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Em Pauta

Médicos Sem Fronteiras e Cruz Vermelha, a medicina humanitária

Mário Sérgio Lorenzetto | 28/05/2021 06:22
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Essa história começa durante as guerras napoleônicas. Dominique Larrey, barão e cirurgião-chefe da guarda de Napoleão, teve uma ideia inovadora: um ferido não tem uniforme, dizia. Para ele, um médico deveria tratar os doentes franceses em igualdade a um russo, um austríaco ou inglês. Visionário e humanista.


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A generosidade o salvou.

Tudo que vai, volta. A ideia generosa desse barão salvou sua vida. Na batalha de Waterloo, o barão foi tomado prisioneiro pelos prussianos. Levaram-no para a execução. Em circunstâncias dignas de um romance, ele foi reconhecido por um marechal. Este lembrou, no último instante, que o barão salvara a vida de seu filho. O barão voltou para casa. A história merece ser contada....


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A batalha de Solferino mudou o mundo.

Em junho de 1859, ocorreu a batalha de Solferino. Uma batalha desordenada, em condições difíceis, debaixo de um sol escaldante. Ceifou a vida de 40 mil soldados. O socorro foi mal organizado. As ideias do barão ainda estavam verdes. Milhares morreram por falta de atendimento. Mas um jovem banqueiro suíço visitou o campo de batalha e de lá, saiu horrorizado. Começou a organizar os primeiros socorros. Seu nome era Henry Dunant. Dessa experiência, publicou um livro que abalou a Europa. "Un souvenir de Solferino", uma lembrança de Solferino, virou um best-seller e mudou o mundo. Nascia a Cruz Vermelha.


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Do fracasso do movimento estudantil de 1968 nasceu o Médicos Sem Fronteiras.

Seria preciso esperar até 1968 para que uma segunda onda de medicina humanitária viesse à luz. A crítica à Cruz Vermelha era que ela só atendia os feridos e doentes de países que solicitassem seus préstimos. E haviam muitos que não admitiam essa "ingerência ". O princípio do Médicos Sem Fronteiras é exatamente o de ingerir em todos os lugares que deles necessitassem, sem pedido algum. Biafra mudaria os rumos da medicina humanitária.


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As crianças de Biafra.

Meia dúzia de jovens médicos, saídos das refregas do movimento estudantil francês de 1968, viram na televisão em preto e branco, as silhuetas de barrigas inchadas e dos membros descarnados das crianças de Biafra. Os olhos muito abertos das crianças do povo "Ibo", voltados para o horror de uma terrível guerra civil, não tinham como não mobilizar aqueles que não aceitam injustiças. Da desilusão nasceu a esperança. Max Récamier, Raymond Borel, Bernard Kouchner, Xavier Emanuelle e Philippe Bernier fundaram um grupo que faria a necessária "ingerência" na Biafra das crianças indefesas. E ainda socorreria as vítimas de uma inundação no Paquistão. Só faltava batizar essa associação de médicos. Surgiu um impasse entre eles. Alguns queriam denominar a associação de "Socorro Medico", outros, de "Urgências Internacionais". O toque de gênio veio de Bernier  que sugeriu "Médicos Sem Fronteiras ".

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