Em cenário atípico, extinção e criação de empresas bate recorde em 2020

Novas regras para a abertura e fechamento de empresas e as dificuldades impostas pela pandemia de covid-19 fizeram com que 2020 apresentasse um cenário atípico para a economia brasileira e consequentemente para a sul-mato-grossense. Aqui no Estado, 0 ano foi de crescimento na abertura de empresas, mas também no fechamento.

Mesmo que os números de dezembro ainda não tenham sido disponibilizados, já é possível afirmar que na série história avaliada pela Jucems (Junta Comercial do Estado de Mato Grosso do Sul), 2020 quebra recordes em viés positivo e negativo.

No caso das aberturas de empresas, até novembro foram 7.316 empresas criadas no Estado, um número superior aos 7.807 dos 12 meses de 2019 e por ora o sexto maior da série, que tem como início o ano de 2020. O ano recorde foi 2009, com 7.793 aberturas, seguido de 2011 com 7.647 e 2013, com 7.635 empresas constituídas.

Já em 2008, foram abertas 7.528 novas empresas em Mato Grosso do Sul durante todo aquele ano, enquanto 7.364 foram constituídas em 2010 - números que devem ser superados levando em consideração a média de 423 empresas abertas no mês de dezembro entre 2000 e 2019 - no caso, o total histórico para o mês é de 8.476.

Contudo, o resultado considerado bom pode revelar outros problemas por trás, ainda mais tendo o número recorde de empresas extintas nesses 21 anos de contagem feito pela Jucems. Até novembro, foram 3.652 extinções, contra 3.245 de todo o ano de 2018, quando foi registrado o maior número de fechamento de empresas no Estado.

O que explica? - Parte desse salto tanto nos números de abertura como de fechamento pode ser depositado na mudança de regras em vigor desde setembro de 2019 com a Lei da Liberdade Econômica, que facilitou os trâmites para os empreendedores.

Como ficou mais fácil abrir empresas e menos burocrática sua manutenção, muitos que estavam na informalidade aproveitaram  a oportunidade para formalizar seus negócios. Essa elevação já era esperada pelos especialistas durante 2020.

Além disso, também houve um declínio nacional de vagas formais, fazendo com que algumas pessoas optassem por empreender para conseguir seu sustento em um período duro de pandemia, apesar de seus efeitos estarem de certa forma mitigados em Mato Grosso do Sul pelo dinheiro do auxílio emergencial e dos bons resultados do agronegócio.

Quanto a extinção de empresas, o fator pandemia de covid-19 também tem sua influência, já que restrições de circulação e aglomerações impuseram incertezas em vários negócios, contudo, a própria desburocratização na criação também facilitou o fechamento de muitos negócios que estavam parados, abertos apenas no papel.

Assim, de certa forma, os dados apresentados pela Jucems e suas variações estão dentro de margens esperadas pelos que trabalham no setor. Todos os números acima não levam em consideração filiais e MEIs (Microempreendedores Individuais).

Falências e filiais - Ainda conforme a Junta Comercial, 2020 apresentou apenas três empresas falidas em Mato Grosso do Sul, sendo que uma aconteceu em janeiro e as duas restantes em fevereiro. O número fica abaixo dos sete de 2019 e 11 de 2018. O ano recorde de falências foi 2000, com 85 registros - 2005 teve 60.

Já a constituição de filiais até novembro deste ano somou 1.272 empreendimentos em solo sul-mato-grossense, número que mesmo após a consolidação de dezembro deve ficar abaixo dos 1.723 de 2018 e 1.755 em 2019. Quanto à extinção de filiais, o número em 11 meses é de 522 neste ano, contra 786 e 652 de todo 2018 e 2019, respectivamente.