Arauco elogia condições garantidas por MS para seu maior investimento em 50 anos
Empresa promete excelência e competência para produzir celulose e projeta cidade em um ciclo virtuoso

A obra da fábrica de celulose da Arauco, em Inocência (MS), sai da fase da terraplanagem, iniciada na metade de 2024 e agora começa de fato a construção do empreendimento, marcada por uma solenidade concorrida realizada esta manhã no local, à margem da MS-377, a cerca de 50 quilômetros da cidade, com a presença do vice-presidente, Geraldo Alckmin. A empresa chilena aponta que fará em Mato Grosso do Sul seu maior investimento em cerca de 50 anos de atuação, 23 deles no Brasil, apontado em US$ 4,6 bilhões.
RESUMO
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A Arauco, empresa chilena, está realizando seu maior investimento em 50 anos com a construção de uma fábrica de celulose em Inocência, MS, Brasil, avaliada em US$ 4,6 bilhões. A obra, que começou com terraplanagem em 2024, agora avança para a construção, com previsão de operação em 2027. O projeto, chamado Sucuriú, é destacado por sua capacidade de produção de 3,5 milhões de toneladas anuais, gerando 100 mil empregos diretos e indiretos. A fábrica utilizará eucalipto como matéria-prima, e a logística inclui um trecho ferroviário para exportação via Porto de Santos. Autoridades como o vice-presidente Geraldo Alckmin participaram da cerimônia de início das obras, ressaltando o impacto econômico e social positivo para a região.
Com a previsão de iniciar a operação no último trimestre de 2027, a fábrica se apresenta como a maior planta de celulose implantada em uma única etapa, com maquinário fornecido pela finlandesa Valmet.
O CEO do grupo, Cristian Infante, deixou claro o entusiasmo com o chamado Projeto Sucuriú, nome do rio que ajudou o empreendimento a se instalar na região e que fornecerá água para a fábrica. Ele apontou que a Arauco atua em 11 países, com 1 milhão de hectares plantados. O eucalipto se apresenta como matéria prima mais vantajosa para a produção da celulose porque seu ciclo é bem mais curto que o do pinus.
“O projeto Sucuriú é o maior investimento da história e nos projeta para um futuro com entusiasmo. MS deu condições favoráveis para o crescimento das florestas e disponibilidade de ampliação. O estado mostrou seriedade e profissionalismo e contrasta com a burocracia de outros lugares do mundo que dificultam o desenvolvimento”, disse. Ele prometeu “competência e excelência para levar o melhor para o mundo. Inocência entra em um círculo virtuoso para prosperidade do Estado”. Ao fim do discurso, ainda agradeceu pelo apoio ao “projeto ambicioso”.
CEO da Arauco no Brasil, Carlos Altimiras, disse que a cidade viverá uma “transformação positiva” entrando no setor econômico que se tornou o carro chefe das exportações do Estado. A Arauco é a dona da quinta fábrica se instalando no Estado e deve gerar 14 mil empregos no auge da obra. O impacto quando já estiver operando a fábrica tem números impactantes. “Vamos gerar 100 mil empregos diretos e permanentes”, disse Altimiras.
Para comemorar e marcar o novo passo em tom solene, uma imensa tenda foi montada na área que vai receber a fábrica. Alckmin e Simone Tebet, ministros do Desenvolvimento Econômico, Indústria e Comércio e Planejamento e Orçamento, respectivamente, representaram o Governo Federal. O governador Eduardo Riedel e o antecessor, Reinaldo Azambuja, congressistas, deputados estaduais e políticos locais participaram do evento, com a presença de diretores da Arauco no Chile e no Brasil. Até o embaixador do país no Brasil, Sebastián de Polo, veio para o evento.
A empresa terá cerca de 400 mil hectares de floresta para oferta da matéria prima. Por ser estrangeira, a empresa não adquiriu terras, mas fez contratos com proprietários de fazendas. Como praticamente toda a celulose é exportada, a chilena fará um trecho de 47 quilômetros de trilhos para embarcar o produto em trens na região de Aparecida do Taboado, onde há ponte para cruzar o Rio Paraná e passam os trilhos da Ferronorte, que levam produtos para exportação via Porto de Santos.

