Eleições: produzem sonhos, mas geram órfãos
LUZ PRÓPRIA: Rumo ao 5º mandato, Marcio Fernandes foi o único deputado do MDB a apoiar Eduardo Riedel (PSDB) no 2º turno. Ignorou a questão partidária por se identificar com o Governo de Reinaldo Azambuja, de quem é parceiro e pela notória capacidade administrativa de Riedel. Aliás, esse apoio a Riedel teve o aval de lideranças políticas parceiras do parlamentar há muitos anos.
LEVY DIAS: Deputado estadual por MT, deputado federal por três mandatos, prefeito de Campo Grande duas vezes e senador. Um bom papo. Apesar das dores na coluna fez questão de ir votar. Ele elogiou o governo de Reinaldo Azambuja (PSDB) e ainda teceu comentários positivos a Eduardo Riedel e Tereza Cristina, seus dois amigos eleitos.
ESPECULAÇÕES: São efervescentes nesta fase pós-eleitoral, retratam as conversas de bastidores sobre possíveis nomes em cargos na próxima administração. Claro que neste contexto há também o costumeiro exercício de imaginação da opinião pública e da própria imprensa, que sempre acaba adicionando algo mais. Tudo isso faz parte da política.
COBIÇA: Evidente que deputados veteranos e novatos sonham em ocupar um cargo na mesa diretora da Assembleia Legislativa. Sempre foi e sempre será. Vários fatores influenciam e até podem decidir na hora agá. Pesam o bom trânsito do parlamentar entre os colegas, sua imagem, seu partido e principalmente suas relações com o Executivo.
CAFÉ DOCE: Uma boa definição do mandato de presidente da casa é do ex-deputado Waldomiro Gonçalves (apelidado de Juruna por Londres Machado). Ao seu estilo agradável Waldomiro resumia bem: “na presidência o café é bem delicioso”. Waldomiro foi o único a presidir o Legislativo do antigo Mato Grosso (made in Cuiabá) e do MS.
APOSTAS: Após o 1º turno os comentários de bastidores indicavam o deputado eleito Junior Mochi como bem cotado para a presidência da casa. Mas veio o 2º turno e Mochi ratificou o apoio de Puccinelli (MDB) ao candidato Contar, criando então o clima de animosidade com o Governo. Portanto, o panorama agora é outro bem diferente.
EXPLICO: De início a deputada Mara Caseiro (PSDB) manifestou interesse pela presidência. Seu partido tem seis cadeiras, um fator relevante, mas não decisivo. Mas o aliado do Governo – deputado Gerson Claro (PP) também tenta viabilizar seu nome entre os colegas da casa, inclusive junto aos petistas. Portanto, a concorrência está no ar.
LONDRES MACHADO: Ouvindo mais do que falando, o experiente parlamentar vem sendo consultado pelos colegas sobre essa batalha surda nos bastidores. Estrategista, o ‘Chinês’ tem peso mais pelo poder de influência e aconselhamento. Além do mais, ele tem ‘linha direta’ com o governador Reinaldo interessado em eleger um presidente de sua confiança.
PAULO CORRÊA: Cumprindo gestão brilhante, vencendo inclusive a pandemia, por força da legislação, ele não pode concorrer novamente a presidência. Daí que o deputado do PSDB tem também peso enorme nestas relações que antecedem a escolha dos nomes que comporão a futura mesa diretora. No saguão da casa, seu nome é bem cotado para a 1ª. Secretaria.
QUESTÕES: Eleitos, os deputados precisam corresponder às expectativas de seu eleitor mais interessado em benefícios do que em guerra partidária ou algo parecido. O deputado pode até se promover ao radicalizar contra o Executivo, fazer demagogia na tribuna, mas se seus pedidos não forem atendidos, cairá em descrédito na sua base eleitoral. É assim que funciona.
DE LEVE: Estreantes no Legislativo estadual dever agir sem delírios. Devem estar conscientes de seus poderes, limitados e com prazo de vencimento. Portanto, eles não conseguirão reinventar a roda ou ressuscitar o Mar Morto. Recomendo-lhes – antes da posse – um café filosófico com o experiente Londres Machado para não agirem com precipitação e arroubos.
