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Finanças & Investimentos

Os investimentos e seus custos

Por Emanuel Gutierrez Steffen (*) | 09/12/2016 09:43

Taxas. Está aí uma palavra que ninguém gosta, mas que tem que aturar. Elas estão em todo o lugar, e mesmo quando não estão visíveis, pode ter certeza: você está pagando. Para alguns tipos de serviço ou venda de produtos, as taxas são essenciais, pois são elas que geram a receita (e os lucros) para os prestadores de tais serviços.

Em outros casos, são apenas formas de complementar os lucros, e poderiam sim ser dispensáveis, e até com resultados gerais positivos para o negócio. O problema é que para quem usufrui de tais serviços ou produtos, as taxas são custos. Cortar custos é algo importante, mas muitos terminam exagerando no conceito, e deixam de realizar investimentos interessantes apenas por não quererem pagar as tarifas associadas.

Praticamente todos os investimentos que realizamos no mercado financeiro possuem taxas e impostos a serem pagos, e isso precisa ser compreendido e analisado de perto. Há casos onde o preço que se paga por algumas dessas tarifas terminam por retirar os lucros reais das aplicações financeiras. Exemplos são taxas de administração demasiadamente elevadas e cobradas por alguns gestores de Fundos de Investimento. Os custos mais presentes no mercado financeiro são:

● Imposto de Renda (IR);
● IOF (Imposto sobre Operações Financeiras);
● Taxa de administração;
● Taxa de custódia;
● Taxa de corretagem.

Investimentos como LCI, LCA e Debêntures Incentivadas de Infraestrutura, são passíveis apenas do IOF. Ele é regressivo, e incide apenas se você resgatar a aplicação em menos de 30 dias, o que é muito raro, pois o prazo mínimo desses tipos de investimento costuma ser superior. Os CDB, além dos custos mencionados no parágrafo anterior, sofrem também incidência de IR. Investimentos como os títulos do Tesouro Direto, estão sujeitos ao IR, IOF, taxa de custódia, e taxa de administração. Ações e derivativos negociados na bolsa de valores estão sujeitos às taxas de corretagem, de custódia, emolumentos, e IR (este último, dependendo do valor total das ações vendidas no mês).

Aqui chegamos ao ponto principal de reflexão do texto. Em nosso país, temos um conceito de senso comum, que nos faz crer que os impostos são mal aplicados, e alimentam esquemas de corrupção. Em partes, é verdade. Como consequência, temos repulsa por pagar tais tributos, e isso termina se estendendo para qualquer outro tipo de tarifa. No caso do comércio informal, apesar dos riscos, é possível avançar com isso por algum tempo, sem ser “pego” pelos “cobradores de impostos”.

Já nos investimentos, isso não é possível, pois tudo ocorre de forma eletrônica, e sendo assim, as taxas e impostos são cobrados de forma automática. Mesmo no caso de lançamentos sob a responsabilidade dos investidores, como os cálculos do IR sobre as operações na bolsa de valores, há mecanismos de verificação que constatam se houve ou não sonegação. Já vi muitas pessoas deixando de realizar investimentos mais lucrativos no mercado financeiro, pelo simples fato de que teriam que pagar mais taxas e impostos, e isso as irritava.

Como forma de manifestarem sua indignação, continuavam a deixar seu dinheiro em investimentos isentos e pouco (ou nada) lucrativos, como a caderneta de poupança. Eu mesmo, quando comecei a investir na bolsa, ficava calculando minhas vendas de ações no mês para nunca ultrapassar o limite de R$ 20.000,00, que me dava o direito de isenção de pagamento de IR. Com isso, eu limitava também minhas possibilidades de lucro.

Convido você a pensar diferente daqui para frente. Pense nas taxas e impostos que você paga no mercado financeiro, com um viés positivo. Não me entenda mal. Não estou defendendo os “cobradores”. Meu objetivo é “destravar” possíveis limites mentais que você tenha sobre o assunto, e que estão interferindo diretamente na sua lucratividade. Agora, por exemplo, quando verifico o resultado mensal de minhas operações na bolsa de valores (gosto de operações de curto prazo, que envolvem várias compras e vendas no mês), fico feliz ao pagar o DARF, pois isso significa que tive um mês lucrativo. Em outras palavras, ao invés de ficar reclamando sobre os custos de uma operação financeira, foque na rentabilidade obtida, e pague aquilo que precisa ser pago, e ponto.

Conclusão – Claro que devemos procurar sempre reduzir nossos custos operacionais. As próprias instituições financeiras adotam alguns incentivos, como as contas digitais, pacotes de corretagem e descontos em taxas de administração em função do valor investido pelo cliente. Então, faça sim a sua parte, lutando para sempre reduzir seus custos nos investimentos; mas por outro lado, não deixe de lucrar apenas por ter que arcar com estes custos. Em outras palavras, dê a “César” o que é dele, e coloque o seu no bolso. Abraços, e até a próxima!

Fonte: Giovanni Coutinho/ Dinheirama
Disclaimer: A informação contida nestes artigos, ou em qualquer outra publicação relacionada com o nome do autor, não constitui orientação direta ou indicação de produtos de investimentos. Antes de começar a operar no SFN - Sistema Financeiro Nacional o leitor deverá aprofundar seus conhecimentos, buscando auxílio de profissionais habilitados para análise de seu perfil específico. Portanto, fica o autor isento de qualquer responsabilidade pelos atos cometidos de terceiros e suas consequências.

(*) Emanuel Gutierrez Steffen é criador do portal www.mayel.com.br

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