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Manoel Afonso

Pesquisas - O perigo da maioria silenciosa

Manoel Afonso | 27/04/2018 10:27

“SÃO TODOS IGUAIS” A frase cada vez mais usual pela população reflete com fidelidade – ainda que irônica – a imagem atual dos políticos. Repousa no imaginário popular um comportamento rente ao chão dos políticos, sem exceções que pudessem livrar os personagens sérios, bem intencionados. Aos olhos críticos, a política seria uma extensão do crime organizado.

MUITO RUIM Aflora um sentimento de repulsa até naqueles cidadãos de bem, que simplesmente optam em se afastar do processo político, ao invés dele participar para melhorar o seu nível. É a velha história: os competentes e honestos se omitem, abre-se espaço para os picaretas sem compromissos com a sociedade.

A LEITURA que se faz da classe política vai além de conchavos interpartidários ( leia-se Fundo Partidário) para se ter uma nova lei eleitoral a cada eleição – ‘em nome da democracia’. Mas o pior viria após as eleições. O Congresso simplesmente votaria a nistia a todos agentes públicos denunciados por corrupção. Quem viver verá!

PREOCUPADO Nas suas andanças o deputado José Carlos Barbosa, o Barbosinha (PSDB), percebe o clima de animosidade na postura do eleitor. Diz: “está difícil atrair as reservas morais das cidades para a vida pública. Em algumas situações ele deixa claro: “antes de ‘estar deputado’ sou advogado de profissão e professor de universidade”. Uma confissão rara.

O NÍVEL “Tô,Tô/Tô usando crack/ Larguei a família, a escola, Parei com a maconha/ A maconha te engorda/Use crack que é mais light...”. Música de sucesso da funkeira DJMC Carol, pré-candidata a deputada federal pelo PC do B carioca. Perto dela os ex-deputados Agnaldo Timóteo e Moacir Franco e os atuais Tiririca (PR) e Sérgio Reis (PRB) são excelentes. Depois não reclame do nível da Câmara!

A GLOBO mostra no “O País Que eu Quero” a indignação pelas mazelas dos governantes e as aspirações do brasileiro. Cidadãos de várias cidades de MS já deram seu recado. É tida como certa a gravação de vídeo em frente ao Aquário do Pantanal em Campo Grande mostrando o desperdício do dinheiro público nesta obra faraônica.

FACADAS Na nossa Capital o custo da escritura de imóvel no valor de R$ 278 mil é de R$ 19.112,50 – dos quais R$ 991,90 é do MPE; R$ 396,76 do procurador-geral do Estado; R$ 595,14 da Defensoria Pública; R$ 495,95 – ISS Prefeitura; R$ 991,90 – Funjec-TJ/MS O total dos penduricalhos ou mordidas é de R$ 3.471,00. E vamos reclamar pra quem? O presidente Sergio Longen (Fiems) denunciou, mas as mudanças não aconteceram.

REJEIÇÃO Pesquisas recentes para a sucessão estadual escondem ou minimizam os números da rejeição de candidatos. Essa leitura do potencial dos concorrentes não é correta, pois a rejeição é a predisposição negativa do eleitor e de dificílima reversão. É mais fácil ao candidato cair no agrado do eleitor do que se livrar da maligna rejeição.

O ELEITOR esconde flores ou porrete para os candidatos que baterem à sua porta? Os percentuais de intenção de votos só se referem a parcela dos eleitores dispostos ao exercício do voto, sem contar a grande maioria dos consultados que não escolheram nenhum deles – além daqueles que anularão o voto ou simplesmente votarão em branco. É aí que porca torce o rabo.

CONCLUSÃO Quem não escolheu esses candidatos nas pesquisas integra a temível maioria silenciosa que pode pender para um lado e decidir a eleição. Sorte dos azarões de plantão. Não seria um fenômeno só de MS, mas nacional. No plano mundial Donald Trump foi beneficiado contra a mídia tendenciosa de esquerda e hoje agrada empresários e operários com o PIB em alta.

