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Em Pauta

Os incêndios de Halloween e a queima do joio

Mário Sérgio Lorenzetto | 31/10/2019 06:28
Os incêndios de Halloween e a queima do joio

O Dia das Bruxas, que conhecemos atualmente, tomou forma por volta de 1.500. Foi nessa época que as fogueiras na Irlanda e na Escócia tornaram-se populares. Enquanto portugueses e espanhóis aportavam no Brasil, irlandeses e escoceses iniciavam uma antiga prática dos indígenas brasileiros: tocar fogo em ervas daninhas. Por lá, passaram a queimar o joio, celebrando o fim da colheita. Para os cristãos, o "joio" é uma palavra conhecida. Porém, poucos sabem que essa planta, denominada "Lolium temulentum", é muito parecida com o trigo, tem inclusive espigas. Esse joio precisava ser eliminado no fim da colheita. Ao invés de retirá-lo manualmente, ateavam fogo no campo.

Os incêndios de Halloween e a queima do joio

Repelir bruxarias e o rumo das almas cristãs.

As fogueiras ardiam não apenas para eliminar o joio, mas também para que descobrissem o rumo que as almas cristãs seguiriam. Os incêndios também serviriam para repelir bruxarias e a peste negra. Estranho credo, aquilo que tem início para repelir bruxas, acaba se tornando uma festa em sua honra.

Os incêndios de Halloween e a queima do joio

Quem será o marido? Rituais de adivinhação.

Outro costume do Halloween era o de prever o futuro. Mas só se interessavam por duas adivinhações: a data da morte e o nome do futuro marido. O ritual de adivinhação envolvia a agricultura. Um adivinho puxava uma couve ou um repolho do solo acreditando que seu formato e sabor forneciam pistas cruciais sobre a profissão e a personalidade do futuro cônjuge.
Outro ritual era o de pescar com a boca maçãs marcadas com as letras iniciais dos nomes de diversos solteiros da região. Também faziam uma "leitura de cascas de nozes" para adivinhar o futuro. Ainda havia quem afirmava que tinha o "dom" de olhar no espelho e se comunicar com espíritos que revelavam a face da pessoa que amariam no futuro.

Os incêndios de Halloween e a queima do joio

Crianças orando para as almas dos mortos.

Comer era um componente importante do Halloween. Um dos hábitos mais característicos envolvia crianças. Iam de casa em casa cantando rimas ou rezando para as almas dos mortos. Em troca, recebiam bolos de boa sorte. Esses bolos representavam o espiadela de uma pessoa que tinha conseguido sair do purgatório para o paraíso.

Os incêndios de Halloween e a queima do joio

A Grande Fome na Irlanda e Escócia.

A partir de 1845 começou a emigração de um milhão de irlandeses e escoceses para os Estados Unidos. Era o período chamado de Grande Fome. Com suas práticas, tinham destruído o solo de suas terras.
Não é coincidência que as primeiras referências ao Halloween apareceram nos EUA pouco depois. Uma revista feminina descreveu, pela primeira vez, o que chamou de "feriado inglês".
Mas esse feriado inglês tomou novas formas. O nabo irlandês, esculpido nessa data, foi substituído pela abóbora norte americana. A couve e o repolho foram trocados pelas maçãs. O milho, uma das mais importantes culturas dos Estados Unidos, entrou com tudo na festa. Virou espantalho. Uma lenda sobre um ferreiro chamado Jack, que conseguiu ser mais esperto que o diabo, deu origem às luminárias feitas com abóboras.

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