Você sabe com quem está falando?
Nós somos feitos de um conjunto de sentimentos cultivados na família e na escola, tais como a soberba e humildade e, por isso, devemos buscar entender sobre como cada uma dessas palavras funcionam dentro de nós, a soberba é uma forma que o ser humano achou de ficar sobre as outras pessoas, utilizando seus “conhecimentos” e “entendimentos" ou o que ele acha que "sabe" ou "entende", o que é muito pior; infelizmente muito comum hoje em dia, pois como eu tenho dito, as pessoas confundem acesso à informação com conhecimento.
O soberbo se acha! E esse “se achar” é descrito em ações de superioridade, acarretando dores nas pessoas próximas, e talvez a si próprio no futuro. A humildade é, na realidade, a inteligência efetivamente sendo utilizada, pois quando somos humildes juntamos sobre nossas vidas valores como o respeito, a empatia, o bom senso e a sabedoria. Não devemos confundir humildade com submissão.
Segundo São Tomás de Aquino, a soberba é a mãe de todos os pecados. Nas escolas é natural a convivência com esses “pequenos pecadores”; são crianças e jovens com celular de última geração, vestindo roupas e acessórios de grife, chegando à escola em carros de luxo e, em alguns casos, acompanhados por seguranças; olham para os professores com ar de superioridade e autossuficiência, contestam a sua autoridade, desprezam seu papel pedagógico como se não tivessem, absolutamente, nada a aprender e, quando confrontados, desafiam dizendo: "Meu pai paga o seu salário".
Toda pessoa arrogante pretende se sobrepor aos demais, quer ser único, quer que o outro não exista. No entanto, sua afirmação passa pelo outro, pois o ser humano precisa da aprovação do ambiente social. As explicações para o fenômeno transcendem as razões socioeconômicas e passam pelo momento característico da adolescência. É uma fase de transição, marcada pela contestação, que se transforma em rebeldia em algumas circunstâncias. Pode ser ostensiva e desafiadora ou obstinada e hostil. Uma forma dessa manifestação seria a conduta de que "não tenho o que aprender com você", ou "para que serve isso", ou ainda a negação pura e simples: "não vale a pena o esforço, faço o que quero". Quando me deparo com essas situações, logo me vem à mente uma frase de Pitágoras: “Educai as crianças e não será preciso punir os homens.” Perante o exposto, deixo um questionamento aos pais e responsáveis: vocês preferem ver as suas crianças emburradas e chorando por alguns instantes ou vocês vivendo o resto dos seus dias chorando por elas?
Como dizia Cora Coralina, “O saber a gente aprende com os mestres e os livros. A sabedoria se aprende é com a vida e com os humildes". A palavra humildade vem do latim humilitas, que, por sua vez, deriva de húmus, cujo significado é terra fértil, solo fértil. Quem é humilde costuma reunir outras virtudes, como sabedoria, nobreza, tolerância, gentileza e gratidão. Não se acha nem melhor nem pior do que ninguém; simplesmente age de forma cordial e respeitosa com todos, do mais simples operário às mais altas autoridades dos poderes de um país.
A humildade é um valor importante na vida de qualquer pessoa, pois ser humilde significa ser capaz de reconhecer as próprias limitações, pedir ajuda, ouvir e não ser orgulhoso para admitir um erro. E na educação, como ensinar uma criança a ser humilde? Acredito que principal maneira de ensinar as crianças a serem humildes é com atitudes e situações reais dessa palavra tão abstrata, e, é claro, dando exemplo. Como educador, eu penso e ajo em consonância com filósofo grego Aristóteles: “A educação tem raízes amargas, mas os seus frutos são doces.”
Há uma linha tênue que separa a soberba da esperteza e a humildade da submissão, por isso eu peço aos pais e responsáveis que não confundam e muito menos misturem tais adjetivos, pois o mundo é dos (as) espertos (as) só nos ditos populares, dado que a vida real não tolera espertos (as) egoístas e vaidosos (as).
(*) Carlos Alberto Rezende é conhecido como Professor Carlão.