O Governo Azambuja e o ‘efeito sanfona’ de cargos comissionados
O Governo Azambuja e o "efeito sanfona"
Funciona como a obesidade para os governantes de qualquer Município, Estado e mesmo para a União. O número de servidores ocupando postos de livre nomeação, os famosos cargos comissionados, "engordam" e "emagrecem" ao longo do período para que os dirigentes foram eleitos. Diminuem de tamanho, quase sempre, no início (funciona como os votos de final de ano: no próximo emagrecerei) e gradativamente vão recebendo mais e mais calorias - pedidos especialmente dos chefes e dos secretários que ganharam cadeira cativa por quatro anos e de uma miríade de políticos e amigos - chegando a algum grau de "obesidade" na hora de ir embora. É o "efeito sanfona" das nomeações: engorda, emagrece e volta a engordar. Também é bastante comum tal movimentação de engordar e emagrecer por vezes diversas ao longo dos quatro anos. O chefe governante acredita que algo tem de ser economizado? Busca a tesoura e determina, linearmente, o corte de 10%, 15% ou 20% no número de contratados. É injusto. Muitos órgãos contam com uma obesidade extremada e outros vivem em raquitismo haitiano. Quando chega a tesoura, eles permanecerão com a mesma situação: os muito obesos continuarão com excessos e os raquíticos tenderão à morte.
Nunca neste país, ao longo das milhares e milhares de vezes que cortaram os cargos comissionados, alguém se preocupou em realizar um estudo detalhado dos cortes de gordura. Nunca. Há sempre pressa e o credo de ser uma boa jogada de marketing e poderá resultar em alguma economia. É quase sempre irrisória.
Os problemas reais e de dificílima administração das folhas de pagamento de órgãos públicos estão especialmente em dois outros itens - aposentadorias e direitos dos servidores (que somente eles têm e ninguém mais na sociedade). O novo governante corta tudo e mais um pouco, até seu próprio salário e quando vai verificar... a folha de pessoal ficou ainda mais cara. Mas, ô diabos!! O que houve, estão roubando? Não, meu caro governante, quando se demite alguém há o caro ônus dos direitos que poderiam ser pagos no futuro distante e têm de ser quitados agora. “E ninguém me avisou”, brada, aos ventos e todas as forças furiosas da natureza, o novo governante. Mas como avisar de algo que os novos administradores desconheciam. Sim, está é a triste e cruel verdade -
provavelmente a folha de pessoal custará ainda mais cara antes de baratear um pouquinho. E vamos a mais um "efeito sanfona".
O ideal da meritocracia
O ideal meritocrático, um governo que enfatize talento, educação formal e competência, remonta à Antiguidade chinesa. Confúcio (que viveu no ano 551 antes de Cristo) e outro célebre pensador chinês - Han Fei –, se não são seus criadores, são seus maiores divulgadores e apologistas. Sim, a meritocracia é uma ideia original de mais de 2.000 anos atrás. Esteve meio sumida, afinal, os chineses também andaram meio por baixo ao longo dos últimos dois séculos. Retornou, no mundo ocidental, com um livrinho sem maior importância de Michael Young, em 1958 (Rise of the Meritocracy). E não sai mais da prateleira dos melhores governantes desde então. Mesmo que seja apenas para efeito de marketing. Poucos, ou melhor raríssimos governantes, conseguiram implantar um sistema meritocrático efetivo. Ainda hoje, apenas a Finlândia, e mais recentemente Cingapura, obtiveram algum resultado real e verdadeiro quando se trata de nações.
Novos governantes devem começar ontem
Em 2008, a Secretaria de Fazenda do Estado de Mato Grosso do Sul colocou todas suas engrenagens para descobrir uma experiência de meritocracia efetiva em algum órgão de governos estaduais. Nada encontrou. Apenas efeitos de marketing. Em Minas Gerais, um "tijolo", um livro com muitas páginas, propagandeava as benesses de um "Choque de Gestão". O livro grosso estava cheio de vento. Mas, ali ao lado, na Fundação Dom Cabral estava a tentativa de solução. Após muitos conflitos, essa Fundação aceitou a dura missão de auxiliar na implantação da meritocracia. Sabiam do tamanho do desafio e o quanto um insucesso poderia macular a imagem dessa que é a maior e mais competente organização que estuda todos os tipos de administração.
Passaram-se seis anos e, somente no fim de 2014, a Fundação Dom Cabral e os dirigentes da Secretaria de Fazenda entenderam como findo o processo de implantação da meritocracia. Ela veio sendo implantada, paulatinamente, ao longo dos anos, e produzindo bons frutos, e chegou à setorização, quando cada setor, cada departamento, cada unidade, começa a trabalhar sob o regime da meritocracia (cada departamento foi estudado, mapeado e foram criados métodos e fórmulas científicas para se chegar à justa
remuneração). Mas a implantação da meritocracia, para chegar ao nível de cada indivíduo, é um imenso "parto da montanha" e ainda terá de ser levado à prática para ser homologado e referendado.
Em suma, um governo que deseje implantar meritocracia em uma só secretaria deve começa a trabalhar ontem, pois hoje pode ser muito tarde. Imaginem em todas as secretarias. Mas, a intenção, se bem conduzida, poderá ser o maior legado dos novos governantes.
Água potável no obituário ou planejamento eficiente?
Aqui jaz um lago. Aqui jaz um rio. Aqui jaz um córrego. Será este o futuro da água potável no mundo? Parece que sim. O Mar de Aral, o super lago que fica entre o Cazaquistão e o Uzbequistão, caminha velozmente para a aniquilação. O rio Colorado, que atravessa os Estado Unidos, ainda está vivo. Vivo, mas de uma tibieza que não lhe permite desaguar no mar. O Lago Chade era uma referência até para os astronautas em órbita na Terra. Era. Perdeu, em poucos anos, mais de 95% do seu tamanho original. O São Francisco, orgulho de mineiros e nordestinos, o velho rio da integração nacional, está fraco e virou uma pequena corrente de água. São Paulo, Minas Gerais e o Rio de Janeiro vivem, de vez em quando, os maiores "perrengues" meteorológicos. A passada foi a maior estiagem em todos os 84 anos de acompanhamento.
Empresas começam a parar, o custo da energia se elevará, a população terá trabalhos e despesas, no mínimo, dobradas para conseguir se manter com a água potável. Nós, do Mato Grosso do Sul, vivemos da mesma ilusão que aqueles que viviam nas bordas do Lago do Chade ou do Mar de Aral ou às expensas do São Francisco: temos uma imensa reserva de água constituída principalmente pelo Rio Paraguai, Rio Paraná e o Aquífero Guarani. Todavia, não existe planejamento para a utilização correta desses mananciais. Aliás, não existe planejamento algum. Será que não aprenderemos com o péssimo exemplo dos outros?