Há um muro em construção entre a militância e os dirigentes petistas
A militância petista está no chão.
Nada mais simbólico do que a manifestação de alguns militantes do PT em seu Congresso em Salvador - enquanto a Presidenta Dilma Roussef falava, alguns militantes deitaram no chão. Alguns cochilaram durante o discurso presidencial de 50 minutos. Outro constrangimento para a ex-militante do PDT. E mais, dos 756 delegados presentes no auditório, mais de uma centena deixou o local do evento antes mesmo do término do discurso da presidenta, ainda que a maioria estivesse hospedada no mesmo hotel do evento.
Há um muro em construção entre a militância e os dirigentes. A exceção é o ex-presidente Lula. A militância, em sua maioria, defende uma guinada à esquerda - com taxação das grandes fortunas, retorno da CPMF e dissolução da aliança com partidos "centristas" ou à "direita". Os líderes são defensores da estratégia do "deixa como está".
A indústria de celulose continua em alta.
É difícil de imaginar, mas as ações das principais empresas brasileiras de papel e celulose subiram mais de 30% neste ano. É um desempenho que espelha o comportamento do setor, com forte demanda internacional e anúncios de investimentos bilionários (só no Mato Grosso do Sul serão três novas plantas industriais). Exatamente o contrário do que acontece nos demais setores industriais. A demanda continua superando a oferta no mundo todo por causa do fechamento de fábricas de alto custo no Hemisfério Norte e do consumo crescente de papéis para fins sanitários e embalagens.
As raízes do antipetismo e o papel da oposição.
O antipetismo nasceu com o petismo. Aumentou em 2006, quando as políticas sociais de Lula incomodaram a classe média tradicional. Foi ampliado agora com a crise econômica. Pouco tem a ver com corrupção. Esse é o discurso que justifica o antipetismo. No auge da maior crise ética do petismo - o mensalão - Lula foi reeleito. Só que agora, ao lado do antipetismo há a fragmentação da base social petista porque Dilma fez um ajuste fiscal contra sua própria base, atacando direitos sociais e trabalhistas.
Há um fator determinante que deixou de ser debatido - o PT montou seu governo sob um "pacto social-rentista". E o que vem a ser esse pacto? Ele melhorou a vida dos muito pobres e garantiu super lucros ao sistema financeiro, aos bancos. A classe média não ganhou nada com isso, no máximo ganhou muito pouco. Há uma base material para sua insatisfação. A classe média brasileira também tem um medo histórico de se aproximar dos mais pobres.
Agora soma-se a economia em crise e a "nova classe média", gerada pelo petismo, perdendo direitos, a insatisfação vira raiva. Essa imensa parcela da população voltou-se contra o petismo. Os resultados eleitorais de 2016 mostrarão uma queda de votos para o PT. O desastre só não é maior porque a oposição não apresenta um programa alternativo ao que está sendo conduzido pelo governo federal.
Dinheiro estrangeiro para o pacote de concessões do governo federal.
O pacote do governo federal de concessões chega em meio a um clima de desânimo no Brasil, mas para o investidor estrangeiro alguns fatores jogam a favor e elevam o interesse nos projetos colocados à mesa de negociações. Há um apetite maior entre os estrangeiros para participar da nova rodada de concessões em infraestrutura, especialmente em parcerias com empresas de médio porte brasileiras. A desvalorização cambial é fator decisivo para os investidores e deve encorajar asiáticos, europeus e norte-americanos a marcar presença mais forte nas licitações. Fundos de pensão seguradoras e fundos mútuos estrangeiros mantêm um cofre com US$ 90 trilhões para bons investimentos. Dinheiro e apetite eles tem. Mas não podem sofrer restrições nas regras das licitações (que desde a ditadura militar criou uma reserva de mercado para as empreiteiras brasileiras).
Procurador da República: a "vendeta" dos políticos.
A vingança está pronta. Janot, o procurador que procurou os mal feitos dos políticos terá seu nome passado em uma máquina de "moer carne". Na mira dos raivosos políticos acossados pela operação Lava Jato, o Ministério Público Federal inicia o processo de escolha de seu chefe para o biênio 2015-2017. Rodrigo Janot é o favorito entre seus pares. Ao todo, cinco procuradores devem concorrer às eleições internas do ministério. Após o processo de inscrição, a eleição deverá ocorrer no dia 05 de agosto. Os três que obtiverem mais votos serão levados à apreciação de Dilma Roussef. Depois, o escolhido passará pela análise do Senado que terá de aprová-lo (ou rejeitá-lo) com o aval de pelo menos 41 dos 81 parlamentares. É importante recordar que Janot está investigando 49 políticos e ninguém duvida que a "vendeta" está sendo preparada. Vamos ouvir um barulho colossal.