O cinema e a reforma da educação de Temer
Somos todos filhos do cinema. Advogados, jornalistas, publicitários, médicos, engenheiros, pipoqueiros, carteiros, banqueiros, garçons. A nossa própria noção de realidade e fantasia foi moldada por esse invento.
Eis que leio que a Argentina estuda adotar o cinema como disciplina obrigatória na escola primária. Mais: tal já ocorre na França. O espanto advém da constatação de que, por incrível que pareça, o cinema não é ensinado nas escolas de todos os demais países do mundo. E deveria.
Como é que nunca pensei nisso antes? Como algo tão necessário, como é necessária a alfabetização, não é sequer cogitado? Lembremo-nos que os governos tem o monopólio sobre a educação... e sobre a ignorância.
Sei que o país tem outras prioridades. O governo está certo em colocar em outro patamar Português, Matemática e Inglês. Se pensasse sob as exigências do século XXI, acrescentaria Programação de Computadores. Mas, em algum tempo, as crianças precisam estudar cinema. Se pensar direito, o simples ato de mostrar às pessoas que existem alternativas plausíveis às realidades em que elas vivem é, em si, revolucionário. Só assim, conectados com nosso século, teremos melhores cidadãos do mundo e não da roça a que fomos submetidos por tanto tempo.
Salve o feijão com arroz
A tendência é clara e não tem nada a ver com os preços exorbitantes atuais do feijão e do arroz. No levantamento nacional mais recente e completo que existe sobre o consumo feito pelo IBGE, de 2008 a 2009, os resultados apontam um queda elevada do tradicional hábito alimentar do brasileiro. No levantamento de 2002 a 2003, cada brasileiro consumia 24 quilos de arroz, no estudo seguinte, passou a consumir tão somente 14 quilos de arroz. Queda elevada de 40%. O feijão ainda se saiu um pouco melhor. Perdeu consideráveis 26%, saindo de 12 quilos per capita, para 9 quilos.
O desprestígio é puxado principalmente pelos hábitos novos dos consumidores com mais dinheiro. A ingestão diária de arroz é de 168 gramas por pessoa nas famílias com renda per capita de até R$296, enquanto na faixa acima de R$1.89 fica apenas em 129 gramas. No caso do arroz, são 195 gramas no grupo mais pobre e 127 gramas no com mais dinheiro. Quem sai ganhando no consumo alimentar nacional são os pães, embutidos e biscoitos.
O arroz com feijão continuará caro
O arroz com feijão, a dupla de alimentos mais consumida pelos brasileiros, maltratou as finanças domésticas. É certo que até janeiro não haverá mudança significativa. O preço do feijão carioca subiu 150% e o arroz teve alta de 11%. Mesmo com preços tão elevados os agricultores preferem plantar soja e milho. Afirmam que, a soja e o milho, são mais estáveis, tem mercado futuro, tem compradores garantidos no exterior e, ainda, poucas indústrias e fornecedores oferecem ajuda financeira ao produtor (barter).
A primeira das três safras de feijão deverá ocupar 1 milhão de hectares, 10% a mais que a safra anterior, mas ela corresponde a 33% a menos que a do verão de 2006/2007. Cresceu, mas não abastecerá o mercado inteiro. Para o arroz o horizonte é ainda mais sombrio. Com a quebra da última safra, estimada em 16%, muitos produtores gaúchos ( plantam 70% do arroz nacional) ficaram descapitalizados e endividados. Calculam que o plantio de arroz ocupará os mesmos 1,1 milhão de hectares dos últimos anos.