Escola ou família: Afinal, quem educa?
A etimologia da palavra “educar”, no latim, aponta-nos para “educare”, que tem o significado de, entre outros, “conduzir para fora” O que nos remete ao ditado popular que diz: filho a gente cria para o mundo, ou seja, criamos para a nossa ausência.
O sistema educacional, seja ele privado ou público, na educação básica ou no ensino superior, é regulamentado pela LDB – Lei das Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Dos 92 artigos que compõem a LDB, eu chamo a atenção para os dois primeiros:
Art 1 – A educação abrange os processos formativos que se desenvolvem na vida familiar, na convivência humana, no trabalho, nas instituições de ensino e pesquisa, nos movimentos sociais e organizações da sociedade civil e nas manifestações culturais.
Art 2 – A educação é dever da família e do estado, inspirada nos princípios de liberdade e nos ideais de solidariedade humana.
Encontramos assim um binômio responsável pela “educação” de nossos (as) filhos (as), evidenciando a corresponsabilidade no processo, dividida entre as famílias e as escolas. Visando preparar o educando para o exercício da cidadania, com senso coletivo e solidário, e para sua qualificação profissional.
Porém, com a correria do dia a dia, educar e manter a saúde emocional dos (as) filhos (as) são desafios diários, e nem sempre é fácil dar atenção a todos os aspectos do desenvolvimento emocional familiar. A nossa casa é o local onde ocorrem as primeiras relações sociais que são vitais para o desenvolvimento emocional, cognitivo e físico das nossas crianças. É no seio familiar que são ensinados valores, tais como: amor, respeito, princípios, comportamentos, limites, moral etc. Entretanto esses preceitos não devem ser apenas ensinados verbalmente, mas sim praticados corriqueiramente, com atitudes e exemplos.
É muito importante termos um olhar de inclusão, porque senão corremos um sério risco de que nossas crianças sejam exclusivistas em um mundo plural e desigual. No convívio diário familiar é fundamental alimentarmos o afeto, o respeito, a empatia e a solidariedade, pois são valores que fortalecem as habilidades emocionais dos (as) nossos (as) filhos (as). É no convívio do lar que ocorre o estreitamento dos laços, a sensação de pertencimento e a autoconfiança.
Já na escola, as crianças ampliam os seus horizontes e desenvolvem o pensamento crítico e moral, calçados nos princípios formados em seus lares. Ao mesmo tempo, ocorre o desenvolvimento cognitivo e a socialização, que são fortes aliados dos valores familiares, além de impulsionar os futuros jovens para a vida, contribuindo assim na construção da sua trajetória, que deve ser norteada por valores éticos e de cidadania, resultado do que foi praticado em casa e na escola.
Deste modo, ambas as partes, família e escola, devem trabalhar em conjunto e se apoiarem mutuamente no processo de ensino e aprendizagem de nossas crianças, que vai além das paredes das nossas casas e das salas de aula.
(*) Carlos Alberto Rezende é conhecido como Professor Carlão.