“Crise dos chips” mantém carro caro até 2023 e seminovo já está em falta
Entenda a crise mundial e porque é o melhor momento para vender seu seminovo
A "crise mundial dos chips" já afeta o estoque de carros seminovos em Campo Grande. O cenário nunca foi tão bom para quem está vendendo seu seminovo ou usado. Garagens e concessionárias chegam a pagar preço de tabela Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas), que sempre foi indicador de valores para a revenda.
A supervalorização dos seminovos é resultado do aumento da procura, já que os novos estão cada vez mais caros. Os preços sobem a cada mês e não há previsão dos valores ficarem estáveis, porque as fábricas ainda enfrentam escassez e inflação dos chips, que são componentes eletrônicos. Especialista do mercado fala em estabilidade de preços só em 2023.
Chips - Carros e mais carros ficam em filas de espera por esses componentes para saírem das fábricas. É por isso que não tem estoque nas concessionárias e quem compra um carro novo espera meses pela chegada do veículo.
Os chips são responsáveis pelos sistemas modernos de segurança, entretenimento, ar-condicionado, transmissão, iluminação e assistência ao condutor. Com a pandemia, fabricantes mundiais desses componentes, que são da Ásia, não tinham para quem vender com montadoras paralisando a produção, então, focaram em outro mercado.
Agora, os componentes estão escassos e saem mais caro. As montadoras então preferem usar os componentes mais sofisticados apenas em veículos que já são mais caros, que dão margem de lucro maior.
Opcionais - É por isso que apesar da queda nas vendas, os vendedores não reclamam. Em setembro deste ano, foram vendidos 2.196 automóveis e comerciais leves em Mato Grosso do Sul, segundo a Fenabrave (Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores).
Isso significa queda de 11,27% em relação ao mesmo mês do ano passado, quando 2.475 veículos desse tipo foram vendidos.
Em contrapartida, a venda de automóveis seminovos e usados aumentou 2,7% no mesmo período, passando de 11.411 para 11.714, conforme a Fenauto (Federação Nacional das Associações dos Revendedores de Veículos Automotores).
Consultor de vendas em concessionária da Capital, Mateus Sthefano explica que carros mais populares já não vêm com algumas opções que haviam antes.
“Alguns opcionais estão vindo apenas nos carros mais tops. Continuamos vendendo apesar dos preços. A diferença é que quem vem, já vem para comprar mesmo. Não tem muito aquelas pessoas que vinham para pesquisar e saiam sem comprar”, explica.
Preços - A tendência é os preços continuarem subindo mês a mês. “A gente até assusta, porque hoje um Fiat Mobi sai a R$ 60 mil. Em 2018, custava até R$ 34 mil. A gente já fala para o cliente que o preço vai subir e orienta que quanto antes pegar o produto, menor será o preço. Cliente que ficou esperando para comprar, viu que subia mais. A gente, sinceramente, não sabe onde vai parar”, comenta.
A garagem de seminovos da Giovel Automóveis, que antes tinha cerca de 60 carros, hoje não tem mais que 14, segundo o proprietário Ronaldo Ribeiro. “As pessoas dão o seminovo na hora de comprar o novo e como caiu a venda de novos, estamos tendo dificuldade para repor estoque”, conta.
Ribeiro prevê uma normalização nos preços lá por meados do ano que vem. “Acredito que no final do primeiro semestre de 2022, chegando ao fim da pandemia, as coisas vão voltar ao normal”, projeta o garagista.
A projeção dele é otimista, porque a crise dos chips vai mais longe, segundo alguns especialistas do mercado. Neste mês, o CEO da Renault, Luca de Meo, disse ao jornal econômico espanhol Expansion, que os preços de carros novos vão subir ainda mais nos próximos 12 meses e podem ter uma estabilização somente em 2023.