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Em Pauta

Qualidade alimentar também é menos pastagens para mesmo ritmo de abate

Mário Sérgio Lorenzetto | 23/12/2014 08:37
Qualidade alimentar também é menos pastagens para mesmo ritmo de abate

Centro de pesquisas gastronômicas projeta evolução do mercado de alimentos mais saudáveis

San Sebastián, fronteira da Espanha com a França, um dos mais badalados polos litorâneos do turismo europeu. Única cidade do mundo a concorrer com Paris na qualidade de seus restaurantes, por lá existem quatro deles com a máxima pontuação da "bíblia" dos restaurantes - o Guia Michelin. Mas essa cidade paradisíaca não conquistou o ápice do turismo e da gastronomia sem muito estudo e esforço. Os bascos (San Sebastián pertence ao autodenominado País Basco) criaram a Faculdade de Ciências Gastronômicas e o Centro de Investigação e Inovação Culinária, constituídos por todos os maiores chefs internacionais. Todos, sem uma só exceção. O brasileiro que participa desses centros de estudo é Alex Atala, proprietário do melhor restaurante brasileiro, D.O.M., em São Paulo.

É de San Sebastián que surge um novo conceito que, provavelmente, dominará os restaurantes mundiais: conectar o campo à cozinha, eliminando os atravessadores e levar à mesa alimentos mais saudáveis. Esses centros de estudo não são constituídos apenas por chefs, neles há a cadeia completa de estudiosos dos alimentos. Caminha, celeremente, para se tornar o maior centro de estudos alimentares do planeta.

Qualidade alimentar também é menos pastagens para mesmo ritmo de abate
Qualidade alimentar também é menos pastagens para mesmo ritmo de abate

É possível reduzir em mais de 50% as pastagens, abatendo-se a mesma quantidade de bois de hoje?

O pessoal do Centro de Investigação entende que a denominada revolução verde, um novo modelo de produção agropecuária com domínio da grande agroindústria, na década de 1960, salvou quase 1 bilhão de pessoas da fome, ao aumentar a produção de alimentos para atender a duplicação da população global para 6 bilhões de pessoas no ano 2000. Novas variedades de sementes de alta produtividade, a moderna tecnologia de irrigação e o uso intensivo de agrotóxicos conseguiram elevar as safras de grãos de 800 milhões de toneladas para mais de 2,2 bilhões de toneladas naquela época. Mas essa agricultura e pecuária vem provocando uma forte redução na diversidade dos alimentos.

E mais complexo para ser resolvido: a ONU (através do seu centro de alimentos denominado FAO) declarou que "a produção agrícola e pecuária intensiva não são capazes de vencer os desafios do novo milênio".

Esses estudiosos dos alimentos de San Sebástian, explicam que não são contrários à existência do grande agronegócio. Mas estão propondo uma revisão. Também entendem que essas mudanças podem parecer utopia neste momento. A ideia é da permanência do grande agronegócio, mas o pequeno produtor terá de passar a produzir qualidade, como é na Europa. Grandes vinhos, grandes queijos...A viabilidade da pequena porção de terra está no valor agregado. E para o grande produtor preconizam a diminuição dos impactos em suas terras, diminuindo a emissão de químicos, mas sendo bem remunerados na diversificação de sua produção. Parece que esse é o futuro a ser percorrido. E a redução das pastagens, abatendo a mesma quantidade de bois? Bem, independentemente de San Sebástian, esse rumo está dado na pecuária do Mato Grosso do Sul.

Qualidade alimentar também é menos pastagens para mesmo ritmo de abate
Qualidade alimentar também é menos pastagens para mesmo ritmo de abate

O palmito indígena

Várias aldeias indígenas conservam, em suas tradições, o corte do palmito. A pequena produção é vendida em feiras e calçadas nas cidades que estão próximas aos aldeamentos. Há alguns anos, começaram os estudos nos órgãos da Secretaria de Produção do governo do estado para o plantio mais eficiente de vários produtos. Um dos mais comercializáveis é o palmito que tem um vasto mercado nacional com baixa ocupação. Sempre falta palmito nas gondolas dos supermercados.

