Hotel Campo Grande: ao invés de moradia, hospital
Dia 03 de julho de 2019. O prefeito Marcos Trad e o Secretário de Saúde, José Mauro Filho, reuniram, em Brasília, com o Ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta. A reunião teve como motivo a apresentação do projeto para a construção de um hospital que pertencesse à prefeitura da capital.
Conforme o prefeito, o projeto foi bem recebido pelo ministro, "que deu sinalização positiva para o município". À partir dessa data, a prefeitura "iniciaria os levantamentos de viabilidade econômica e assistencial para iniciar a construção do hospital e colocá-lo em pleno funcionamento". Durante esse processo, será criado um comitê com a participação do Conselho de Saúde.
O Secretário de Saúde ainda ressaltou que "o investimento é alto, o que justifica a necessidade de apresentar um bom projeto". A notícia é alvissareira, ainda que poucos nela acreditaram. Não resta dúvida que construir e manter um hospital público é altamente oneroso para os cofres públicos.
Um hospital também é hotelaria.
A hotelaria hospitalar visa a satisfação de todas as necessidades do paciente bem como a integridade física, a privacidade e a individualidade. Esse é o princípio norteador para a construção da parte hoteleira de um hospital.
Ainda que jogado às traças e cupins por dois decênios, o ex-Hotel Campo Grande dispõe da estrutura necessária para, com uma reforma de poucos gastos, transformar-se em um hospital de tamanho médio. Tamanho condizente com os valores que serão empregados para sua manutenção.
Não é exequível projetar um imenso hospital municipal que viva no caos - e do caos - como a Santa Casa. Bastaria algo como 70 leitos, 30 salas de emergência e 10 de UTI para que o centro e os respectivos bairros próximos vissem bem equacionadas as necessidades de um hospital.
A gigantesca dívida de IPTU.
As famílias que detêm a propriedade do Hotel Campo Grande devem dezenas de milhões de reais aos cofres públicos. Essa é uma dívida que não será resolvida. Está morta. Ninguém colocará dinheiro bom em investimento ruim.
O prédio do hotel, ainda que tenha papel importante em nossa história, não teve um só interessado ao longo das duas décadas em que está fechado. Não é possível sonhar que algum investidor venha a adquirí-lo. A única alternativa é o acerto de contas com a prefeitura. Seus proprietários sabem dessa verdade.
Os comerciantes estão contra a transformação em moradia.
Meia dúzia de comerciantes consultados resultou em uma surpresa. Todos, sem exceção, postaram-se contra a transformação do prédio do hotel em moradia popular. E estão dispostos a travar uma guerra. É óbvio que há uma boa dose de preconceito social.
Mas também é indubitável que os comerciantes aspiram por melhores possibilidades de ganhos. Querem faturar. Essa é a premissa fundamental que não estão enxergando com a ideia das moradias. E não há um só motivo para que a prefeitura não os ouça e atenda.
Uma estrutura hospitalar resolveria vários problemas. Facilitaria para o ministro a liberação de verba - em um país em recessão - que certamente deseja. Melhoraria a oferta de leitos hospitalares para a cidade e traria a comunhão de comerciantes e prefeito.
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