Alta histórica do dólar prejudica importação e faz turismo se reinventar
A alta histórica do dólar, que está sendo comercializado a R$ 3,56, reflete imediatamente em diversos setores da economia, mas de forma positiva para alguns e negativa para outros. A cotação é mais alta em 12 anos. Para quem programa viagem para fora, a orientação dos especialistas é buscar alternativas dentro do país. É nesse ponto que o turismo interno ganha, além do que o Estado se beneficia com o interesse de estrangeiros, em função da desvalorização da moeda brasileira.
Neste cenário, os agentes de turismo locais atacam com promoções para cativar quem estava inclinado a fazer viagem internacional, mas precisa de um empurrãozinho para enxergar na crise da moeda nacional, uma oportunidade de conhecer destinos cada vez mais atraentes em MS, segundo a Fundtur (Fundação de Turismo de Mato Grosso do Sul).
Conforme a gestora do sistema de Informações e Estatística da fundação, Ivone Hermenegildo, o Ministério do Turismo não divulga dados locais sobre o movimento de turistas brasileiros, que buscam destinos no exterior, mas com relação aos que entram no Estado os números são positivos, desde o ano passado. “Quem sai de MS para um outro país, tem a saída registrada por São Paulo ou Rio de Janeiro, então esse dado não dá a exatidão do movimento de quem sai daqui. Mas isso é um processo natural, as pessoas deixam de viajar para o exterior com a alta do dólar”, explica.
Segundo levantamento, em 2014, houve aumento de 49% na entrada de estrangeiros pelos portais terrestres de Mato Grosso do Sul, em relação a 2013. “Isso é muito bacana e o mais interessante é que não foi só na Copa do Mundo. A tendência é aumentar cada vez mais. E por esses portais, que são Ponta Porã e Corumbá, não entram apenas bolivianos, como pode se pensar. Entram também japoneses, alemães, americanos e estrangeiros de todo o mundo”, destaca Ivone.
A alta da moeda americana começa a impactar nesse movimento, mas quem já está comprometido com a agência de turismo, no entanto, não deixa de viajar, segundo o gerente da Parcam Cambio Turismo Casa de Câmbio, Dani Bigatão. “A alta gera muita reclamação, mas a maioria não deixa de viajar, porque já está com o pacote comprado. Já quem está se programando, resolve mudar de planos e acaba buscando fazer uma viagem no Brasil mesmo”, conta.
O “jeito brasileiro” de deixar a compra da moeda para a última hora é o que mais prejudica quem faz planos, na opinião do cambista. Portanto, atentar para esse detalhe pode evitar dor de cabeça para quem começa a pensar em viagem para o exterior na baixa temporada, que se inicia em setembro.
Prós e contras – De aspecto negativo com o avanço da cotação, tem-se ainda a situação do mercado de importações, afinal ganha quem tem o que receber em dólar e perde quem tem que pagar com a moeda americana. Para o sul-mato-grossense, os reflexos dessa alta podem aparecer no preço dos pães e derivados de trigo, além do gás, do feijão e determinadas frutas, segundo o analista de mercado, Aldo Barrigosse.
“Um país ou Estado não sobrevive no comércio de via única. Além da exportação, tem-se a compra de matéria-prima, tecnologia, fábricas em expansão podem ser impactadas, pois precisam de novos maquinários. Além disso, o Brasil produz cerca de 40% do trigo que consome e importa 60%. Então quando se tem dependência grande do mercado internacional, isso afeta o setor”, detalha, ao lembrar que Mato Grosso do Sul importa farinha de trigo, da Argentina e gás natural, da Bolívia.
Por outro lado, existem aspectos positivos. “Produtos exportados pelo Estado, como soja, carne, minério, celulose e milho, tiveram quedas nos seus preços no mercado internacional. Quando o dólar aumenta, favorece nossas vendas externas, pois o empresário recebe um valor maior em reais”, destaca Aldo.