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Manoel Afonso

‘2014: falta o diferente’

Manoel Afonso | 27/12/2013 14:30

OS IGUAIS Dilma, Aécio, Eduardo Campos e Marina. Os discursos deles se parecem com poucas variações sobre esse ou aquele tema. É como uma receita desenvolvida por vários cozinheiros onde as diferenças ficam apenas no tempero.

A PERGUNTA Qual seria até aqui a grande proposta dos quatro concorrentes capaz de mexer com a opinião pública, como Collor conseguiu aquela vez? Não só Dilma, como os demais primam pela falta de ousadia, pela mesmice e conservadorismo.

PRIORIDADES Estabilidade da moeda, emprego, superávit da balança, manter os programas de transferência de renda e garantir a existência de uma nova classe social que consome, com carteira assinada e é claro com direito a voto.

DESAFIOS O mensalão, as reformas eleitoral e tributária não tem merecido discursos fortes de todos eles. Optam pela mobilidade social, segurança, infraestrutura, logística e saúde. Aos opositores, falta-lhes contundência nos discursos.

LEITURA Apesar dos pesares, o brasileiro se mostra mais feliz (e mais obeso). Convive com a inflação e se integrou a sociedade de consumo com crédito para casa própria e carro inclusive. Não será fácil seduzi-lo com qualquer promessa.

CONCLUSÃO Ao eleitor mediano não interessa discutir quem é o pai das mudanças que o beneficia. Pouco importa se foi Itamar, FHC ou Lula. Para ele o país caminha no rumo certo e uma mudança drástica no rumo seria temerária.

PREVISÃO: Teremos uma campanha eleitoral morna, sem grandes embates que possam tocar o eleitor. Além da pálida oposição, há de se levar em conta a capacidade do Planalto em acomodar tantos aliados, não importando o custo disso.

RECOMENDO: No livro ‘Os Argentinos’, Ariel Palacios, correspondente da Globo News na Argentina desde 1996, conta um pouco de tudo sobre o vizinho país, com observações interessantes e desmitificando alguns de nossos conceitos .

INFLUÊNCIA 51% dos argentinos são descendentes de italianos e 4;3% da população da capital descendem de africanos, significativos no passado, reduzidos com as baixas na Guerra da Independência, nos conflitos civis e pela febre amarela.

BOVINOS Com 40 milhões de habitantes e um rebanho bovino de 62 milhões de cabeças, consomem 5% da carne produzida no mundo. Mas as primeiras vacas que lá chegaram (1955) eram portuguesas, via Santa Catarina e Assunção.

CONCEITOS: “O argentino é aquele que para cada solução...tem um problema”. “Ser agentino é ser triste. Ser argentino é estar longe” (Júlio Cortazar). O escritor argentino Marco Denevi define os irmãos como “inseguros fantasiados de solenes”.

SAUDADES: Em 1910 os argentinos detinham 50% do PIB da A. Latina e 30 mil de seus ricos moravam em Paris, cidade pela qual eram apaixonados. Conta-se que em suas viagens levavam suas vacas nos transatlânticos para garantir o leite freco.

FOLCLORE: No governo de Trioyen (1922) a situação econômica era tal que seus assessores – para evitar que ele soubesse das notícias ruins, imprimiam para ele exclusivamente a edição de um só exemplar apenas com notícias boas.

O CARA! Após a morte de Peron, o astrólogo e mordomo do palácio José Lopes Rega ‘El Brujo’ virou – por ordem de Isabelita – o poderoso ministro do Bem-Estar Social, ordenando a depuração de ministérios e perseguição à esquerda peronista.

MENEM Gostava da noite, o rei dos galanteios não perdoou nem Madonna. Sempre maquiado, seu cabeleireiro era figura imprescindível no dia a dia; aliás no avião presidencial (o Tango 10) havia uma cadeira de barbearia de uso exclusivo.

FERNANDO DE LA RUA governou o país por 2 anos e 10 dias e saiu da Casa Rosa fugindo de helicóptero. Comparado ao Teodoro, farmacêutico sem graça, marido da Dona Flor de Jorge Amado; “meticuloso e sóbrio até causar exasperação.”

OS KIRCHNERS Se Nestor, desajeitado, mal vestido, estrábico, narigudo e língua presa, ganhou o apelido de ‘O Pinguim’, Cristina, admiradora de Evita Peron, a segunda presidente mais rica da América do Sul, tem a marca da vaidade.

O PEDIDO Na crise de 2002 o jornalista Ariel Palacios, após dar dinheiro e comida a um morador de rua (ex-empresário), ouviu: “Obrigado por isto. Mas poderia me trazer um livro para ler? Assim me sentiria de novo um ser humano”.

CHARME Buenos Aires possui 12.500 quarteirões e 8.970 bares e cafés. A cada 4 quarteirões existem três bares. É tradição que os clientes tenham jornais grátis para ler e podem ficar o tempo que quiser, mesmo só consumindo água mineral.

TABUS Em 1946 os eleitores da capital foram proibidos de votar em candidatos gays e em 1951 a admissão deles ao Exercito foi vetada. Em 1999, criticando a proibição, o Gal Martin Balza disparou: “Não vamos ter uma divisão de costureiras a cavalo”.

‘RIVALIDADE’ Os argentinos fazem melhores piadas de argentinos do que os brasileiros. Os argentinos heterossexuais amam as brasileiras. “Os brasileiros amam detestar a Argentina...e os argentinos odeiam ter que amar tanto o Brasil”.

EM ALTA FHC e Lula tem prestígio entre os argentinos e o sociólogo ainda é muito convidado para palestras. Dilma também tem bom conceito e leva vantagem quando comparada com o estilo vaidoso demais da atual presidente Cristina.

“Argentinos: chega de realidades! Agora nós queremos promessas”. (pichação/ B. Aires))

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