Após anos de "vacas magras", setor Pet vive tempos áureos em Campo Grande
Apenas este ano, 151 empresas do ramo abriram na Capital e indústria pet no País deve faturar R$ 41,8 bilhões
Que a indústria Pet vive tempos áureos em Campo Grande não surpreende ninguém, visto pelo número exorbitante de estabelecimentos que abriram nos últimos anos. O setor prospera e deve fechar o ano com saldo positivo. Apenas em 2022 foram 151 novas empresas abertas na Capital, entre serviços e comércios, de diversos segmentos como: Pet Care, Pet food e Pet vet.
Os dados são da Jucems (Junta Comercial do Estado de Mato Grosso do Sul) e são válidos até o dia 20 de dezembro. Em 2021, o número foi um pouco maior, foram 181 novos estabelecimentos abertos.
Um exemplo desse crescimento é o caso do Pet Shop Campo Grande, marca que começou pequena, com apenas uma loja e agora já possui três unidades, todas na região norte da cidade. A proprietária, Danieli Mainardi da Silva, de 35 anos, contou ao Campo Grande News que após 14 anos de mercado, os últimos anos têm sido tempos de “vacas gordas” no setor.
É o melhor momento para o setor Pet, uma década de acontecimentos excepcionais. Não somente em faturamento crescemos, mas também no conhecimento, os tutores estão cada vez mais exigindo essa evolução. A grande demanda nos fez sair da zona de conforto e olhar o Pet como membro da família e não apenas um “cão de guarda “ como no passado”, disse Danieli.
A empresa é uma parceria com o marido Derek Melgar da Silva, de 37 anos e oferece além de produtos de higiene e comida, cuidados veterinários aos animais. O sonho começou modesto na unidade I, localizada no bairro Estrela Dalva.
”Há 14 anos tivemos o primeiro contato no mercado Pet, onde meu esposo começou trabalhando como balconista por 4 anos de uma grande empresa aqui. Depois saiu de lá e foi ser representante comercial de Pet Shop. Eu também entrei nessa área. Durante os anos nos adquirimos muito conhecimento e vimos a necessidade de ter um lugar diferente, não só pensando no dinheiro. Eu tinha uma carteira com mais de 70 clientes e víamos as falhas no mercado”, comentou.
A partir daí o casal uniu forças para desbravar o mercado Pet. “O intuito era fazer algo diferente pela nossa comunidade. Somos especialistas em rações e produtos veterinários, então juntou o conhecimento com o sonho de fazer algo diferente. Começamos muito pequenos, nessa época só meu marido trabalhava lá. Foi difícil, com poucos recursos e iniciamos só com acerto dele, vendemos um carro porque sabíamos que daria certo”, disse.
A primeira experiência deu tão certo que o casal resolveu expandir. “Depois foi crescendo aos poucos e houve o desejo de abrir uma segunda unidade. Nossa ideia é estar em cada ponto da cidade. Estamos em três agora Um dos bairros é o Nova Lima, um dos mais populosos de Campo Grande”, acrescentou.
Dificuldades - De acordo com a gestora, a parte financeira sempre foi um impedimento. "Tínhamos muita habilidade e atitude, mas o fator determinante foi a gente não ter dinheiro para investir e ter uma estrutura melhor. Hoje graças a Deus estamos em tempos áureos, conseguimos reformular as lojas, a fachada, começamos a melhorar o ambiente. Hoje superamos a dificuldade inicial. Isso é só o início. Os clientes tem tudo o que precisam com a gente, não precisam se deslocar", finalizou. Hoje a empresa conta com 14 funcionários nas três unidades.
Mercado - De acordo com a Abrinpet (Associação Brasileira da Indústria de Produtos para Animais de Estimação) a indústria pet no País deve faturar R$ 41,8 bilhões. “ 2022 consolida-se como um ano de resiliência para a indústria pet”, declarou ao Campo Grande News.
O crescimento corresponde a 17% sobre o ano de 2021 em todo Brasil. Os dados levam em conta os números até o terceiro trimestre deste ano. “Desde o último levantamento realizado pela Abinpet, o quadro é estável. A variação calculada pela Associação Brasileira das Indústrias de Produtos para Animais de Estimação foi de cerca de R$ 300 mil entre o último balanço e os novos números”, pontuou.
A última projeção divulgada era de cerca de R$ 41,5 bilhões ao final do 1º semestre de 2022. O levantamento não leva em consideração a movimentação no varejo e não inclui a venda de animais diretamente de criadores.
Setores - Do total projetado, (R$ 41,8 bilhões) até o final de dezembro, o setor de pet food representa 80% da arrecadação (R$ 33,2 bilhões); produtos veterinários, correspondem a R$ 5,9 bilhões, ou 14% do total, produtos de higiene e bem-estar animal R$ 2,67 bilhões, ou 6% do faturamento total. “Isoladamente, cada segmento cresceu 18%, no caso do pet food; 16% no caso do pet care e 11% no caso de pet vet, quando comparados com os números de 2021”, salientou a Associação
Para o presidente-executivo da Abinpet, José Edson Galvão de França, o cenário estável comprova que os números de crescimento se mantêm, principalmente pela inflação, e a alta dos preços de commodities continuam impactando o preço final.
“Entre 2020 e 2021, as matérias-primas de origem animal, passaram por aumento que superou os 100% no seu valor de comercialização. As demais matérias-primas como o arroz, por exemplo, um dos ingredientes do pet food mais usados, subiu mais de 100% nos últimos cinco anos. O milho, mais de 200%, e a soja, mais de 130%. Todos eles, ingredientes influenciados tanto pelo câmbio do dólar quanto pela demanda internacional”, concluiu.