queimadas. Era o prenuncio de dias piores. Que nunca mais cessaram.
5 mil árabes chacinados.
Em seguida, ocorreu aquela que seria a primeira revolta árabe. Até 1939, durante três anos, greves e protestos nas ruas abalaram a região. Um movimento de extrema violência emergiu dos campos. Os alvos eram especialmente os membros do governo inglês, mas também atacaram os judeus. O levante foi brutalmente reprimido. Em torno de 5 mil árabes perderam a vida. Mais de 10% da população islâmica masculina adulta. Essa mesma história vem sendo repetida ano após ano. Mudam apenas os dirigentes e o número de mortos. Não há perspectiva alguma de paz. Só há extremismo. Dos dois lados. Interesses por terras e águas envoltos em falsos mantos religiosos.