Bebê de um mês luta contra o tempo aguardando transferência para hospital
Mãe conta que a criança respira com auxílio de aparelhos e foi rejeitado por três hospitais
Com apenas um mês e quatro dias, bebê luta contra o tempo enquanto aguarda vaga pediátrica para ser transferido para hospital. A criança está internada desde segunda-feira (3) no CRS do Bairro Tiradentes respirando com auxílio de aparelhos.
Kathellen Rocha, de 27 anos, conta que o filho começou a apresentar os primeiros sintomas há oito dias. “Levei ele na UPA das Moreninhas, mas disseram que era fome. Depois levei para o UPA universitário e deram soro. Quando retornei no Universitários eles fizeram exames e raio-x e transferiram a gente para o Tiradentes”.
A mãe ainda diz que as outras crianças esperam transferência junto do seu filhos, mas bebê está sendo tratado como prioridade. Kathellen relata que a espera tem se tornado mais angustiante após a transferência do filho ser rejeitada pela Santa Casa, pelo HRMS (Hospital Regional de Mato Grosso do Sul e o Hospital Universitário).
“Ele está respirando com oxigênio, tentaram tirar, mas passou cerca de duas horas e precisaram colocar o oxigênio de novo. Pensei em contratar um plano particular para conseguir internar ele, mas é preciso 180 dias para realizar a internação”, explicou a mãe.
Justificavas - No documento encaminhado pela mãe, o Hospital Universitário justificou que a área vermelha já possuía dois pacientes, quando a capacidade é de um. Já a área amarela estava com o dobro de capacidade, com 15 internações. Também foi informado que não haviam leitos na UTI pediatra.
Na solicitação, o HRMS relatou que possuía 7 pacientes na área vermelha/amarela e ainda aguardava a chegada de mais um, quando a capacidade é de 4. Enquanto na área verde/azul haviam 12 internações, sendo esperada a transferência de mais um. Ainda é dito que nas enfermarias, UTI infantil neonatal não haviam leitos.
Sem dizer a quantidade de leitos que possuem, a Santa Casa informou que na ala vermelha pediatra haviam 4 pacientes e aguardava a chegada de mais um. Na ala verde estavam internado 12 crianças, sendo aguardada a chega de outros dois.
Lotado - Procurada pela reportagem, o HRMS informou que o hospital opera com demanda acima de sua capacidade de internação. Ainda foi dito que todos os 362 leitos disponíveis para internação, sendo 86 são pediátricos, estão ocupados.
“É importante frisar que essa situação reflete a realidade de todos os hospitais públicos da cidade, que recebem pacientes regulados e de demanda espontânea. A recusa de pacientes ocorre conforme as prerrogativas estabelecidas pela regulação municipal, que conta com uma rede de hospitais credenciados para o direcionamento dos pacientes e pode, inclusive, solicitar vaga zero em casos de pacientes graves”, explica a nota.
O hospital ainda relata que continua recebendo pacientes e prestando assistência necessária a todos que procuram por atendimento.
Sem rotatividade - Segundo a Sesau (Secretaria Municipal de Saúde), Campo Grande possui 104 leitos clínicos e cirúrgicos para atendimento pediátrico e mais 23 leitos de terapia intensiva. “Com a intensa circulação de vírus respiratórios, principalmente Influenza A e VSR, o município tem apresentado uma rotatividade menor nesses leitos, o que resulta, consequentemente, em um tempo de espera de transferência para uma unidade hospitalar maior que o desejado”, diz trecho da nota.
A secretária de saúde ressalta que todo paciente que se apresenta na unidade de urgência esperando por transferência recebe os cuidados necessários pela equipe médica do local. Ainda é dito que cada paciente passa por reavaliações para a atualização da solicitação, quando necessário.
O Campo Grande News também entrou em contato com a Santa Casa para falar sobre essa situação e foi informado que irão apurar o caso e responder posteriormente. A reportagem aguarda pelo retorno.
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