Com essa percepção, o governo de São Paulo, nos últimos cinco anos, incentivou e organizou o plantio do palmito pupunha que é típico do litoral. A área de plantio do palmito cresceu 60%. Percebendo a novidade, a Husqvarna, multinacional sueca fabricante de equipamentos para o manejo de áreas verdes, começou a montar uma máquina com tecnologia voltada para uma produção mais sustentável do palmito. É uma roçadeira especial que se propõe a substituir o uso de herbicidas no processo de coroamento da planta, técnica que mantém a área em torno da planta limpa. Os fabricantes dizem que, com o uso desse equipamento no processo de limpeza, ocorrerá a substituição de produtos químicos que são capazes de interferir diretamente no sabor do alimento. Aparentemente, é uma história de sucesso de todos os lados. Mais dinheiro para todo mundo, e um pedacinho do planeta livre de herbicidas. E o nosso palmito indígena continuará como está, apenas uma possibilidade?

Qualidade alimentar também é menos pastagens para mesmo ritmo de abate
Qualidade alimentar também é menos pastagens para mesmo ritmo de abate

A informática avança no campo

A força do agronegócio brasileiro está atraindo o interesse de empresas inovadoras do Brasil e até do exterior. A Strider lançou um sistema de monitoramento e controle de pragas que combina o uso de mapas, mobilidade, big data e computação na nuvem. O software identifica focos de infestação de pragas e permite que o agricultor antecipe a tomada de decisão, que pode resultar em redução de até 15% no uso de defensivos ao garantir a intervenção imediata e evitando a evolução das pragas. A empresa já trabalha em 200 mil hectares de fazendas de 30 clientes.

Uma fazenda de 5 mil hectares, por exemplo, gera 10 milhões de eventos de informações georeferenciadas que são coletadas em dispositivos móveis. O sistema permite a aplicação dos defensivos no local exato onde deve ser usado e ainda fornece o tipo de produto a ser utilizado.

A Agria é uma empresa franco-brasileira e dentre vários instrumentos de alta tecnologia oferecerá brevemente drones equipados com sensores e softwares de interpretação de imagens. Pode ser utilizado para realizar levantamentos das condições da lavoura, prevendo eventuais quebras ou estimando produtividade. Também pode ser utilizada para identificar possíveis deficiências de nitrogênio e a incidência de pragas.

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Previsão climática para a colheita da soja indica padrão similar ao de 2014

O verão é conhecido como a estação das chuvas em boa parte do nosso território. É o período em que cultivamos a maior área de grãos. Se vai chover ou não é decorrência de diversos indicadores climáticos de grande escala, em especial o comportamento dos oceanos. Nesse aspecto, os indicadores não mostram que teremos precipitações excelentes. A tendência é de um verão com chuvas em torno das médias dos anos anteriores. Além disso, outra característica desse verão talvez venha a ser a maior variabilidade espacial e temporal na distribuição das chuvas, ou seja, a alternância de períodos de maior e menor intensidade.

De um modo geral, o verão de janeiro e fevereiro deve ter um padrão climatológico muito semelhante ao verão passado. A distribuição de chuvas, mesmo com alguma irregularidade, não deve comprometer a fase de desenvolvimento vegetativo das plantas.

O risco estará no período da colheita. Mesmo assim, não há indicação de um verão muito chuvoso, o que diminui o risco de eventos extremos e duradouros de excesso de chuvas na colheita. São as tendências apontadas pelo Agritempo/Somar.

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Tecnologia de alta produtividade da soja deve ser massificada

Depois de aumentar de forma significativa nas últimas três décadas, a produtividade da soja vem patinando. É normal ocorrer uma desaceleração, mas mesmo atingindo pontos elevados voltamos a depender do fator climático como a maior variável. A variável mais importante no plantio da soja deve ser a alta tecnologia e não o clima.

Os trabalhos conduzidos por Alexandre Seitz, em Guarapuava, no Paraná, e Matheus Eduardo Tochetto, em Campo Grande, no Mato Grosso do Sul, vencedores do prêmio "Desafio Nacional de Produtividade Máxima", devem ser levados ao conhecimento da grande massa de agricultores. Alexandre Seitz chegou a 117,3 sacas por hectare e Matheus Tochetto conseguiu 109,9 sacas por hectare. A média nacional é de 50 sacas.

O Comitê Estratégico Soja Brasil - CESB iniciará ainda neste ano atividades com um grupo de produtores que obtiveram mais de 100 sacas por hectare, denominado "Gupo dos 100", para a divulgação desses trabalhos.

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