Segredos da Islândia para derrotar as drogas
Enquanto o Brasil constrói presídios para colocar seus jovens "infratores" (mulas que transportam drogas), a Islândia procurou um caminho humano e eficiente que deu ótimos resultados. Na Islândia saiu da moda beber e usar drogas. Vejamos as estatísticas islandesas. Apenas 5% dos jovens afirmam consumir álcool, 3% fumam tabaco e 7% fumam maconha. No Brasil e em toda a América Latina, os números são elevadíssimos. Nada menos de 35% dos jovens consomem álcool, 17% fumam tabaco e 62% tiveram contato com a maconha antes dos 18 anos. A diferença é estratosférica.
Todavia, a Islândia nem sempre foi um modelo a ser copiado. No final dos anos 90, era um dos países europeus com maior consumo de drogas entre os jovens. Como foi possível transformar, em menos de duas décadas, os hábitos de seus adolescentes? As razões do êxito estão no programa Youth in Iceland - Juventude na Islândia -, iniciado em 1998, cujo pilar está na pesquisa contínua dos hábitos e preocupações dos adolescentes.
O diretor desse programa, Jón Sigfusson, raciocina: "Se você fosse diretor de uma empresa farmacêutica, você não lançaria um novo analgésico no mercado sem fazer uma pesquisa prévia". E continua: "É o mesmo com qualquer setor, desde a agricultura à infraestrutura. Por que não seria assim quando se trata de jovens". Só com pesquisas contínuas se descobre o que os jovens pensam. Muitas vezes atuam, no Brasil e em outros países, apenas com impressões. Isso é perigosos. É preciso ter informações confiáveis. A começar pelo número de jovens que usam drogas. Os números disponíveis são da Unicef e não dos governantes.
O programa da Islândia mapeia, por meio de questionários aplicados os adolescentes de todas as escolas do país. Entre outras variáveis, são coletados dados sobre padrões de consumo, características da família, evasão escolar e problemas emocionais. Com essa massa de conhecimentos, são elaborados informes para cada distrito e escola. O passo seguinte é analisar esses dados em um trabalho conjunto entre escolas, comunidades e municípios, que identificam os principais fatores de risco e proteção contra o consumo de álcool e drogas. A partir daí, criam programas específicos que são os mais variados possíveis. Em algumas escolas, o mais importante é o aumento de atividades esportivas, na outra, aumentam os trabalhos culturais e artísticos...
A importância da família no combate às drogas
Com essas pesquisas contínuas, a Islândia passou a entender e colocar no mapa, "a grande importância do fator parental". As pesquisas mostraram a necessidade de informar os pais de determinadas escolas que eles são o principal fator preventivo para seus filhos. Eles passaram a ter mais tempo para ficar com os jovens, apoiá-los, controlá-los e vigiá-los.
Antes de começar esse programa, uma das principais medidas preventivas adotadas pela Islândia, era ensinar às crianças os efeitos negativos do uso de drogas. Porém, essa ação sozinha não funcionava. Foi então que o enfoque sofreu uma drástica mudança. Os responsáveis não são as crianças, e sim os adultos. Criaram, para auxiliar os pais, múltiplas atividades para preencher o tempo das crianças e dos jovens.
Os estudos mostraram que a maior participação em atividades extracurriculares e o aumento do tempo passado com os pais, reduzem enormemente os riscos de consumo de álcool e de drogas. Por isso, a Islândia aumentou os recursos destinados à oferta de atividades para adolescentes como esportes, música, dança e teatro.
Mas, também, tomaram uma medida que dificilmente seria adotada no Brasil: proibiram que crianças menores de 12 andem sozinhas pelas ruas das cidades depois das 20 horas. Os jovens de 13 a 16 anos também não podem andar sozinhos pelas ruas depois das 22 horas.
O diretor do programa conclui: "Alguns me dizem que é um foco quase ingênuo, porque é muito lógico. Mas é assim mesmo [que vencemos]".
Ridley Scott filmará a vida de El Chapo, o narcotraficante mexicano
Ridley Scott filmará "The cartel". Narrará a luta pelo controle de drogas na fronteira dos Estados Unidos com o México. Ridley Scott, é o cérebro que está por trás de clássicos do cinema com "Alien" ou "Blade Runner". Desta vez, levará às telas uma versão da vida de El Chapo, baseada na ficção criada por Dan Winslow, que inclui sua primeira fuga da prisão, em 2001, quando se escondeu em um cesto de roupa suja. Todavia, "The cartel" não chama Joaquin Guzman (nome verdadeiro de El Chapo) por seu nome e prefere contar a história de dois amigos. Art Keller e Adan Berrera são os amigos que tem suas vidas separadas com o tempo. Um a dedicará à luta contra o narcotráfico e o outro ao comando de um cartel de drogas. O filme cobre, com todos os detalhes, uma década no mundo do narcotráfico, de 2004 a 2014. A crítica o está comparando ao "Poderoso chefão", de Mario Puzzo, mas com uma história na fronteira dos Estados Unidos.
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