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Direto das Ruas

Copeira, Maria Helena recolhe doações para "presentear" mães com comida

Após perder 2 filhos, tia Lena criou, há 4 anos, projeto Fazer o Bem que leva doações às famílias do Noroeste

Paula Maciulevicius Brasil | 04/05/2021 15:17
Maria Helena, organizadora do projeto Fazer o Bem que segue com doações de roupas e alimentos.  (Foto: Arquivo Pessoal)
Maria Helena, organizadora do projeto Fazer o Bem que segue com doações de roupas e alimentos. (Foto: Arquivo Pessoal)

Há quatro anos Maria Helena Esquivel transformou a dor em amor. Palavras que saem da boca de uma mãe que perdeu em um só dia dois filhos num acidente de trânsito, em 2011. Fundadora e "faz tudo" no projeto Fazer o Bem, Maria Helena ou tia Lena como é chamada pelas crianças está numa corrida contra o tempo para recolher doações e "presentear" as mães no próximo final de semana com comida.

Aos 52 anos, Maria Helena resume sem nem respirar direito sua história trágica de vida. Na infância, conta ter sido violentada pelo pai da madrasta, depois, ao se separar, dormiu na rua com o primeiro filho, onde para "salvar" o pequeno, passou por uma série de estupros.

"Minha história é meio complicada...", explica. Moradora no Conjunto Nova Serrano, 10 anos atrás ela se despediu de Cláudio e Dayane, ela tinha 16 e ele 20, filhos que morreram na hora assim que a moto onde estavam foi atingida por um ônibus e ficou embaixo dele.

"Depois da morte dos meus filhos, criei forças. Minha dor eu transformei em amor, e fui abrir o projeto", conta.

Copeira de profissão, é na varanda de casa mesmo que ela recebe doações destinadas às famílias da região onde mora, que contempla o bairro Jardim Noroeste. "Distribuo roupas, calçados. Faço eventos toda vez que acontecem datas comemorativas, igual um café da manhã que vamos fazer agora no sábado", descreve.

O Fazer o Bem começou com 20 famílias distribuindo verduras e hoje chega a levar alimentos para 233.

"Recebemos todos os tipos de doações, tudo, tudo. Móveis, roupas, calçados. Mas hoje, o que mais as famílias procuram é por alimentação. Precisam de comida, tem muita gente desempregada nessa situação que estamos vivendo neste mundo de meu Deus", diz sobre a pandemia.

Alimentos separados em cestas básicas para por comida na mesa das famílias. (Foto: Arquivo Pessoal)
Alimentos separados em cestas básicas para por comida na mesa das famílias. (Foto: Arquivo Pessoal)

Antes do coronavírus mexer até com a estrutura dos projetos sociais, dona Maria Helena ia até as famílias, agora a necessidade tem feito muita gente bater à porta pedindo doação de alimentos.

"Uma mãe não ter alimento na sua casa? A gente tenta recolher o básico de doações: arroz, feijão, macarrão, leite para as crianças. Quando vejo que consigo um pouco mais, como um brinquedo para os pequenos, ali, no sorriso deles eu vejo os meus filhos", descreve.

Na última festividade, por exemplo, tia Lena ouviu de crianças um muito obrigado pelo ovo de Páscoa acompanhado da justificativa: "meu pai tá desempregado".

"Agora nessa situação em que estamos vivendo, tem coisas que fecharam, pessoas perderam emprego, tudo ficou muito, muito, muito difícil mesmo", diz. O apelo de Maria Helena é para que as doações cheguem a tempo da festa que ela prepara, um café da manhã para o sábado.

Sobre ter fotos das festividades passadas, a coordenadora do projeto diz que isso tem de monte, porque ela faz questão de registrar tudo até para provar aos doadores que a solidariedade chega a quem realmente precisa.

Movimentação quando projeto levava doações até as famílias atendidas. (Foto: Arquivo Pessoal)
Movimentação quando projeto levava doações até as famílias atendidas. (Foto: Arquivo Pessoal)

Quanto a data, de Dia das Mães, Maria Helena diz que além dos dois que perdeu em 2011, ainda consegue receber os parabéns dos outros três filhos. "Mas é sempre assim, um não preenche o lugar do outro, nunca vai preencher".

Quem quiser ajudar o projeto Fazer o Bem, o contato de Maria Helena é o: 9-9141-2069.

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