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Em Pauta

Os milhões para retirar as pedras de Concepción que atrapalham os transportes

Mário Sérgio Lorenzetto | 19/01/2015 07:53
Os milhões para retirar as pedras de Concepción que atrapalham os transportes

As pedras de Concepción e a preocupação ambiental são os grandes problemas para a hidrovia do Rio Paraguai

A angústia dos produtores rurais e de muitas indústrias do Mato Grosso do Sul aumenta ano após ano com o problema do transporte rodoviário. Os antigos governantes estudaram e lutaram por algumas alternativas: ferrovias, a saída pela Bolívia e as hidrovias. Quase todas custam imensas fortunas e dependem exclusivamente do governo federal. É óbvio que as relações "republicanas" entre os novos governantes, tucanos e petistas, cabem muito bem em floreados discursos. Mas, na prática domina a incredulidade. Pior ainda se tentar levar adiante todos os projetos. Centrando em um só dentre eles, talvez surja alguma esperança.

A saída pela Bolívia tem uma barreira natural entre Santa Cruz de la Sierra e Cochabamba que necessita da construção de túneis e a eterna disputa por demarcação de fronteiras entre esse país e o Chile. São problemas de difícil solução. É a mais difícil alternativa.

As ferrovias planejadas e prometidas pelo governo federal custam imensas fortunas e até hoje não saíram dos discursos. Com a economia nacional em dificuldades e com os cortes nas receitas ministeriais são boas alternativas para permanecerem apenas nos discursos das autoridades.

A hidrovia Paraná-Tietê guarda uma importância histórica de vulto. Por esse caminho vieram muitos dos primeiros paulistas que participaram da colonização do Mato Grosso do Sul. É um importante marco histórico. Como alternativa atual para a saída da safra e de produtos industrializados, tem de transpor vários diques construídos pelas hidrelétricas. Deixarão quebrar diques com os problemas de água e energia que São Paulo está enfrentando? É uma boa história.

Resta a hidrovia do Rio Paraguai. Esse caminho terá de enfrentar três problemas. O primeiro e menos importante é o acordo feito entre seus interessados: Brasil, Bolívia, Paraguai, Argentina e Uruguai celebraram um tratado que determina os direitos e as tarefas de cada participante. O único a problematizar é a Argentina que está "criando" taxas e "fiscalizações" para os poucos barcos que pela via navegam. É um problema que tem solução. O segundo tem custos financeiros na casa dos milhões - as pedras de Concepción no Paraguai. A existência dessas pedras restringe o calado das embarcações que usam o rio como transporte. O derrocamento (retirada de material do fundo do rio) não custa imensas fortunas e todo o estudo está feito. Há viabilidade técnica e econômica. O último e mais importante obstáculo é o custo ambiental. Esse deverá ser bem sopesado e amplamente discutido com toda a sociedade.

Os milhões para retirar as pedras de Concepción que atrapalham os transportes
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O governo estadual necessita de uma agenda positiva

O necessário ajuste nas contas pode preparar as bases do crescimento do estado. As despesas são de responsabilidade exclusiva da equipe que foi nomeada pelo governador Azambuja e serão equacionadas ao longo dos primeiros meses, uma vez que não há dívidas importantes. No outro lado, um efetivo controle de receitas tem como caminho obrigatório a sede da Petrobras no Rio de Janeiro e é nesse endereço que deve residir a preocupação. Os cofres do governo do estado dependem do bombeamento de gás boliviano. Aproximadamente R$ 80 milhões mensais enviados pela Petrobras podem garantir a saúde financeira ou determinar uma gestão que não consiga ultrapassar a fronteira do mediano. Essa é uma relação a ser construída com rapidez e eficácia. As torneiras do gás boliviano e as complexas regras de pagamento do ICMS estão nas mãos dos petistas. E o Mato Grosso do Sul só conta com dois homens que poderão construir pontes entre o governo estadual e a Petrobras; ambos estão sendo afastados pelos atuais governantes.

