Em Fórum da Folha, governadores criticam desdém da União pelo Centro-Oeste
O governo federal não reconhece a importância econômica das regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste, e por conta disso dificulta a criação de um plano estratégico regional de investimento em logística. Esta a avaliação dos governadores Marconi Perillo (PSDB-GO) e Pedro Taques (PSDB-MT), presentes ao Fórum Agronegócio Sustentável, promovido pelo jornal Folha de S.Paulo, nesta quinta-feira, 14, em São Paulo.O evento termina amanhã.
Reinaldo Azambuja, governador sul-mato-grossense, também do PSDB, era um dos convidados do evento, mas recusou o convite em função do lançamento, hoje à noite, da programação dos 40 anos de criação do Estado de Mato Grosso do Sul com música especial do cantor e instrumentista Almir Sater.
De acordo com Marconi Perillo e Pedro Taques, escoamento da produção do Centro-Oeste para exportação é considerado um dos grandes gargalos para o desenvolvimento do setor do agronegócio no país. Os dois governadores participaram da primeira mesa do fórum ao lado de Leonardo Jayme, secretário-executivo do Consórcio Interestadual Brasil Central.
O consórcio Brasil Central foi criado em 2015. Composto pelos estados de Mato Grosso do Sul, Goiás, Mato Grosso, Tocantins, Rondônia e Maranhão, mais o Distrito Federal, o Consórcio tem objetivo de promover o crescimento regional.
Os governadores argumentam que os problemas de construção e manutenção de rodovias interestaduais que ligam os Estados produtores aos principais portos do país fazem com que os produtos brasileiros percam competitividade no mercado nacional e internacional. Taques afirmou que o milho produzido no Mato Grosso chega mais caro ao Nordeste que o produzido na Argentina.
"Em cerca de dez anos, a União não conseguiu pavimentar 100 km de rodovia para nos ligar à Santarém (Pará), e a mercadoria sair pelo eixo norte. É uma vergonha. A União não está cumprindo seu papel", afirmou o governador do Mato Grosso.
Para o governador de Goiás, ninguém sabe o que está acontecendo no Brasil. "Acho que o governo federal não está nem sabendo que faltam apenas 100 km de construção rodoviária para chegar até os portos de Santarém.
Perillo também criticou o alto custo de construção das rodovias federais. "Os Estados constroem cada quilômetro por cerca de R$ 1 milhão. Quando a rodovia é federal, chega a R$ 10 milhões por quilômetro, o que a torna inviável. É um absurdo construir uma rodovia de 10 km por R$ 70 milhões. Nada justifica esse preço exorbitante”, afirmou.
Os dois governadores defenderam maior autonomia para destravar investimentos. "Temos a ideia equivocada de que a União manda, e os governadores não passam de chefes de departamento", declarou Taques. Leonardo Jayme, do Consórcio Interestadual Brasil Central, afirmou que a União não tem nenhuma capacidade de investimento em infraestrutura. "Nós precisamos definir, através de estudos, onde precisamos desse investimento e poder arrecadar recursos para aplicá-los onde são necessários”.