Banheiro chique, parto da reforma e máfia do táxi
‘MOLEZA’ Mesmo para os neófitos, o exercício da vereança está sendo facilitada. Além de cursos e palestras nas câmaras e associações de vereadores, estão à venda livros e publicações diversas na internet. Um mercado efervescente onde os estreantes, principalmente, querem mostrar serviço.
SEDUTOR Ex-vereador do interior paulista anuncia um kit com modelos de 450 projetos ao custo total de R$ 295,00 em 10 vezes. O autor lembra que os projetos podem tornar o mandato bem sucedido, pois deram certo em outras cidades. Um argumento que atinge o alvo.
DERRAPÕES A exemplo das assembleias legislativas, eles ocorrem nas câmaras com maior incidência. Bem intencionados, afoitos e preocupados em não decepcionar, estreantes às vezes atravessam o sinal com projetos mal formatados e proposições de mérito duvidoso ou inconstitucional.
O CARDÁPIO sofre poucas variações ao longo dos anos. Vai do voto de repúdio à denominação de ruas ou praças – passando por pedido de informações e reclamações por melhorias diversas. Comparando as cidades, todas elas basicamente apresentam os mesmos desafios.
NA CAPITAL os vereadores debutantes já meteram a mão na massa, literalmente. Pelo conteúdo das proposições percebe-se, atendem seus segmentos sociais e bairros com os quais tem compromissos. Pouco a pouco pegarão o jeito nas intervenções na tribuna e assim cristalizarão de vez o mandato.
BOM PERFIL Uma das caras novas da Câmara de Campo Grande é o advogado Willian Maksould Filho, 26 anos de idade, eleito pelo PMN, com 2.641 votos. Na conversa que tivemos, senti seu potencial e visão dos problemas sociais e econômicos de Campo Grande. Sinal verde.
CASO UBER Campo Grande não pode continuar refém de esquema dominante do serviço de táxi. Acertou o governador, Reinaldo Azambuja (PSDB), em vetar em 2015 o projeto do deputado petista João Grandão proibindo o Uber em MS. Acertou o prefeito, Marcos Trad (PSD), ao regulamentar o serviço na Capital.
‘COMEU BRONHA’ Pelos artigos 22, incisos IX e XI, e 30, I da Carta Magna, a competência de legislar sobre o trânsito urbano é municipal e não do Estado. Mas o projeto foi aprovado por unanimidade tanto na Comissão de Constituição e Justiça como em plenário. Voto de compadrio. Baita furada.
‘BRINCADEIRA’ Como ficar de fora da nova realidade mundial em matéria de transportes urbanos? Canso de ouvir reclamações de visitantes sobre a qualidade e preço do nosso táxi. No aeroporto internacional, o espanto inicial! Pelo fim do monopólio ou cartel intocável pelos ex-prefeitos.
LUCIDEZ Para o presidente da Câmara Municipal de Campo Grande, João Rocha (PSDB), as audiências públicas reunirão todos os interessados. A informação de que só uma pessoa seria detentora de 28 alvarás de táxi gerou inconformismo entre os vereadores. Como diz o colega Dante Filho: “se puxar uma pena sai uma galinha”.
“GERAÇÕES” Eduardo Suplicy (PT) (75 anos) voltou à Câmara paulistana com 301.466 votos , de onde saiu em 1988 para se eleger senador. Fernando Holiday (DEM) (20 anos), negro, homossexual assumido, líder do Movimento Brasil Livre, contra a pauta LGBT e cotas raciais nas faculdades.
BALANÇO No pleito de 2016 o PT caiu de 5.185 vereadores para o total de 2.808. Até Marcos Lula da Silva (PT) não se reelegeu em São Bernardo Campo. O PSTU e PCO não elegeram um só vereador no país. O PMDB elegeu 7.571 vereadores e o PSDB 5.371. E como isso pesará em 2018?
‘NO BAÚ’ O Partido da Reconstrução Nacional (PRN) foi o partido de Fernando Collor na sua eleição presidencial de 1989. Foi do PDS e PMDB e abrigou-se numa agremiação nanica fugindo do estigma conservador. Pelo seu carisma e discurso agregador a estratégia deu certo.
O EXEMPLO de Collor serve de subsídio para o exercício da imaginação visando as eleições casadas de 2018, onde o cenário estadual influencia na disputa presidencial. Mas os partidos que elegeram mais vereadores em 2016 se manterão em alta elegendo deputados, senadores e o Presidente da República?
RESPOSTA difícil. As revelações ocorridas e as previstas na Operação Lava Jato podem ter força suficiente para destruir conceitos e paradigmas da política brasileira, jogando lideranças e partidos na vala comum da descrença. As lideranças de partidos diversos vivem no fio da navalha.
O BRASIL indaga: quem escapará da Lava Jato? Muita gente ‘cortando agulha’. Ora! Quem imaginaria que tantos poderosos um dia seriam presos? Assim não existem privilegiados ou intocáveis. Portanto, as eleições de 2018 passam sim pela Lava Jato. Como se diz, sem choro e sem vela.
HECATOMBE Analistas dizem que o país não será o mesmo, com os caciques varridos da vida pública, inclusive Lula. Sustentam a tese de que poderá haver forte tendência pela renovação, com o prefeito paulistano João Dória (PSDB) sendo visto como o nome em ascensão no cenário.
O PARTO Esses entraves que estão ocorrendo antes mesmo dos deputados estaduais analisarem a reforma administrativa passam um clima de indecisão muito ruim. O fio de interlocução do Executivo com o Legislativo parece sofrer de curtos-circuitos. A bancada tucana fora do compasso.
SINAIS O Governo precisa correr contra o tempo. Aumentam os rumores sobre a greve em alguns setores. Professores querem a reposição dos salários. Se você juntar esses descontentamentos setoriais e colocá-los numa ‘travessa’, a salada ficará salgada. O momento é complicado. Se é!
GASTANÇA Deputados estaduais, vereadores da Capital e segmentos representativos da sociedade criticando os gastos da Procuradoria Geral do Ministério Público, quase R$ 70 mil na construção de apenas um banheiro e aquisição de dois veículos por quase R$ 500 mil. Como pedir compreensão à população, se esse pessoal parece viver noutro mundo? Cuidado no trato do dinheiro público só vale para os outros poderes? É preciso dar exemplo fazendo o dever de casa em termos de economia. Falta desconfiômetro.