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Manoel Afonso

Eleições: vamos superar a desilusão com a política?

Manoel Afonso | 18/05/2018 11:02

CONTRADIÇÕES Aumentou o descrédito com a política graças aos escândalos envolvendo os políticos, justamente quando se aperfeiçoam os mecanismos da transparência para fiscalizar e punir os agentes públicos por atos ilegais. Também cresce o temor de eventuais pretendentes a vida pública pelos riscos de ver manchada a biografia perante a comunidade e a justiça. Aí, desistem.

DESAFIO Os candidatos precisam incorporar urgentemente aos seus programas e plataformas o discurso da moralidade administrativa. Mas poucos estarão a vontade para isso. Em quase todos os partidos existem personagens investigados/denunciados por corrupção e outros desvios. Aliás, os partidos são coniventes com a corrupção como ficou demonstrado na Operação ‘Lava Jato’.

O DISCURSO contra a corrupção ainda é tímido, salvo exceções. O combate a corrupção como tema de campanha ou mote de governo incomoda, não é importante. Prefere-se falar de meio ambiente, igualdade racial, desemprego e outros temas. Mesmo na Assembleia Legislativa, não tenho ouvido pronunciamentos contundentes a respeito. Esquisito. Não?

A PERGUNTA que não se cala: o discurso contra a corrupção vai ganhar votos e atrair a indignação dos eleitores inconformados com o atual estado de coisas? Na edição passada citei o conselho da mãe do bilionário americano Nelson Rockefeller que queria entrar na política. Pois é: se vivesse aqui atualmente, ela “não mandaria o filho deixar a política para seus empregados”. Diria: “ não filho, deixa a política para os malandros – vamos continuar trabalhando”.

ESSA ESQUERDA... Vive no mundo da conveniência e sem coerência! Embora alegando “eu sou da paz...” o ex-vereador de Diadema (SP) Manoel E. Marinho (‘Maninho do PT’) e seu filho Leandro Marinho cometeram ato bárbaro na noite de 5 de abril último em frente ao Instituto Lula (São Paulo), quando agrediram o empresário Carlos A. Bertoni, deixando-o gravemente ferido prostrado ao solo e sem prestar socorro como a TV mostrou.

ESSA ESQUERDA... Na manhã do último dia 12, na frente de uma escola em Suzano (SP), a policial militar Kátia da Silva Sastre matou a tiros de revolver o assaltante Elivelton Neves Moreira. Apesar das circunstâncias e da presteza profissional da policial, a esquerda dos ‘Direitos Humanos’ questiona a sua conduta alegando excesso e espetacularização. Já quanto a tentativa de homicídio do ex-vereador ‘Maninho do PT’ e seu filho - não houve qualquer manifestação pedindo as punições deles.

‘ESQUENTA’ Repetir os 8.788 votos em Três Lagoas do pleito de 2014 é o desafio do deputado estadual Eduardo Rocha (MDB). O cenário estadual mudou, a prefeitura está nas mãos do bem avaliado Ângelo Guerreiro (PSDB) e o distanciamento da senadora Simone Tebet (MDB) é visível. O advogado e vereador André Bittencourt (PSDB) é um dos apoiados pelo prefeito Guerreiro para a Assembleia Legislativa. Para a Câmara Federal concorrerá o médico e vice prefeito Paulo Salomão (PSDB), filho de família tradicional da cidade. Portanto, um novo ciclo político em marcha na cidade.

‘REI DO NORTE’ Confortável a situação do deputado estadual Junior Mochi MDB)que tem luz própria. Obteve 35.297 votos no pleito de 2014 e hoje é beneficiado pela atuação também junto a municípios fora de sua base e pelos reflexos da visibilidade política que a presidência da Assembleia proporciona. Tenho conversado com prefeitos e vereadores da região norte e percebo a musculatura política de Mochi. 

DESASTRE? No pleito de 2014 o ex-senador e candidato Delcídio do Amaral pelo PT obteve 567.331 votos. Apesar da derrota possibilitou a eleição de 4 deputados estaduais do partido. Virada a página, hoje as perspectivas não são animadoras levando-se em conta os números do pré-candidato Humberto Amaducci nas últimas pesquisas. Para piorar, a candidatura do PT ao Palácio do Planalto tende a naufragar se o ex-presidente Lula (PT) ficar de fora. Cabe o trocadilho: uma coisa afunda a outra.

NELSINHO TRAD Na eleição para o Governo do Estado em 2014, o ex-prefeito da capital era do MDB e obteve apenas 217.093 votos. Sem surpresa, pela falta de estrutura de campanha (preguiçosa) e armações nos bastidores, onde parte do seu partido fez acordo com o então candidato petista Delcídio. A própria postura do ex- governador André Puccinelli (MDB) sinalizava essa simpatia – em retribuição as generosas verbas liberadas pela presidente Dilma Roussef (PT). Será que Nelsinho (PTB) aprendeu a lição?

LULA E GIROTO Ainda presos mas sonhando com o poder. Quanto ao ex-Presidente da República a situação é irreversível. Quanto ao ex-deputado federal (Edson) pelo PR leva a vantagem de não ser condenado em 2ª. instância. Mas há questão moral que nestes tempos de indignação conta muito. No saguão da Assembleia Legislativa comentou-se que ele cederia a vaga para o ex-conselheiro Cícero de Souza – já filiado ao PR. Mas não procede: Cícero tem horror de avião e toparia voltar a Assembleia Legislativa, onde já foi presidente inclusive.

