Após 20 anos, shopping popular do Centro deve dar lugar a “xing ling”
Comércios de produtos baratinhos e de origem estrangeira, principalmente os oriundos da China, tomou conta da região central mesmo
Depois de duas décadas funcionando na Rua Marechal Rondon, o Shopping Pantanal, considerado um dos centros comerciais mais populares de Campo Grande, está a um passo de fechar as portas. Segundo comerciantes, uma loja de artigos variados, dessas mantidas pelos chineses e orientais que estão "dominando" o Centro, quer abrir unidade no local.
O Campo Grande News apurou a Mini Life, aquela “gigante” dos chineses que abriu há cerca de 1 ano com entradas pelas ruas Dom Aquino e Barão do Rio Branco, seria a compradora do prédio. A chinesa que se apresentou como Elina Lins, responsável pelo estabelecimento, diz que a aquisição do ponto ainda não foi fechada. Ela admite, porém, que o patrão, que gerencia os negócios em São Paulo, está negociando.
No complexo comercial, a reportagem apurou que a inadimplência de comerciantes seria o principal motivo para os donos quererem vender o prédio para chineses. O Campo Grande News tentou falar com o administrador do local, que não quis dar entrevista. Ele fez telefonema para uma dona, que também preferiu não comentar o assunto.
Mas as comerciantes, que estavam no local no momento da reportagem, alegam que isso é mentira, que todas pagavam o aluguel corretamente e que têm os recibos dos pagamentos.
Luto - O shopping já passou por outras crises, como em 2017, quando metade dos estandes fecharam as portas, fazendo com que muitos dos lojistas se mudassem de lá. Hoje, no centro comercial, formado por 80 lojas, o clima é de luto. Abertos, não há mais do que 5 expositores.
Lojistas dizem que começaram a receber aviso informal na semana passada e alguns já estão liquidando o estoque. Eles têm, hipoteticamente, até dia 30 de outubro para esvaziar a galeria, mesmo quem está com contrato de aluguel para vencer só em março do próximo ano. Até agora, contudo, ninguém recebeu notificação por documento ou ordem de despejo.
Tereza Lins de Araújo, que mantém uma loja de roupa de festas há 15 anos no local e diz que paga R$ 1 mil mensais pelo ponto, recebeu a notícia do fechamento hoje. "Foi um baque. Na pandemia, os donos baixaram o aluguel para ficar mais acessível pra gente, mas já voltaram ao valor normal".
A reportagem conversou com outra comerciante que até chorou, mas não quis dar o nome. Há 20 anos, ela sobrevive da venda de roupas femininas no Shopping Pantanal. "É o cúmulo. Estou cheia de coisa para vender".
Segundo comerciantes, na semana passada, chineses apareceram no local para fotografar e tirar medições do espaço. Alguns integrantes da equipe usavam uniforme da Mini Life.
Na mira - Ação conjunta do Procon-MS (Superintendência de Proteção e Defesa do Consumidor), Polícia Civil e Sefaz (Secretaria Estadual de Fazenda) fiscalizou, no fim de setembro, as lojas do Centro popularmente conhecidas como “xing ling”.
O objetivo da força-tarefa era combater a sonegação de impostos e infrações com relação de consumo, com a comercialização de produtos considerados impróprios. As equipes do encontraram irregularidades na maioria dos estabelecimentos vistoriados.