Entre jejuns e adiamentos, paciente diz que aguarda cirurgia há 6 dias
Paciente Isabella Scanoni diz que já chegou a ficar 18h em jejum, mas não pôde realizar cirurgia do tornozelo
Há seis dias, a vendedora Isabella Scanoni, de 29 anos, segue internada no Humap/UFMS (Hospital Universitário Maria Aparecida Pedrossian da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul), à espera de uma cirurgia no tornozelo. Ela relata estar enfrentando jejuns prolongados e adiamentos da cirurgia por superlotação, o que é negado pela direção do hospital.
A queda que ocasionou a fratura no tornozelo aconteceu no dia 19 de setembro, em casa. Após o acidente, Isabella foi levada à UPA (Unidade de Pronto Atendimento) da Vila Almeida e, em seguida, transferida para o CEM (Centro de Especialidades Médicas), onde realizou um raio-X.
O exame e a avaliação médica no CEM confirmaram que o caso necessitava de cirurgia, com a colocação de uma placa e um parafuso no tornozelo, conhecida como osteossíntese. No dia 20 de setembro, Isabella foi internada no Hospital Universitário, onde aguarda a cirurgia até o momento.
Entretanto, ela relata que a espera pela cirurgia tem sido marcada por frustrações, pois frequentemente sua cirurgia é remarcada. Isabella comenta que já chegou a ficar 18 horas em jejum, mas não pôde realizá-la.
"O problema é que eles me deixaram de um dia para o outro, das 23h até às 17h do outro dia em jejum absoluto, sem água e sem comer. E aí, às 17h, eles falavam que estavam com muitas cirurgias e precisavam passar gente na frente. Para mim, é desumano me deixar tanto tempo em jejum, depois desmarcar e ficar nisso por vários dias", relatou a paciente.
A vendedora menciona que a situação tem gerado ansiedade e desgaste emocional e físico, especialmente por causa dos dois filhos, de 7 e 9 anos, que dependem dela. "Imagina ficar mais de 14h sem comer, sem beber água, além da ansiedade e o fato de ter dois filhos em casa me esperando. Eu sou a provedora do lar e preciso levar eles para a escola, fazer comida. Eles são pequenos e choram de saudade".
Insatisfeita, na tarde de hoje (26), Isabella desabafou nas redes sociais sobre a situação, e sua publicação gerou repercussão, com mais de 200 comentários e 79 compartilhamentos. Ela também destacou que muitas outras pessoas estão relatando situações semelhantes no Hospital Universitário. "Tem muita gente falando que está na mesma situação ou até pior", concluiu.
Esclarecimento - A reportagem entrou em contato com o Humap/UFMS e a Sesau (Secretaria Municipal de Saúde) para obter informações sobre a superlotação do hospital e o andamento da fila de espera para cirurgias ortopédicas.
Em resposta, a assessoria do Humap informou que a cirurgia da paciente Isabella, inicialmente agendada para terça-feira (24), foi remarcada para sexta-feira (27) devido à prioridade dada a outras cirurgias de emergência, de diferentes especialidades.
"A paciente Isabella não está aguardando pela cirurgia há seis dias, conforme mencionado. Atualmente, a paciente já está no centro cirúrgico para o procedimento. É importante destacar que a cirurgia da Sra. Isabella foi programada, e ela estava ciente do prazo previsto", esclarece o hospital por meio de nota.
O hospital também ressaltou que não enfrenta superlotação, mas prioriza casos emergenciais, conforme o protocolo, o que pode impactar as cirurgias agendadas.
A Sesau não se pronunciou sobre o andamento da fila de espera para cirurgias ortopédicas e apenas sugeriu que a reportagem entrasse em contato "diretamente com a assessoria do Hospital Universitário" para falar sobre o caso em questão.
[**] Matéria editada às 10h12 do dia 27 de setembro de 2024 para inclusão de respostas do Humap/UFMS e da Sesau.
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