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Manoel Afonso

Mutretas e laranjas no patrimônio de políticos

Por Manoel Afonso | 19/01/2024 08:15

COMPARANDO: A origem da riqueza de alguns políticos no país é misteriosa. Neste ponto o ex-prefeito Ludio Coelho era elogiado pela postura coerente. Não escondia sua riqueza - comparado ironicamente aos políticos da ‘economia subterrânea’, usuários dos chamados ‘laranjas’. O perigo: em caso de óbito, a viúvas se negam a devolver o patrimônio ao chefe (legítimo/imoral dono).

TRANSPARENTE: A citação de Ludio como referência se justifica por vários fatores. Seu ‘DNA familiar’ era conhecido, a exemplo de sua evolução patrimonial. Ludio tratava do assunto com naturalidade oceânica até nas conversas informais. Não tinha porque esconder ou fingir que não era rico. Tudo era limpo, sem mutretas.

‘LARANJAIS’: Espalhados pelo Brasil beneficiam líderes políticos de todos níveis: de poderosos do Planalto a prefeitos. Fazendas, Bovinos e equinos P.O, imóveis, empresas de fachada e aplicações terceirizadas constituem esse universo nebuloso. Políticos espertos usam as brechas da lei para a ‘multiplicação dos pães’.

ARTHUR LIRA: O escândalo envolvendo o poderoso político alagoano e sua ex-mulher na partilha de bens mostra a realidade decorrente de manobras diversas. Pasmem! Ela alega que o patrimônio dele em 2006 seria de R$13 milhões, mas no TSE era só de R$ 695 mil. O presidente da Câmara Federal seria mais um exemplo?

PRAGA: É mundial! Documentos vazados revelam ‘segredos financeiros’ de 35 atuais e de antigos líderes mundiais, além de 300 ocupantes de cargos públicos em mais de 90 países. Na extensa lista, o rei da Jordânia, presidentes do Equador, Ucrânia, Quênia e o ex-ministro Tony Blair e Vladimir Putin. Enfim, muita gente graúda nesta barcaça.

MUTRETAS: Cabe bem o lembrete popular de que ‘na vida do político brasileiro o bom contador é uma figura indispensável’. Cito aqui a histórica prisão do lendário gangster Al Capone graças ao fisco por sonegar o Imposto de Renda. E pergunto: você conhece alguém que mofou na cadeia por esse motivo? Soltos, já pedem votos por aí.

DOURADOS: Agora no comando do PL local, Rodolfo Nogueira busca unificar os discursos e ações para as eleições municipais. Eleito com 41.773 votos o deputado quer agir com sensibilidade e democracia - ouvindo as lideranças da sigla em sintonia com os cidadãos do 2º colégio eleitoral do MS. Ele sabe: Dourados, una, incomparável. 

XICO GRAZIANO: “Embora alguns produtores rurais ainda percam o sono com medo do comunismo bater a sua porta, a maioria percebeu que entra governo, sai governo, o agro é maior que o poder de plantão. Seu sucesso depende mais de si que do que o beneplácito de outrem. O agro não tem dono, nem depende de mitos, nem suporta qualquer algoz...(-).”

A PERGUNTA: No seu discurso de posse na Academia Brasileira de Letras (1999) o ex-embaixador Roberto Campos se referiu a pergunta que lhe fez o presidente John Kennedy (1961): “Por que, no Brasil e na América Latina, há um viés favorável entre artistas, escritores e estudantes, ao modelo soviético, maquilado de “socialismo real”?

OPINIÃO de R. Campos: “Deveria ser o contrário. Os estudantes adoram mudanças e a sociedade mais experimental são os Estados Unidos, com sua multiplicidade de raças e religiões, pluralismo político e abertura a inovações. Quanto aos escritores e artistas presume-se que desejem liberdade criadora de pensamento e expressão. E isso inexiste na União Soviética.”

