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Em Pauta

O grande poder das fofocas. Somos feitos para ser bons

Mário Sérgio Lorenzetto | 14/07/2022 06:30
Campo Grande News - Conteúdo de Verdade

Em um estudo científico descobriu-se que o ser humano prefere dormir o mais distante possível da porta do dormitório. Também escolhe ter a cama em um lugar onde possa reagir caso um estranho entre. É como se ainda vivêssemos em uma cova, atentos a possíveis ataques cometidos por predadores noturnos.


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Ataques da savana e reações a histórias.

Do mesmo modo, os nossos reflexos nos seguem preparando para os ataques da savana africana: quando alguém nos aborda pelas costas, reagimos como se um animal nos agredisse pelas costas. São impulsos primitivos que arrastamos através de milhares de anos de evolução. São esses mesmos impulsos que condicionam nossas reações quando temos conhecimento de histórias de bons e maus, porque delas depende nossa sobrevivência.


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O grande poder da fofoca, agora denominada fake news.

Nossos ancestrais, aqueles que se agrupavam em tribos há milhares de anos, tentavam se organizar igualitariamente graças ao poder da fofoca. Quando um rumor afetava alguém que havia colocado os interesses do grupo acima dos seus, uma onda de bons sentimentos inundava os receptores desse rumor. Quando a fofoca delatava alguém que havia colocado seus interesses acima dos interesses do grupo, uma emoção levava o grupo a castigá-lo mediante a humilhação. Naqueles tempos, a narrativa de uma história era a justiça. Milhares de anos depois, e depois de tentar - sem êxito - com as leis, inventaram o Twitter, Instagram e demais redes sociais. E com elas, veio a força da lei das fofocas, o poder avassalador das fake news, subtraído das leis e dos julgadores.


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Somos programados para ser bons.

Com redes sociais nos julgando ou não, tudo é passageiro. Somos e continuaremos a ser programados para ser bons. Em um estudo referenciado no "The Domesticated Brain" de Bruce Hood, uma marionete agia como um ladrão tentando abrir uma caixa, outra a ajudava a abri-la e uma terceira impedia a abertura. Bebês de oito meses escolhiam ser a terceira marionete, a que impedia o mal sair da caixa. Existe uma relação direta com nossa saúde mental e física com a percepção que os demais tem de nós. Essa é uma obsessão que carregamos desde a mais tenra infância. Por isso, as fofocas do homem das cavernas passou para os jornais sob a forma de julgar os poderosos e os infratores, especialmente de pessoas de alto status. Não é novo e nem exclusivo dos humanos.


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Entre grilos e corvos.

Os grilos contam suas vitórias e fracassos contra rivais da mesma espécie. São intensamente fofoqueiros. Ouça o som de suas conversas, ainda que nada entendam de sua linguagem. Os corvos não só estão atentos às fofocas que contam os bandos vizinhos, como prestam ainda mais atenção quando ouvem uma história de algum pássaro que perdeu status.

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