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Economia

Enersul paga conta no Pará e tem prejuízo após quatro anos de lucro

Aline dos Santos | 25/03/2013 11:03
Empresa teve prejuízo após 4 anos de bom desempenho.(Foto: Simão Nogueira)
Empresa teve prejuízo após 4 anos de bom desempenho.(Foto: Simão Nogueira)

Sob intervenção desde agosto do ano passado e após reajuste de 2,59%, a Enersul (Empresa Energética de Mato Grosso do Sul) registrou prejuízo de R$ 16,3 milhões em 2012. O resultado negativo veio depois de quatro anos de bom desempenho.

Em 2011, o lucro líquido foi de R$ 151 milhões. No ano passado, a dívida chegou a R$ 546 milhões. Uma das causas foi o pagamento de débito de uma das empresas sob o comando do Grupo Rede, controladora da concessionária sul-mato-grossense, no Pará.

A concessionária de distribuição de energia elétrica, que atende 73 dos 78 municípios do Estado, sofreu intervenção da Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica). A medida foi aplicada a oito empresas do Grupo Rede, dono da Enersul.

Conforme balanço divulgado nesta segunda-feira, a crise vivenciada pelo Grupo Rede, que culminou no pedido de recuperação judicial, dificultou acesso da Enersul a linhas de crédito para realização de investimentos e capital de giro.
Outro reflexo foi manobra financeira para ajudar outras cocessionárias do grupo.

“Ainda em fevereiro de 2012, com a recuperação judicial da Celpa, empresa do mesmo grupo, o Banco Daycoval e o Bic Banco sacaram na conta corrente da Enersul, recursos de aproximadamente R$ 82.000 mil (R$ 82 milhões), para quitação de financiamentos feitos pela Holding, ou seja a Empresa pagou por financiamentos que não tinha feito”.

No primeiro semestre de 2012, portanto antes da intervenção, a Enersul deu sinal de que as finanças não iam bem. A empresa teve que esperar mais de dois meses para aplicar o reajuste anual. O motivo foi uma dívida de R$ 49,5 milhões com a Aneel. A agência autorizou o aumento para vigorar a partir de 8 de abril, mas a empresa só pagou a dívida em julho.

De acordo com o balanço, o prejuízo com a defasagem da entrada em vigor do reajuste tarifário foi estimado em R$ 21,3 milhões. Em 2012, o fornecimento de foi de 3,9 bilhões de Mwh, representando um crescimento de 7,9% em relação aos 3,6 bilhões de Mwh de 2011. O faturamento em 2012 alcançou R$ 2,1 bilhões.

Para 2013, a previsão é de redução da tarifa em 3,7%. O percentual preliminar médio de redução proposto pela Aneel foi de 3,67%, mas o índice final só será definido no início de abril. A redução é resultado de uma revisão tarifária feita pela agência a cada cinco anos.

Acordo de venda – Em dezembro do ano passado, a Equatorial Energia e a CPFL anunciaram ao mercado aquisição de todas as distribuidoras do Grupo Rede, o que inclui a Enersul. A concretização da compra estava condicionada à anuência prévia da Aneel, aprovação pelo Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica) e por credores.

Porém, a compra pode não ser realizada. O risco existe porque a Caixa Econômica Federal ainda não aceitou converter as ações de 25% no grupo, em decorrência do empréstimo de R$ 600 milhões (corrigido, o montante já atinge R$ 712 milhões), em dívidas.

A Enersul atende a 94,4% da população de Mato Grosso do Sul, num total de 2,4 milhões de habitantes. O Grupo Rede assumiu o controle da Enersul em 2008. Na transação, a EDP (Energias do Brasil) recebeu cota majoritária de ações da hidrelétrica Luiz Eduardo Magalhães (localizada no Tocantins) e, em contrapartida, repassou as ações da Enersul para o Grupo Rede. O negócio foi orçado em R$ 700 milhões.

Até os anos 1990, a empresa era uma estatal. Ela foi privatizada e adquirida pela Escelsa. Em 2003, passou para o controle da EDP. A Enersul foi fundada em 1979.

Devo, não nego – A companhia publicou fato relevante em 28 de novembro de 2012 informando que saldo devido dos dividendos declarados na Assembleia Geral Ordinária, realizada no dia 30 de abril, não será pago no presente exercício, em virtude de dificuldades financeiras.

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