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Manoel Afonso

Oposição sem indignação?

Manoel Afonso | 11/10/2013 19:01

OPOSIÇÃO A sua conceituação – junto à classe política - não é a mesma de outros tempos por razões óbvias, mas tem o objetivo único: o poder. Os partidos são iguais, tal qual o povo asiático. As identidades entre eles maiores que as divergências.

MESMICE As declarações de Eduardo Campos e Marina Silva no ato de filiação da última comprovam: a oposição desvia do embate frontal (direto), optando por desvios e metáforas suaves com a proposta de que é possível fazer melhor.

RESULTADO Essa postura tímida passa a imagem de fragilidade, falta de brilho e de indignação aos olhos da opinião pública. Eu gosto sempre de lembrar: oposição precisa vir acompanhada da indignação. Mas ela virou coisa rara atualmente.

MEMÓRIA As imagens de Lula e Alckmin no debate do horário eleitoral mostraram a diferença da exteriorização da indignação. Quanto a Marina e Eduardo, pelo próprio estilo deles, não encarnam a figura de indignados. Bonzinhos demais.

QUEM MAIS? Serra, Aécio, algum senador ou figura ilustre da iniciativa privada? Os dois primeiros se desbotaram, no Senado não há gente à altura e os empresários, acuados pela carga tributária, cuidam da própria sobrevivência.

2º TURNO Pesquisas indicam essa possibilidade que o Palácio do Planalto quer evitar custe o que custar. Discute-se a transferência de votos e eventual influência nas urnas do desempenho da seleção brasileira na Copa do Mundo. Sabe como é...

COMPLICAÇÕES A sintonia entre Marina e Eduardo não será fácil. Ela já espantou Caiado por ser ruralista e destruidor das florestas e novos estragos virão. Se continuar depurando aliados como Paulo Bornhausen (SC) sobrará pouca gente.

PALANQUE A dupla neo-socialista surpreendeu a todos, inclusive o PT. Mas qual deles será cabeça de chapa? Ainda não se sabe o critério para resolver a questão e qual será a receptividade nas populosas e decisivas regiões sul e sudeste.

TUDO CERTO? Pelo discurso da ‘oposição’ parece que vivemos sem problemas, no ‘país da Alice Maravilha’. Impostos justos, estruturado, sem corrupção, a justiça impecável e o Governo ético, de causar inveja a uma Suécia qualquer.

ATÉ TÚ JULIO? Só ouço críticas ao presidente da OAB no episódio escabroso com o a prefeitura da capital. Ele usa a entidade na ‘nota de esclarecimento’ na mídia, quando o caso envolve sua pessoa como advogado-presidente. Virou pato manco.

O PREÇO Com que moral a OAB vai tocar o dedo nas feridas alheias se seu presidente deixa dúvidas na condução ética. A nomeação de próprios companheiros para apurar sua conduta provoca piadas irônicas nos corredores do fórum.

REFLEXÃO O jogo de interesses é grande. Conheço bem os meandros da OAB. Mas não se deve esquecer o silêncio constrangedor das lideranças da classe que apoiaram o presidente. Nesta hora os criadores, envergonhados, se escondem da criação.

NA TELINHA O PDT diz que ficou ao lado dos trabalhadores, quando na verdade ficou ao lado do poder. Os brizolistas foram expurgados e o partido vive de comissões provisórias. Não há mais encanto: apenas interesse pessoal dos dirigentes.

BRIZOLA Que falta ele faz nestes tempos de escassez de lideranças. Fico imaginando ele falando a respeito do Mensalão e das barbaridades cotidianas de Brasília. Depois de sua morte o discurso de Lula ficou sem o ‘contra ponto’. Infelizmente.

PENSANDO MS... O PSDB local investiu alto no horário eleitoral mostrando imagens que se tornaram comuns na caça aos votos. Mas Azambuja e nem os deputados tocaram na questão das demarcatórias indígenas que afligem os produtores rurais.

ESTIGMA Se em Brasília o partido é opaco, aqui é dúbio e coadjuvante. Imagino que se Azambuja tivesse sua fazenda tomada pelos índios – a exemplo de Ricardo Bacha – certamente iria incorporar a indignação ao seu discurso na televisão.

LAMBANÇA Bernal mostra: entre o discurso eleitoral e a pratica administrativa a distância é enorme. Despreparado e centralizador, não conseguiu ainda montar uma equipe de governo à altura da capital. Vai sobreviver a essa tormenta?

LAMENTÁVEL As administrações da capital foram exitosas porque o planejamento foi bom. Verbas federais vieram, pois os projetos atendiam as exigências ministeriais. As notícias mostram: começamos a perder investimentos por conta disso.

UMA ZORRA Os interesses individuais sobrepõem aos demais na Câmara. Na votação contra Bernal as velhas praticas são visíveis; um vereador viaja, o outro ‘pensa’ e assim por diante. Na plateia, a galera encomendada lembra programa de calouro.

BOLA DE CRISTAL Talvez com ela a gente consiga decifrar o quadro sucessório no MS. Quando se imaginava que PMDB-PT já estivessem de alianças surge o troca-troca partidário que aparentemente muda o cenário das forças partidárias.

QUESTÕES Onde o PSB entra na sucessão de MS? Além de Murilo, tem mais gente de peso? Como apoiar Dilma para presidente? Pois é! Construir um palanque próprio num cenário diminuto e já polarizado é uma tarefa hercúlea.

PESQUISAS Novamente elas estão aí para apimentar o cardápio. Delcídio se mantém equilibrado na interpretação delas, mas confiante nos números que lhe são favoráveis. Mas sutilmente deixa as portas abertas para ‘um café amigo’.

A política falida: políticos de futuro sem passado; os de passado sem futuro.

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