Em bar lotado no domingo, campo-grandense canta pagode e ignora pandemia

“Brasília Amarela”, do Mamonas Assassinas, foi entoada ao ritmo de pagode no domingo (21) à noite em bar lotado na Rua Antônio Maria Coelho. A cantoria e a superlotação revoltaram quem passou e viu o Barolé, no cruzamento com a Rua Zezé Flores, porque a noite de cerveja e pagode parecia ignorar os números crescentes da pandemia de covid-19.

Um dos vídeos enviados ao Campo Grande News pelo canal Direto das Ruas mostra a cantoria de quem curtia show ao vivo e se espremia até na calçada. Nenhum dos clientes vistos nas imagens respeita o distanciamento social, medida imposta por decreto da Prefeitura de Campo Grande para que os bares possam funcionar.

Na manhã desta segunda-feira (22), várias pessoas procuraram a reportagem por meio do canal de interação com o leitor. Uma delas é a assessora jurídica Iara Cavalli, 28. Iara voltava para casa, localizada próxima do bar no Bairro Santa Fé.

Ela contou que desde a chegada da pandemia, em março, está trabalhando no regime home office e tem saído pouco de casa. Viu poucos bares funcionando, comentou, mas a imagem vista ao passar de carro no domingo por volta das 19h30 chamou a atenção.

“Eu estava voltando para casa e vi muita gente de pé. Eu liguei pra polícia e me falaram pra ligar pra Guarda, mas desligaram na minha casa. O cara começou a perguntar quantas pessoas tinham, me perguntou até se eu tinha contado quantas pessoas tinham e aí desligou. Aí resolvi mandar a mensagem”, contou ela.

Para ela, a lotação em meio às 47 mortes pela doença “é um descaso total”. “Olha, eu estou quase sem sair de casa, mas meu marido trabalha no comércio e ele conta que sempre tem gente [nos bares], mas ontem chamou a atenção. Descaso total”, completou.

Procurada por meio da assessoria de imprensa, a GCM (Guarda Civil Metropolitana) disse que “não houve notificações pois quando chegou a denúncia e chegamos já tinha pouca gente” e que “o evento foi cancelado”.

Pela conta do Instagram, o Barolé divulgou o evento de domingo (21). A reportagem ligou para o número que consta como associado ao estabelecimento pelas buscas do Google, pois não há contatos disponibilizados nas redes sociais. Neste número, foi informada de de que se trata de um escritório que faz a contabilidade para o estabelecimento.

O atendente informou número que seria da gerente do bar. O Campo Grande News ligou diversas vezes para o número, e enviou mensagem, mas não foi possível receber uma resposta até a publicação da matéria.

A Prefeitura de Campo Grande respondeu, por da assessoria de imprensa, que a Vigilância Sanitária recebeu denúncias sobre o bar.

"Foram feitas denúncias a respeito do descumprimento do plano de biossegurança no bar em questão, a Coordenadoria de Vigilância Sanitária averiguará a situação, mas é importante frisar que quem presenciar situações como essas pode denunciar à Guarda Municipal através do telefone 153, que irá até o local no momento da denúncia", citou.

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