Candidaturas – quantidade não garante qualidade
ALERTA: O que contar mais na coligação partidária? O nível de aceitação do político apoiador ou a sua rejeição? Às vezes, imagina-se que por conta do aumento do tempo de propaganda na TV e rádio, a coligação seja positiva, mas pode ser o contrário, inibindo inclusive o discurso e municiando os adversários. “Diga-me com quem andas...”
NA CAPITAL teremos uma chuva de candidatos a prefeito. Mas isso não pode ser considerado positivo, pois não se pode confundir quantidade com qualidade. Não há nem necessidade de analisar o potencial de cada um, já que o eleitor poderá fazê-la pelo currículo deles e postura na campanha. E aí, ‘bate uma saudade de outros tempos’.
DISCURSOS Nestas eleições, por motivos óbvios, devem sofrer o efeito da dúvida e perder a credibilidade. Mais uma vez aquela velha senhora chamada demagogia estará presente. Mas o que será necessário para sensibilizar o eleitor e fazê-lo acreditar de que não cairá num grande engodo? Complicado.
O ELEITOR quer ouvir que tipo de discurso? Inflamado, salvador da pátria, técnico, ponderado? Vai depender da realidade de cada cidade, do nível dos candidatos e do próprio eleitorado. Mas a fala, continua sendo através dos tempos, a grande arma de comunicação na política.
CÉTICO É o sentimento da maioria do eleitorado, devido as decepções provocadas pelos escândalos nacionais e que por tabela acabam influenciando na analise do quadro local. Aliás, é difícil encontrar uma cidade que não seja palco de escândalo envolvendo a gestão pública.
‘SEM DEUS’ Francamente, é preciso parar com essa apelação de se tentar misturar a política com religião e Deus. Tudo tem limites! Cada coisa no seu lugar. A continuar desse jeito o telespectador confundirá horário eleitoral gratuito com programa religioso.
A PROPÓSITO Nunca se viu tantas referências religiosas e bíblicas num ato político como no impeachment. As piadas sobre o caso revelam que Deus teria ficado furioso e atribuído a paternidade da política ao adversário diabo, prometendo, se preciso, mandar um meteoro em direção à terra – ou mesmo provocar um novo dilúvio.
PERGUNTAS: Por que tantos partidos nanicos envolvidos nestas eleições? Com poucas chances de vitória, quais as razões para tamanha ousadia? Seria realmente questão de ideologia, uma causa social relevante ou mera estratégia para burlar a legislação e ser recompensado com parte do poder?
COMEÇA com a distribuição do tempo no horário eleitoral gratuito, onde conta também para a coligação o número de partidos. Segundinhos de minuto ajudam. Mas os nanicos podem se transformar em siglas de aluguel, lançando candidatos apenas criticar a imagem do adversário do contratante. Uma constante nas eleições. Certo?
‘MÁGICA’ Se o partido não fizer coligação na eleição proporcional com outras siglas, poderá lançar candidatos até o equivalente a 1,5 vezes o número de vagas em disputa na câmara municipal. Mas no caso de coligar, terá direito de lançar até 2 vezes mais o número de vagas de vereadores disponíveis. São cálculos mirabolantes.
OUTRA META é ampliar o chamado quociente eleitoral (divisão dos votos válidos pelo número de vagas) através das coligações proporcionais liderados por partidos de porte médio. Os candidatos que aparecem com votos minguados na apuração final podem estar fazendo parte deste esquema dos dirigentes dos partidos de aluguel. O cidadão é ‘candidato de arake’.
MOKA A boa avaliação do nosso senador Waldemir Moka (PMDB) é uma notícia revigorante nestes tempos conturbados em Brasília. Evidente, ele não tem o estilo do deputado federal Carlos Marun (PMDB), por exemplo; prefere agir ao estilo ponderado na argumentação e postura. Ganha musculatura com reflexos aqui no Mato Grosso do Sul.
LEVY DIAS Impressionante como a gente ouve dos moradores mais antigos, referencias elogiosas a sua atuação como prefeito de Campo Grande por duas vezes. Obras e mais obras por ele edificadas, ainda de grande valor social para a população, continuam intactas, imunes a ação do tempo. Nunca é tarde para fazer justiça ao admirável homem público, hoje com 78 anos de idade. Já dizia o filósofo Jean Paul Sarte: ‘o homem é a sua história”.
CAMINHADA Neste 7 de agosto, o desembargador Claudionor Abss Duarte completa 29 anos em nosso Tribunal de Justiça, por indicação da OAB-MS, ocupando todos os cargos daquele pretório. Além de presidir a OAB-MS, chefiou a Secretaria de Justiça e Interior de MS. Formado em 1972, advogou até 1987, e sempre teve bom trânsito e laços com as entidades representativas locais – e especialmente, como produtor rural atuante, como a Famasul e o Sindicato Rural de Campo Grande. Claudionor; um bom caminhante.
‘MUY AMIGOS’ Não tenho ouvido pronunciamentos de petistas locais em defesa do ex-ministro Paulo Bernardo, alvo de denúncias pelo Ministério Público Federal. Neste ritmo, a senadora Gleisi Hoffman ficará sozinha nos protestos. Seria o caso de lembrar a frase do ex-militante e jornalista Fernando Gabeira: “O que é isso companheiro?”
PROBLEMAS Como se preocupar com o caso de Paulo Bernardo, se os petistas já convivem com seus dramas? Além da perda do mandato de senador de Delcídio do Amaral, o deputado federal Vander Loubet foi denunciado pelo procurador Rodrigo Janot na Lava Jato, onde lhe foi atribuída a suposta prática de corrupção em 11 vezes e crime de lavagem de dinheiro em 99 vezes. E mais: o deputado estadual João Grandão tenta reverter a pena de 11 anos e 10 meses de prisão do TRF-1 no processo ‘Sanguessuga’; e a ex-vereadora do PT na capital, Thais Helena, condenada, cumpre pena alternativa por compra de votos; o empresário José Carlos Bumlai (amigo de Lula) está enrolado na Lava Jato. É aquela história: na hora do aperto, cada qual cuida da sua própria ferida.
CONVENCE? Citada nos procedimentos policiais envolvendo seu irmão, o empresário João Amorim, a deputada Antonieta Amorim disse-me estar tranquila e que na justiça provará sua inocência. Pelo visto, ela não se preocupa com o que paira no imaginário popular após tantas notícias negativas das operações Lama Asfáltica e Coffee Break. É bem assim: no Brasil poucos políticos se deixam tocar pela indignação da opinião pública.
PERA LÁ! O cidadão comum não tem intimidade com as regras técnicas da justiça e tem seu próprio código para interpretar as notícias do cotidiano. Para satisfazer seu instinto de entendimento, tem necessidade de respostas na mesma proporção e tom da exposição das notícias denunciativas. Soa como um álibi usual a alegação de que na ‘justiça a inocência será provada’. O brasileiro sabe que o fator tempo corrói, enferruja a justiça. Lembrando: a Operação Lava Jato só ganhou credibilidade porque está colocando na cadeia alguns acusados, além recuperar dinheiro roubado. Certo?
“Um sucesso, a Olimpíada. Até agora não roubaram a tocha”. (Solda)