Mundo de ilusão: não sabem o que é vaca ou como fazer aço
Por Mário Sérgio Lorenzetto | 28/02/2025 07:20
Desde o ano de 2007, mais da metade da humanidade vive em grandes cidades. Número que passa de 80% nos países ricos. Os empregos, cada vez mais, se concentram principalmente no ramo de serviços. Portanto, a maioria dos habitantes urbanos modernos está desconectada não apenas da maneira como produzimos nossos alimentos, mas também do modo como construímos nossas máquinas. Eles não sabem o que é uma vaca - imaginam que o leite nasce em um frasco de papelão. Nem imaginam como fazem o aço - necessário para industrializar o celular, que passou a ser um novo membro do corpo humano. Vivem em um mundo de ilusão.
Adiós fazendeiros!
Vivemos em uma das raras regiões do planeta onde as atividades rurais são minimamente conhecidas. Nos Estados Unidos, por exemplo, há apenas três milhões de homens e mulheres proprietários e trabalhadores no campo, diretamente envolvidos na produção de alimentos. Aquelas “estranhas” pessoas que de fato aram os campos, plantam as sementes, aplicam os odiados fertilizantes, retiram ervas daninhas, colhem as lavouras e cuidam dos animais. Isso representa menos de 1% da população norte-americana. Eles não tem a vaga noção sobre o pão que comem ou se um porquinho se torna costela em semanas ou anos.
Vivemos em uma das raras regiões do planeta onde as atividades rurais são minimamente conhecidas. Nos Estados Unidos, por exemplo, há apenas três milhões de homens e mulheres proprietários e trabalhadores no campo, diretamente envolvidos na produção de alimentos. Aquelas “estranhas” pessoas que de fato aram os campos, plantam as sementes, aplicam os odiados fertilizantes, retiram ervas daninhas, colhem as lavouras e cuidam dos animais. Isso representa menos de 1% da população norte-americana. Eles não tem a vaga noção sobre o pão que comem ou se um porquinho se torna costela em semanas ou anos.
Aço? O que é isso?
No grande adversário dos EUA, a China é o maior produtor mundial de aço: quase um bilhão de toneladas anuais. Mas essa enormidade de aço é feita tão somente por 0,25% dos 1,4 bilhão de habitantes do país. Apenas uma diminuta porcentagem da população chinesa chegará perto de um alto-forno ou verá uma máquina que faz lingotes e suas faixas vermelhas de aço quente em movimento. E essa desconexão com a realidade acontece em todo o mundo. Qual sul-mato-grossense sabe como é feita uma folha de papel sulfite, para não irmos tão longe? E é incrível saber que somos um dos maiores produtores mundiais de papel.
No grande adversário dos EUA, a China é o maior produtor mundial de aço: quase um bilhão de toneladas anuais. Mas essa enormidade de aço é feita tão somente por 0,25% dos 1,4 bilhão de habitantes do país. Apenas uma diminuta porcentagem da população chinesa chegará perto de um alto-forno ou verá uma máquina que faz lingotes e suas faixas vermelhas de aço quente em movimento. E essa desconexão com a realidade acontece em todo o mundo. Qual sul-mato-grossense sabe como é feita uma folha de papel sulfite, para não irmos tão longe? E é incrível saber que somos um dos maiores produtores mundiais de papel.
As novas profissões estão afastadas da realidade.
As melhores mentes do Mato Grosso do Sul - e do mundo - estão cada vez mais distanciadas das ciências do solo, do campo. Nem tentam fazer um cimento de melhor qualidade, aliás, nem sabem onde é feito. Em vez disso, o que as atrai é lidar com informações etéreas. De advogados a economistas, de programadores a gerentes financeiros, os ganhos são centenas de vezes mais altos para funções completamente afastadas das realidades da vida no planeta. Aliás, essa adoração aos dados de celulares e computadores fez com que acreditem que as antigas necessidades materiais serão resolvidas pela agricultura urbana ou pela “terraformação“ de Marte. Ingênuos. Vivem em um mundo de fantasias. Não sabem que nem uma só pessoa que esteja lendo este texto - e nenhuma outra na face da Terra - se mudará para Marte. No outro lado da equação da vida, suprir as necessidades existenciais será uma tarefa cada vez mais desafiadora, desvalorizada. O mundo entrou em parafuso. Parafuso de celular, daqueles que não foram feitos para abrir.
As melhores mentes do Mato Grosso do Sul - e do mundo - estão cada vez mais distanciadas das ciências do solo, do campo. Nem tentam fazer um cimento de melhor qualidade, aliás, nem sabem onde é feito. Em vez disso, o que as atrai é lidar com informações etéreas. De advogados a economistas, de programadores a gerentes financeiros, os ganhos são centenas de vezes mais altos para funções completamente afastadas das realidades da vida no planeta. Aliás, essa adoração aos dados de celulares e computadores fez com que acreditem que as antigas necessidades materiais serão resolvidas pela agricultura urbana ou pela “terraformação“ de Marte. Ingênuos. Vivem em um mundo de fantasias. Não sabem que nem uma só pessoa que esteja lendo este texto - e nenhuma outra na face da Terra - se mudará para Marte. No outro lado da equação da vida, suprir as necessidades existenciais será uma tarefa cada vez mais desafiadora, desvalorizada. O mundo entrou em parafuso. Parafuso de celular, daqueles que não foram feitos para abrir.
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