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Manoel Afonso

Os políticos ‘ignoram’ a ação do juiz Moro. Por que?

Manoel Afonso | 15/07/2016 10:00

NA VEIA “Até agora, o Executivo e o Congresso não fizeram uma contribuição significativa na luta contra a corrupção. Poderiam ter proposto e aprovado leis melhores para prevenir a corrupção. Poderiam ajudar os agentes de Justiça de outras formas. Sua omissão é muito decepcionante”. (juiz federal Sergio Moro)

A DECLARAÇÃO do magistrado soa em tom de desabafo. Embora vários segmentos da sociedade apoiem sua postura na Lava Jato, o Congresso Nacional se mantém silencioso ou encurralado, quer pela marca da suspeita ou da culpa de seus pares.

EVIDENTE: Se a presidente afastada Dilma Rousseff (PT) não tinha interesse em abraçar a causa da Lava Jato, como ficou patente no episódio do termo de posse que enviou à Lula, o presidente Michel Temer está desconfortável pelas denúncias que atingem gente de sua equipe e de seu partido, o PMDB.

CARLOS MARUN Sacrificá-lo por que? Ora! Nunca, antes um deputado federal de MS teve tanto destaque na mídia e na Câmara Federal como ele. Nada mais natural de que defenda os interesses políticos de seu partido, o PMDB, do deputado Eduardo Cunha.

LEMBRO: Na política, a carreira é curta quando não se tem um grupo. O deputado Marun não conquistou o espaço no gigantesco time do PMDB por acaso. Aguerrido e excelente no debate institucional, mostrou que tem lado e que é fiel a sua agremiação.

ELEIÇÕES O apoio do PSB à pré candidatura de Rose Modesto (PSDB) à Prefeitura da Capital repercutindo. Além de outros aspectos, pesa o fato de a deputada federal Thereza Cristina e do deputado licenciado Carlos Barbosa, o Barbosinha, terem participado do time de frente do ex-governador André Puccinelli (PMDB).

O BALANÇO do primeiro semestre da Assembleia Legislativa é muito bom. Destaco as 63 sessões ordinárias, 16 audiências públicas, 153 projetos aprovados, 1.510 indicações, 105 requerimentos, 298 moções, 15 reuniões da CPI do Cimi, 10 reuniões da CPI dos Combustíveis, 16 reuniões da CPI do Ação/Omissão.

JUNIOR MOCHI Equilibrado, sem perder a autoridade institucional do cargo, o deputado vai bem na presidência da Assembleia Legislativa, onde o clima é leve, sem episódios que comprometam a imagem do poder. Além disso, superou a questão partidária no diálogo com o Poder Executivo.

HABILIDADE Não falta ao deputado Jr. Mochi. Embora afilhado político do ex-governador Puccinelli, convive bem com o governador Reinaldo Azambuja (PSDB). Paulista de Itápolis, Mochi adotou o estilo mineiro, o que lhe garante bom trânsito e quem sabe, a desejada longevidade na vida pública.

FUTUROLOGIA O que será do PMDB ao não disputar a Prefeitura da Capital e se sair derrotado nas principais cidades do nosso Estado? Com a possível aposentadoria do ex-governador Puccinelli, quem reuniria condições para substituí-lo como líder maior?

O PARTIDO estava acostumado a surfar no poder, mas as divergências internas foram minando a unidade do PMDB. E lembro: historicamente a sua liderança sempre esteve centrada em Campo Grande. É daqui que sempre irradiou o poder de influência. É um caso para se pensar.

O GOVERNADOR Reinaldo Azambuja (PSDB) sabe; se jogar certo terá um futuro brilhante após esse mandato executivo. É novo, sem desgastes, tem discurso e aos poucos atrai gente de expressão política. O importante: hoje a opinião pública está do seu lado. Sinto isso.

A POLÍTICA, como tudo na vida, é feita de ciclos. A história do Estado mostra isso. Começou com os ex-governadores Pedro Pedrossian, passou por Wilson Martins, Zeca do PT e André Puccineli. O clamor pela renovação foi decisivo em vários momentos.

VERGONHA “Antes a gente saia de Dourados lamentando os buracos de seus ruas e sentia alívio ao chegar na bem cuidada Campo Grande. Hoje, a situação é inversa: a capital cheia de buracos, abandonada e Dourados está uma beleza”. Do secretário de Justiça Barbosinha, em seu discurso no evento do PSB em apoio a candidatura da vice governadora Rose Modesto.

‘ARCO DA VELHA’ Já em 64 a.C., o grande Cícero usava em Roma o marketing político assim definido: “três são as coisas que levam os homens a se sentir cativados e dispostos a dar apoio eleitoral: um favor, uma esperança ou a simpatia espontânea.

CONCLUSÃO: Ao longo dos séculos, o escopo do marketing na política manteve o formato básico de vender ou oferecer esperança. Evidente que as inovações ficaram por conta das ferramentas tecnológicas e as formas profissionais de tentar seduzir o eleitor.

QUESTÕES Como seguir as três dicas usadas em Roma por Cícero? Favor ainda é possível desde que não implique em gastos; esperança é promessa de dias melhores; simpatia espontânea dispensa explicações por motivos óbvios.

SEM MÁSCARA Dezenas de indígenas participaram quinta-feira (14) de manhã, em frente ao prédio da Assembleia Legislativa, de manifestação relativa a questão da terra. Marcou a participação de um religioso da Igreja Católica, comprovando assim a procedência das denúncias na CPI do Cimi quanto às relações entre igreja e índios.

É PENA O nível ruim das Câmaras Municipais não é fruto exclusivo do eleitorado de baixo nível de escolaridade e informação. Está atrelado também ao pessoal que se diz aculturado e com melhor renda, mas que se omite ou vota só para cumprir tabela.

SAIA JUSTA Repercute a ida do ex-vereador da capital Valdir Gomes à Câmara Municipal na quinta-feira. Em inflamado pronunciamento, contestou as ofensas que sofrera em mensagens de vereadores – via whatsApp – ironizando a sua opção sexual. Um tiro no pé em ano de eleições.

QUE NÍVEL! Na eleição para a presidência da Câmara Federal deu para sentir o seu nível. Nove candidatos ao cargo tinham rabo preso na Justiça. O pífio ‘centrão’ - 217 integrantes - de maioria do baixo clero, sem expressão, especialistas em negociar apoio ao Planalto por benesses.

ENFIM... O ‘centrão’ sempre existiu. Mas foi no Governo Lula ganhou maior consistência. Lula acolheu os partidos nanicos e lideranças carentes por benefícios e assim aprovava as matérias de interesse do Planalto. Enfim, esse pessoal não tem comprometimento com a Nação, lembra o personagem ‘Justo Veríssimo’.

“Quando terminar a Olimpíada, a trolha olímpica vai começar a desfilar pelo país” (Solda)

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