A necessidade de resultados é urgente, de fato. Como lembram todos os integrantes dos altos escalões do Parque dos Poderes, as transformações na saúde e na segurança não podem ter início após o Carnaval. Todos os demais setores podem aguardar o país "começar a funcionar" em meados de fevereiro, mas a saúde e a segurança não podem ter esse período de estudo aprofundado e mudanças para o bem estar da população. As primeiras medidas são muito pequenas. É bem verdade que demonstram uma clara intenção e vontade de trabalho, mas são uma casca de noz no oceano de soluções almejadas.

A Santa Casa da capital está novamente estrangulada, quase em coma. Muito pode ser feito pelo principal hospital da cidade. A administração do Hospital Regional é complexa e não pode apresentar apenas a abertura de poucos leitos como solução. Priorizaram dois hospitais de Dourados para receber recursos do cofre estadual. Uma ação rápida salvaria vidas.

Pela primeira vez o sistema de segurança do estado tem alguma chance de trabalhar unificado - seus três comandantes (Secretário de Segurança, Comandante da Polícia Militar e Diretor Geral da Polícia Civil) falam o mesmo idioma. E mais, tem largo espaço para trabalhar em conjunto com o Ministério Público. Mas as pontes com as Polícias Federal e Rodoviária ainda terão de ser construídas. Todos os municípios devem ser protegidos, mas há prioridades: a faixa de fronteira tem prioridade zero (o policiamento dessas estradas já melhorou), a população de Campo Grande é tão importante quanto a de Rochedo, mas a "sensação" de segurança é criada na Capital.
Basta uma pequena agenda positiva. Apenas em duas secretarias, para que a população continue a entender que aprendeu a votar e não cometeu o mesmo erro quando da eleição municipal ao escolher administradores que só sabiam debater o passado e não saiam dos microfones e holofotes fáceis.

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Os governos estaduais começaram a instalar os chips de identificação nos carros

Um programa meio futurista do Departamento Nacional de Trânsito deve entrar em vigor até a metade do ano. É o Siniav - Sistema Nacional de Identificação Automática de Veículos - que prevê que os 85 milhões de carros, motos e caminhões do Brasil instalem chips com todas as informações dos veículos, e que as vias tenham antenas capazes de captar esses dados. Já há algum tempo existe um sistema que funciona muito bem no Estado de São Paulo - o Sem Parar, que permite que carros passem direto pelos pedágios e entrem nos estacionamentos. A ideia do Siniav é excelente, possibilitará a identificação em tempo real de veículos roubados bem como permitirá um estudo mais aprofundado e realista do trânsito nas estradas e avenidas. Tudo perfeito se não fosse o preço: algo como R$ 95 para instalar o chip no carro. Muito caro!

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O "ajuste econômico" não será neutro

Enquanto os empresários aplaudem, o povo fica cada vez mais preocupado. Em julho passado, o Ibope apontava que 75% dos brasileiros acreditavam que a situação econômica do país seria melhor ou igual a de 2014. Em uma nova pesquisa em 2015 a taxa dos crédulos caiu para 59%. O povo brasileiro ficou mais pessimista. No outro lado, a quase totalidade dos empresários aplaudem as medidas tomadas, e até pelas sonhadas, pelo novo Ministro da Fazenda.

O enredo está pronto. O discurso é bonito. "Basta fazermos a lição de casa...". Não é bem assim, não é tão fácil como querem convencer. Basta lembrar um estudo do economista Luiz Gonzaga Belluzzo - entre 1995 e 2011 o governo brasileiro transferiu para os detentores da dívida pública (leia-se bancos), sob a forma de pagamentos de juros, um total acumulado de 109% do PIB (a soma de todas as riquezas produzidas pelo país). Traduzindo: nunca como antes o Brasil pagou tanto para os bancos. Só de juros, uma vez que a dívida não está sendo paga. Ainda, a maior missão da equipe econômica recém empossada é a de arrumar dinheiro para garantir o pagamento de juros. Esse dinheiro recebe o apelido de "superávit primário". Pura embromação praticada pelos poderosos há dezenas de anos para enganar usando o "economês". Uma pergunta fácil de ser respondida: adivinhem do bolso de quem sairá o dinheiro para pagar os bancos?

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