SABIA? Roberto Campos nasceu em Livramento (distrito de Cuiabá). A família morou na zona rural de Corumbá e depois São Paulo visando educar os filhos. Sua mãe Honorina foi trabalhar de costureira. No auge do café mudaram para Guaxupé (MG) e depois Juiz de Fora. Com boa formação cultural de seminarista ingressou no Itamarati e em 1939 casou-se em Batatais (SP) onde residira ainda solteiro.

SUPERADOS? Sem mandato, políticos ensaiam candidaturas ao executivo e ao legislativo em várias cidades, inclusive na capital. Ouço seus argumentos de sede de poder. Entendo seus sonhos mas lembro das mudanças na cabeça do eleitor e dos riscos de vexame. Eles, preferem mentiras leves de bajuladores do que as verdades duras.

APOSTA: Para Reinaldo Azambuja (PSDB) vencerão os candidatos com as melhores propostas para suas cidades. O ex-governador entende que o peso do apoio de lideranças políticas não seria o fator decisivo. ‘Data vênia’, não seria bem assim. Valem também o currículo dos candidatos e a ‘mão mágica’ no final de campanha. Sabe como é... 

‘BOLSA DE VALORES’: As eleições municipais nas pequenas cidades deste ‘Brasil de meu Deus’ inflacionam a cotação do voto. Claro, quanto menos votos na cidade mais eles valem. Aí o eleitor espertalhão aproveita para tirar vantagem. O surreal é que esse eleitor comercializa (promete) o voto para vários candidatos à vereança principalmente.

INVESTIMENTO? Há candidatos que fazem as contas para saber se vale mesmo a pena gastar na candidatura a vereança. Eles querem saber quantos meses de salários serão necessários para conseguirem reaver o dinheiro que foi investido na campanha (presume-se vitoriosa). Já ouvi vários relatos de vereadores neste sentido.

RENOVAÇÂO: Quase sempre ela ocorre. Mais pelo sentimento de renovação do eleitor. Troca-se seis por meia dúzia. É o velho longa metragem exigidos a cada 4 anos onde só mudam os protagonistas. Sem atinar à questão do quociente eleitoral, o eleitor atira num passarinho e acerta um jacaré. Em resumo: vota no Zé e elege o João. 

“A PARTILHA”: A ‘guerra’ entre herdeiros abordada na peça teatral de Miguel Falabella é reprisada agora na herança de Pelé. Nestas horas a falta de pudor não prioriza, nem discrimina classes sociais. Divergências, mágoas, roupas sujas expostas no varal da mídia. Como se diz: terapia não resolve. Quero uma boa herança. 

MARIO SABINO: “Lula resolveu apoiar a denúncia contra Israel. Os israelenses estariam cometendo genocídio em Gaza. O Brasil está em boa companhia: entre os apoiadores estão Bolívia, Malásia, Jordânia, Maldívas, Namíbia, Paquistão, Colômbia, a Liga Árabe, Arábia Saudita e Irã, entre outras nações civilizadíssimas e muito respeitadoras dos direitos humanos...( - ).”

FRASES DE GUIMARÃES ROSA em ‘Grande Sertão Veredas’ 

“A vida dá muitas voltas, a vida nem é da gente.”

“O espírito da gente é cavalo que escolhe estrada.”

“Medo não, mas perdi a vontade de ter coragem.”

“Obedecer é mais fácil que aprender.”

“Natureza da gente não cabe em nenhuma certeza”.

“O bom da vida é para cavalo, que vê o capim e come”.

“A morte é para os que morrem”.

“Deus é paciência. O contrário é o diabo”.

“Quem desconfia fica sábio”.

“Tive medo não. Só que abaixaram meus excessos de coragem”.

“Mestre não é quem sempre ensina, mas quem de repente aprende”.

“Onde é que está a verdadeira lâmpada de Deus, a lisa e real verdade”.

“Cavalo que ama o dono até respira do mesmo jeito”.

“Como não ter Deus?!”

“A colheita é comum, mas o capinar é sozinho. ”

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