‘MUY AMIGO’ Os políticos se igualam: falam só o que lhes interessam. Em recente entrevista a rádio CBN na capital, o ex-governador Puccinelli (MDB) – embora não tivesse sido perguntado – não fez referências ao ex-deputado Edson Giroto (PR) , aos episódios ( dele André) que culminaram com sua prisão/ tornozeleira eletrônica e nem sobre as denúncias de corrupção nas obras do Aquário do Pantanal com desvios de R$2 milhões segundo a Polícia Federal em 11/05/2017. Puccinelli falou muito, mas escondeu o principal. E pergunta-se: ele já visitou Giroto e o empresário João Amorim ( Solurb) na cadeia?

INFLAÇÃO O eleitor pode até não perceber mas ela existe também nas campanhas eleitorais. Tenho ouvido notícias interessantes sobre a relação entre vereadores e candidatos. Ignorando a tal lealdade partidária e outros aspectos locais, vereador de cidade pequena está pedindo R$30 mil para atuar como cabo eleitoral. O candidato fica em dúvida; se pagar adiantado não há garantia do trabalho e lealdade do vereador; se não fechar o ‘negócio’, pode perder votos para a concorrência. Imagine o papo entre o candidato e vereador. É melhor tapar o nariz.

O PALADINO Em março de 2004 o então ministro de Casa Civil, José Dirceu (PT), disse: “Eu sei que todos que estão nesta convenção sabem que nós estamos mudando o Brasil. Primeiro porque acabou a corrupção no governo do Brasil...( )”. Agora o TRF da 4ª. Região rejeitou seu recurso contra a sentença do juiz Sergio Moro que o condenou a 30 anos e 9 meses de reclusão. Fará companhia aos companheiros do PT ‘hospedados’ na ‘pensão’ em Curitiba’.

RECORDAR é viver. “Nós criamos um partido para ser diferente de tudo o que existia. Esse partido nasceu para provar que é possível fazer política de forma mais digna, fazer política com ‘P’ maiúsculo” – discurso de Lula em maio de 2014. “Até quando vamos fingir acreditar na autoproclamação do “homem mais honesto do país”, enquanto os presentes, os sítios, os apartamentos e até o prédio do Instituto Lula são atribuídos a dona Marisa?” ( trecho da carta do ex-ministro Palocci pedindo a desfiliação do PT)

DOIS ANOS... O tempo passa! Em11 de maio de 2016 foi cassado do mandato do ex-senador Delcídio do Amaral (PT). No dia 17 seguinte o suplente Pedro Chaves (PRTB) assumiu e faz bonito: relator da Reforma do Ensino Médio; protagonista do empréstimo no BID para implantar o projeto, relator do Projeto da Ponte Bioceânica do rio Paraguai em Porto Murtinho, responsável pela viabilização econômica do Projeto Reviva Centro na capital, relator da Reforma do Código Comercial e da Lei do Pantanal, além de defender a implantação da Zona Livre em cidades fronteiriças. Ainda viabilizou recursos superiores a R$93 milhões para áreas diversas dos municípios do MS. 

PLACAS ZERO Será que é tão difícil e caro identificar as ruas com placas? Em cidades paulistas as prefeituras recorrem aos patrocínio comercial que oferece retorno financeiro aos patrocinadores pela visibilidade proporcionada. Aqui em Campo Grande, os últimos prefeitos não deram importância ao problema e nem os vereadores abraçaram a causa. Vergonhoso cobrar um ato administrativo tão elementar. Francamente...

DR. ODILON O candidato ao governo pelo PDT parece ter convencido a todos de que veio para ficar. Evidente que enfrenta um mar de dificuldades – a começar pela pouca estrutura partidária financeira. Os adversários atentos - não perdoam qualquer deslize dele como a referência à Ditadura Militar. Mas é preciso ser levado em conta o alto índice de eleitores que não se manifestaram nas pesquisas. Elas seriam idôneas ou adotariam o critério PG – pagou ganhou?

PRA PENSAR...Um major e dois tenentes-coronéis entre os 20 militares presos pelo Gaeco e a Corregoria da Polícia Militar. O que estarão pensando os subordinados destes colegas graduados que deveriam dar bom exemplo? O que estará pensando a população destas cidades comandadas pelos ‘ilustres’ oficiais. Fica a dúvida natural: eles seriam capazes apenas de facilitar o crime do contrabando de cigarros ou ‘algo mais’? A polícia virou caso de polícia. Socorro!!! E pra quem? O Chapolim Colorado agora só na TV a cabo.

DECIDE? Com 37% do eleitorado do MS, Campo Grande atrai os políticos. Em tese o seu prefeito capitaliza cacife eleitoral para até decidir a sucessão estadual. Assediado, o prefeito Marcos Trad (PSD) tem sido um contorcionista. Ele é sabido – sabe qual é o caminho para chegar ao Parque dos Poderes. Age como o seu pai (ex-deputado Nelson Trad (PTB), que não se revoltou em público quando o ex-governador Pedro Pedrossian o sacaneou naquela campanha para prefeito da capital. Marquinhos também assimilou discretamente como deputado - as sacanagens do ex-governador Puccinelli.

“Ninguém vai queimar um pneuzinho no asfalto pro Zé Dirceu?” ( na internet)

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