O CENÁRIO mudou por vários fatores: descrédito dos políticos tradicionais, rejeição dos partidos de esquerda, a diminuição do período eleitoral e a falta de recursos para contratações de cabos eleitorais. Abre-se a janela aos postulantes novos com discursos voltados à moral, dignidade, honestidade e outros valores violados pela classe política nos últimos anos. Enfim: o velho marketing político não define mais o vencedor.

A FADIGA do voto é uma realidade onde a mesmice eleitoral não trouxe benefícios ao eleitor. Para observadores, é superada a tese de que o exercício contínuo do voto seria o caminho da democracia e da prosperidade. O desalento do eleitor com a corrupção dos candidatos eleitos democraticamente pode desaguar em outras opções fora do contexto. Democracia temperada com a corrupção é boa para quem e até onde?

OTIMISTA Idealizador do Fundersul, o economista José Felício - que serviu aos Governos de Pedro Pedrossian e Zeca do PT já declarou o voto para Chico Maia (Podemos) ao Senado. Classifica a administração de Reinaldo (PSDB) como boa levando-se em conta a realidade nacional e a situação terrível em Estados mais ricos. Entende que a fase crítica ficou para trás, com os investimentos acontecendo hoje em todas as cidades. Grande papo.

NA ESTRADA Eleições de múltiplas opções. O ex-superintendente do Ibama – Dorival Betini (PR) animado com sua candidatura ao Senado. Também o procurador do MPE - Sergio Harfouche (PSC) percorrendo o interior na caça aos votos. Se o primeiro ainda faz mistério, o segundo deve navegar nas águas nervosas de Jair Bolsonaro (PSL) na defesa da família, moral e civismo.

‘CHAPA QUENTE’ Candidatos que imaginaram serem beneficiados com a esperada luminosidade da candidatura de André Puccinelli (MDB) já fazem cálculos preocupantes. As disputas pela Assembleia, Câmara e Senado devem provocar taquicardia. Ao contrário de antes, não se ganha mais eleição só com o nome. O eleitor anda exigente. Se anda!

JUSTIÇA Quando ela condena ou absolve um político ou agente público, ela também acaba sendo julgada pela opinião pública. Quando por exemplo, absolve-se alguém por influência política ou forças estranhas, a opinião pública tem seu próprio veredito ou leitura com desdenho manifestado nas redes sociais principalmente. Portanto, a absolvição não é passaporte para o bom desempenho eleitoral.

O CASO do ex-presidente Lula no STF mostra a justiça ‘made in Portugal’, tortuosa, de remédios recursais obscuros que favorecem a esperteza jurídica chamada de chicana. A cada decisão da 1ª. Turma crescem as comparações e os elogios a TRF 4 (Porto Alegre), com outro estilo e propósitos que enchem os olhos da opinião pública. A 1ª. Turma do STF infla a indignação do brasileiro. As críticas feitas à corte pelo procurador da Lava Jato – Carlos F. Santos Lima – tem sentido.

BALA DE PRATA Quem tem medo do ex-ministro Antônio Palocci? A sua delação deve ir além de Lula e do PT, atingindo também políticos, empresários do setor financeiro inclusive. As reações da ex-presidente Dilma – por exemplo - é prenúncio de fortes revelações de quem dava as cartas do núcleo do poder petista no Planalto. A cobra vai fumar e até soltar fumaça pelos olhos.

ILUSÕES Não se pode dizer que o país mudou ou vai mudar após os escândalos que frequentam a mídia. Mas a crise financeira que atingiu a maioria da população é um forte componente contra os políticos corruptos e aquele jeitinho (ou jeitão?) de quem rouba mas faz. Só a democracia não resolve. É preciso uma justiça menos letárgica, mais eficaz e justa (leia-se imparcial).

“Talvez o Brasil já tenha acabado e a gente não tenha dado conta disso.” (Paulo Francis)

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