Ciclista amputado deixa pessoal de duas pernas para trás e ganha prova
Depois de acidente com moto, Gilvanvira virou paratleta, hoje ganha provas de mountain bike e inspira pessoas
"Sensacional", gritou várias vezes o cinegrafista que acompanhava a prova Piraputanga Adventure nesse fim de semana. Ele vibrou muito e não foi à toa. Emocionado, registrou o ciclista Gilvan Pereira da Silva, de 39 anos, subindo o Morro das Terras Alta,s com apenas uma perna, ao lado de outros competidores que também sofriam, mas sem nenhuma deficiência física.
A história de Gilvan chegou ao Campo Grande News por meio do canal Direto das Ruas. Veio de uma amiga de pedal para evidenciar o ciclista que é destaque no meio dos competidores. "Ele é fera, porque eu com as duas pernas não ando nem 10 km", comentou a servidora pública federal Fábia Britez, de 47 anos.
A vida de Gilvan mudou no dia 20 de agosto de 2010, quando ele sofreu um acidente de motocicleta, próximo ao terminal de ônibus da Júlio de Castilhos, em Campo Grande. "Naquele dia, eu orei pela vida. Já sabia que ia perder minha perna. Parecia que uma bomba tinha explodido no meu joelho", relembra o ex-vigilante e agora autônomo.
Depois de ficar internado 11 dias na Santa Casa de Campo Grande, sendo três dias em coma induzido, o agora paratleta diz se arrepender de não ter conhecido o ciclismo antes. "A minha vida foi modificada. No início, é complicado, mas hoje, Deus me capacitou. Me arrependo de não ter pedalado assim antes."
Apesar de usar uma perna mecânica nas atividades do dia a dia, Gilvan prefere praticar o esporte com apenas a perna direita. "Como a gente transpira muito, a prótese sai e acaba atrapalhando", explica. Antes do acidente, ele gostava de correr e praticava academia, mas pedalar mesmo só em 2019.
"Um amigo, que me chamou para participar de um grupo de pedal na época, resolveu fazer uma rifa para eu comprar uma bike melhor. Comecei fazendo 7 km e conforme foi passando o tempo, fui aumentando o treino e peguei resistência. Hoje, treino quatro vezes na semana."
O registro especial feito ontem (5) revela o quanto o paratleta melhorou de uma prova para outra. "Ano passado, eu fiz a prova e fiquei em terceiro lugar. Subi o morro pulando por 1h35. Agora, ganhei o primeiro lugar da minha categoria e subi o morro pedalando", comemora.
Foram 43 km de prova no estilo mountain bike superados após muita dedicação e uma perna só. "Eu esqueço a minha deficiência quando estou na bicicleta. A bike não me limita a nada. Eu vejo os morros com outros olhos e deixo o pessoal com duas pernas para trás". Ele quer ser inspiração para incentivar as pessoas a entrarem no mundo do pedal.
Gilvan foi registrado na federação do esporte e agora, é um ciclista profissional. "As portas estão abertas. Quem sabe eu possa representar o Brasil nas Paralimpíadas". Até o momento, são cinco troféus e sete medalhas que ele conquistou desde o início. "Tem uma frase que eu carrego comigo: quem dorme sonha, quem vive realiza."
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