Na Proclamação lutaram por um país com Corumbá de capital
Sem telefone ou telégrafo, a pequena população da então Província unida do Mato Grosso levou 24 dias vivendo ainda como súditos de Pedro II, sem saber que a família real tinha sido destronada e rumava para a Europa. O povo só saberia da novidade no dia 9 de dezembro e foi virar capa de jornal no dia 12 desse mês. Vivíamos isolados. As notícias do Rio de Janeiro e de São Paulo, só chegavam uma vez por mês. A Proclamação causou alvoroço.
Virava Estado e nomeava António Maria Coelho.
A notícia chegou em um barco de madrugada. Era apenas uma hora da madrugada. Três militares correram para acordar o diretor do jornal "A Gazeta" e, juntos, foram avisar o novo chefe desta região do país. António Maria Coelho fora lembrado pelos militares do Rio de Janeiro para administrar este Estado ainda uno. O discurso do novo governador comemorava a adesão de Cuiabá e Corumbá à República " sem sangue, sem protesto, porque significa liberdade, fraternidade e justiça".
Uma região decadente.
Esta era uma região decadente do país. Sem a extração do ouro, tanto a população como a economia não paravam de decair. Ainda que houvesse clara adesão do povo à República, a insatisfação era generalizada, tanto no meio civil como entre militares. Pouco depois, tanto em Cuiabá como em Corumbá, surgiram movimentos para a tomada do poder.
República Transatlântica, capital Corumbá.
Em 31 de março de 1892, os militares cogitaram a criação de um novo país. Seria chamado de República Transatlântica ou de Estado Livre de Mato Grosso. O presidente brasileiro Floriano Peixoto mandou ocupar o Forte Coimbra e acabar com o movimento separatista. O Partido Nacional, em Corumbá, chegou a pegar em armas e depôs o intendente. Um coronel, denominado João Batista Barbosa, aproveitando da instabilidade, desejou obter vantagens pessoais e investiu-se do comando do exército em Corumbá. Garantia que conseguiria apoio dos países vizinhos, notadamente da Argentina, e ainda conseguiria dinheiro da Inglaterra. Era tudo mentira. João Batista Barbosa não conseguiu manter o apoio dos belicosos e tudo voltou ao normal. Corumbá não seria capital de um novo país.