Alckmin falou dos impactos econômicos de empreendimentos industriais, apontando que pagam salários mais altos e os ganhos ambientais com indústrias menos poluentes. A tecnologia das empresas de celulose permite a geração de energia com resíduos de madeira, citou. Ele apontou que é preciso apoiar a modernização do setor industrial e também falou sobre o apoio para os preços competitivos na exportação com o uso de políticas tributárias favoráveis.
“Os estudos do IPEA mostram que os investimentos no Brasil em 15 anos depois da reforma tributária devem aumentar 14% e as exportações 17%, que trará mais competitividade aos produtos brasileiros colocados lá fora. E comércio exterior é emprego e renda direto”, disse, em seu discurso. Conforme ele, haverá redução no custo brasil com a redução da burocracia, como na parte documental. “Agora é tudo digital, não passa na hora e não paga mais nada, não tem taxa, não tem nada, nada. Desburocratizando, simplificando, reduzindo custos e ajudando o crescimento da economia.”
Ele referiu-se a MS como estado irmão (ele é paulista), mencionou o Corredor Bioceânico, que “vai fazer uma ligação histórica” do Atlântico com o Chile e portos do Oceano Pacífico e “trazer um ganho de escala para essa região extraordinária.”

Já Riedel destacou a união de esforços políticos para a concretização do projeto, lembrou que houve visita à unidade chilena da Arauco, para conhecer o processo de fabricação e ver o impacto do empreendimento na realidade local. Ele destacou o volume de recursos previstos, de US$ 4,6 bilhões em cerca de dois anos- em torno de R$ 30 bilhões.
Ele lembrou que na visita ao Chile pôde se reunir com o acionista majoritário da empresa e firmar uma relação de confiança, que resulta no maior empreendimento privado em curso no País, a exemplo do que também foi a unidade da Suzano construída em Ribas do Rio Pardo, em porte semelhante. Conforme o governador, o Estado assumiu compromissos de logística e mencionou o recapeamento da rodovia que passa em frente onde a fábrica está sendo construída e a entrega de um aeródromo, já em fase de conclusão, além de parceria para construção de moradias para os trabalhadores da fábrica quando estiver pronta.
O prefeito da cidade, Antônio Ângelo Garcia dos Santos, lembrou que as tratativas até a confirmação do empreendimento duraram cinco, seis anos.”É o maior sonho de nosso tempo. Temos muitos parceiros nessa caminhada”, mencionou, citando o ex-governador Reinaldo Azambuja. Voltou a apontar o impacto positivo que a cidade terá, repetindo momentos anteriores de avanço do projeto, que a colocará como a “rainha da costa leste".
Os números da fábrica- A empresa já cultiva florestas de eucalipto na região para garantir o fornecimento de matéria-prima à unidade, com cerca de 400 mil hectares plantados. Conforme já divulgado, a fábrica deve empregar mil trabalhadores diretamente, além de outros 2 mil voltados à logística e 3 mil atuando nas florestas. A capacidade de produção anual será de 3,5 milhões de toneladas de celulose.
No pedido de licença ambiental, a Arauco previa duas unidades com capacidade de 2,5 milhões de toneladas cada. Com a ampliação da capacidade já na largada, a decisão sobre a instalação da segunda planta poderá ser postergada.
Inocência, com pouco mais de oito mil habitantes, poderá ver sua população quase dobrar após a ativação da planta, com estimativa de chegar a 14 mil moradores. Desde o anúncio, a cidade já vinha sentindo as transformações, como a reportagem pôde conferir em visita recente, mostrando o surgimento de obras residenciais e comerciais, o impacto nos preços do setor imobiliário, os investimentos em infraestrutura pública e a chegada de pessoas buscando oportunidades.
A terraplanagem já havia levado cerca de 1.800 pessoas para a preparação da área. Para atender à demanda habitacional gerada pelo empreendimento, o Governo do Estado destinou terreno para que a empresa construa um conjunto com aproximadamente 700 casas. O Executivo estadual também prevê melhorias na infraestrutura viária, com faixa adicional e reforço no pavimento da MS-377, além da conclusão da pavimentação da MS-320, estrada que liga Inocência a Três Lagoas, principal polo regional.
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