Hambúrgueres, ceviche e cookies de MS ganham o mercado nacional
Empresários abrem restaurante em São Paulo, no Rio de Janeiro e até lançam franquia dos produtos
O “apetite” dos empreendedores do ramo gastronômico de MS ultrapassam as divisas do estado e alguns menus sul-mato-grossenses já estão ganhando mercado nacional. Quatro empresas da área, mas de segmentos diferentes, mostram que é preciso ter coragem para deixar as terras guaicurus e buscar os grandes centros consumidores. