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Ensinar Juntos

Gérson não é culpado. Gérson foi um craque!

Por Carlos Alberto Rezende (*) | 23/04/2025 08:56

Há 8 anos eu vivo um desafio: as pessoas acham que eu devo dar cortesias da Corrida Sangue Bom. Por quê? Porque ainda existe gente que quer levar vantagem em tudo! Eu sofro pressão e críticas pelo fato de não dar cortesias, já que é óbvio: quanto mais cortesias forem dadas, menos lucro teremos, e se é uma corrida 100% solidária, qual é a lógica das cortesias? Mediante isso, a Corrida Sangue Bom sofre boicote de algumas assessorias esportivas e gente que quer se aparecer nesses momentos, os que querem levar vantagem.

A máxima "para se dar bem, não contrarie o sistema" pode ser útil em situações em que a conformidade é a estratégia mais segura ou eficaz. No entanto, ela também pode ser limitante, especialmente quando o sistema é injusto ou opressivo. A decisão de seguir ou contrariar o sistema depende dos objetivos, valores e contexto de cada pessoa. Se você está refletindo sobre como agir em uma situação específica, é importante pesar os riscos e benefícios, além de considerar o impacto que suas escolhas podem ter não apenas para você, mas para a sociedade como um todo.

Infelizmente, essa é uma realidade em muitos contextos, tanto no setor público quanto no privado. O favorecimento de amigos, conhecidos ou aliados em detrimento de projetos ou pessoas mais qualificadas é um fenômeno conhecido como nepotismo, favoritismo ou clientelismo. Esse tipo de prática pode ter consequências negativas para a eficiência, a justiça e o desenvolvimento de uma organização ou sociedade. A expressão "para se dar bem, não contrarie o sistema" reflete uma visão pragmática sobre como lidar com estruturas de poder e normas sociais. Essa ideia tem raízes em observações sobre como as sociedades e instituições funcionam, mas sua validade depende do contexto e dos valores individuais.

A ideia de "levar vantagem em tudo" pode, de fato, promover um comportamento individualista, especialmente se for interpretada como uma busca desenfreada por benefícios pessoais em detrimento do bem coletivo. Esse tipo de mentalidade pode levar à competição excessiva, à falta de empatia e ao descaso com as necessidades dos outros, o que pode impactar negativamente as relações sociais e a construção de uma sociedade mais colaborativa. No entanto, é importante refletir sobre o que realmente significa "levar vantagem". Em vez de focar apenas em ganhos pessoais, podemos pensar em como equilibrar nossos interesses com os dos outros, buscando soluções que beneficiem a todos.

O esporte pode ser, de fato, uma poderosa ferramenta para contrapor a ideia de "levar vantagem em tudo", que muitas vezes é associada a uma mentalidade individualista e competitiva. No contexto esportivo, valores como fair play (jogo justo), respeito, trabalho em equipe e superação pessoal são fundamentais e podem servir como contraponto a essa máxima pelas seguintes características:

  • Fair Play: o esporte ensina a importância de competir de forma justa, seguindo as regras e respeitando os adversários. Isso vai contra a ideia de levar vantagem a qualquer custo, promovendo a integridade e a ética.
  • Trabalho em equipe: em muitos esportes, o sucesso depende da colaboração e do esforço coletivo, e não apenas do individualismo. Isso reforça a ideia de que o bem comum e o sucesso compartilhado são mais importantes do que a vantagem pessoal.
  • Respeito ao adversário: o esporte ensina a valorizar o adversário, reconhecendo que a competição só faz sentido quando há respeito mútuo. Isso contrasta com a mentalidade de "levar vantagem", que pode levar à desvalorização do outro.
  • Superação pessoal: muitas vezes, o foco no esporte está em superar os próprios limites, e não apenas em vencer os outros. Isso incentiva a busca por crescimento pessoal e melhoria contínua, em vez de simplesmente buscar vantagens sobre os demais.
  • Humildade na vitória e na derrota: o esporte ensina a lidar com as vitórias e as derrotas de forma equilibrada, valorizando o esforço e o aprendizado em vez de apenas o resultado. Isso contrasta com a mentalidade de "levar vantagem", que pode levar à arrogância ou à frustração excessiva.

Portanto, o esporte pode ser um espaço de educação e transformação, onde valores positivos são cultivados e a ideia de "levar vantagem em tudo" é questionada e substituída por princípios mais nobres e coletivos.

Ensinar na escola a não "levar vantagem em tudo" é fundamental para promover valores como ética, empatia, colaboração e responsabilidade social. Aqui estão algumas estratégias que podem ser implementadas para ajudar os alunos a desenvolver uma mentalidade mais coletiva e menos individualista:

  • Incluir atividades que incentivem os alunos a se colocarem no lugar dos outros, como debates, role-playing e discussões sobre dilemas éticos.
  • Projetos colaborativos onde os alunos precisam trabalhar juntos para alcançar um objetivo comum, valorizando a contribuição de cada um. Criar espaços para discutir questões morais e dilemas, como "O que é justiça?" ou "Por que não devemos trapacear?".
  • Usar histórias, filmes ou casos reais para mostrar as consequências de ações egoístas e os benefícios da cooperação. Envolver os alunos em atividades que beneficiem a comunidade, como campanhas de doação, limpeza de espaços públicos ou ajuda a pessoas em situação de vulnerabilidade.
  • Discutir como as escolhas individuais afetam o grupo e a sociedade como um todo. Estabelecer normas que promovam a igualdade e a justiça, como políticas contra o bullying e a discriminação. Valorizar não apenas os resultados acadêmicos, mas também o esforço, a dedicação e o comportamento ético dos alunos.
  • Professores e funcionários devem agir como exemplos de ética, respeito e colaboração, mostrando como essas práticas são importantes no dia a dia.
  • Criar um ambiente onde os alunos se sintam à vontade para discutir suas dúvidas e preocupações sobre questões éticas.
  • Propor desafios que exijam solução coletiva, onde os alunos precisam pensar no bem comum e não apenas em si mesmos.
  • Trabalhar em conjunto com as famílias para reforçar os valores de ética e colaboração em casa.
  • Promover oficinas e palestras em encontros com pais e alunos para discutir temas como ética, empatia e responsabilidade social.
  • Realizar reflexões coletivas, momentos de avaliação em grupo, onde os alunos possam discutir como suas ações impactaram o coletivo.

Ao adotar essas práticas, a escola pode ajudar a formar cidadãos mais conscientes, éticos e comprometidos com o bem comum, evitando que a mentalidade de "levar vantagem em tudo" prevaleça. E deixem o Gérson em paz!

(*) Carlos Alberto Rezende é conhecido como Professor Carlão. Siga no Instagram @oprofcarlao.

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