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Em Pauta

Na República de Moro, Lula é professor

Mário Sérgio Lorenzetto | 02/06/2017 07:11
Na República de Moro, Lula é professor

O principal Hospital de Oncologia de Curitiba é um exemplo de organização e bom trato de pacientes. Para lá afluem a maioria dos pacientes do interior do Paraná. Mas, mesmo um bom hospital brasileiro preserva as mazelas do Brasil dos Imperadores - há segregação social nas salas de triagem. Existe porta para a entrada de pacientes do SUS, pessoas humildes; e porta para entrada de pacientes com convênios e particulares, gente da classe média e mais abastados. É na entrada para a população da longínqua periferia que ocorreu a surpreendente conversa. A cena é esclarecedora de um país que não pertence tão somente a coxinhas e mortadelas, um país que pensa por si próprio, que não segue os preceitos ditados pelo Jornal Nacional, GloboNews e grande imprensa. Repito: dentro do Brasil, existe um país independente.

A cena é montada por 6 homens e 1 mulher. Todos pacientes do SUS, aguardando a triagem para verificação de seus tumores.

O argumento de um homem de aproximadamente 45 anos, branco, alfabetizado é de que "Lula é o professor. Aprendeu a tirar dinheiro e ensinou aos outros". Ninguém se abala. Não há revolta ou atitude de cumplicidade com a "bomba". Para esse senhor, Lula não só usufruiu, como ensinou aos outros políticos os caminhos do dinheiro. Mas acalmem-se mortadelas, esperem o desfecho.
Todos balançam as cabeças, em sinal de concordância. Murmúrios de aprovação. E ele continua:

"Mas ninguém cuidou tanto de nós como o Lula. Só vivemos bem na época dele." Outro senhor, um pouco mais velho, complementa: "Temos de convencer o nosso Moro para não prender o Lula". O Moro é deles, assim como o Lula. Deu um nó na cabeça. Eles entendem que o apartamento "tri-não-sei-o-que" (triplex) e o sítio "não-sei-de-onde" (Atibaia) é "o mínimo que o Brasil deveria dar para o Lula". E buscam a concordância dos demais: "você não daria 10 pilas (pila é sinônimo de dinheiro para o curitibano, seria algo como dez reais) para ajudar o Lula comprar sua casinha?". Entra a senhora em cena. "vou rezar para que o nosso Moro (a alusão ao Moro é sempre precedida do orgulhoso "nosso") livre o Lula da cadeia e desses políticos sangue-sugas". Entenderam?

Na República de Moro, Lula é professor

O paradoxo de Temer

Temer, quanto mais impopular fica, mais depende do apoio das forças "do mercado" para se sustentar, e estas forças demandam apenas mais e mais reformas impopulares, tornando Temer ainda mais impopular. Um circuito fechado se formou.

Como parte importante das mudanças depende dos votos dos congressistas, que pensam em se reeleger (ou trocar Temer por um de seus membros, mais vulnerável aos anseios e expectativas dos parlamentares) aumentam as resistências e a ânsia em acelerar o processo. Um governo fraco, sem eleições populares, só pode ser trocado por outro ainda mais fraco. Imaginem um governo federal tocado por um Rodrigo Maia. Será uma Babel dantesca. Não parem de imaginar, pensem em trocas no caso do Mato Grosso do Sul... Afastem o cálice cheio de fel.

Na República de Moro, Lula é professor

Os países mais endividados do mundo

Os Estados Unidos, o Japão e a China lideram a lista dos países mais endividados do mundo em valores nominais. EUA devem 17 trilhões de euros, o Japão deve 9 trilhões e a China 4 trilhões de euros. Em porcentagem do PIB, o ranking é liderado pelo Japão (deve 237% do PIB), Grécia (179%) e Eritréia (174%). Os dados são do "datosmacro.com", uma equipe de economistas-jornalistas considerada expert no assunto. O Brasil está em uma posição razoável quando comparada sua situação com os demais países - deve 1 trilhão de euros e a relação da dívida com o PIB é de 78%, isto significa que não devemos nem mesmo a produção de toda a riqueza que produzimos em um ano. Esse não é o nosso maior problema econômico. A grande crise é de credibilidade. Todos os capitalistas do mundo desejam investir em nosso imenso mercado, mas, tal como muitos brasileiros, não acreditam em nossas leis, regras e, principalmente nas instituições.

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