TEREZA CRISTINA: A bisneta de Pedro Celestino e neta de Fernando C. da Costa foi a sensação das urnas com 829.112 votos (60,86%). Antes da posse questionam seu futuro, mas ela já antecipou que cumprirá o mandato na íntegra por várias razões. Disputar a prefeitura de Campo Grande? Jamais. O ex-senador Levy Dias, por exemplo, aposta no potencial dela no Senado.
RADAR: Cada eleição tem seu enredo, coadjuvantes e protagonistas. Essa que tivemos foi diferente de todas as outras. Mas também não se pode negar que esse pleito não possa influenciar nas eleições de 2024. Tudo vai depender do desenrolar da política no futuro. Às vezes um nome em destaque hoje, amanhã estará queimado ou no ostracismo.
CAPITAL: A prefeita Adriane Lopes vai impondo seu estilo e agora em parceria com o Governo Estadual que continuará em 2024. Além dela, outros nomes são ventilados: o deputado Beto Pereira (PSDB), o ex-ministro Luiz H. Mandetta, a deputada eleita Camila Jara (PT), o Juiz Odilon (PSD), o presidente Ricardo Ayache da Cassems, o ex-governador Puccinelli (MDB), Rose Modesto (União Brasil e Capitão Contar (PRTB).
FIRME & FORTE: Impressionou a todos – mais uma vez - a vitalidade eleitoral do governador Reinaldo Azambuja que suportou com altivez as provocações e críticas dos adversários para derrotá-los de forma massacrante. É hoje o grande nome do cenário estadual com poder de influência inquestionável. Convém não subestimar sua força nas eleições de 2024.
CAPITÃO CONTAR: Tem o mérito do desprendimento corajoso da candidatura. Mas faltou-lhe estrutura e experiência no enfrentamento de adversários calejados. Sem grupo partidário forte e sem mandato terá dificuldades para sobreviver politicamente até 2024. A vitória de Bolsonaro poderia ajudá-lo, mas sem cargo pode perder o espaço. Quem não é visto...
NO ALVO: Lula e Zeca foram os personagens motivacionais do desempenho do PT no Estado do agronegócio. Lula chegou a 40,51% dos votos e Gisele Marques aos 9,42%. Sem contar a eleição de Camila Jara e Vander Loubet para a Câmara Federal, além de Amarildo Cruz, Pedro Kemp e Zeca do PT para a Assembleia Legislativa. Fizeram bonito.
MURILO ZAUITH: Conseguiu vencer a luta dura e longa contra a Covid-19. A melhor, mas sua única vitória. No campo da política o vice governador – após colidir com o governador Reinaldo afastou-se completamente da administração. Assediado pela candidata Rose Modesto (União Brasil), apenas deu apoio informal. Aos 72 anos de idade definitivamente é carta fora do baralho. A vida é bela – convém aproveitá-la.
PEDRO CARAVINA: Ex-prefeito da pequena Bataguassu demonstrou garra ao se eleger com 31.952 votos. Mas eleito, não foi para casa como costuma ocorrer e continuou pedindo votos para Eduardo Riedel. O resultado gratificante – segundo ele. Conseguiu a virada de resultados em cidades onde o candidato tucano havia perdido no 1º turno. Isso se chama fidelidade.
NOVOS ÓRFÃOS: Se você prestar atenção nas eleições anteriores verificará que todas elas produziram órfãos pela derrota de velhas lideranças. Veja por exemplo mais esse desastre do MDB sob o comando de Puccinelli, que teimosamente escolheu sua companheira de chapa e cometeu equívocos na campanha. Os seus eleitores cansados de perder estão decepcionados. Envelhecido, o partido não oxigenou por interesse de seus caciques. E agora?
PILULA DIGITAL:
O ideal é o vencedor sem soberba e o perdedor sem ódio. (na internet).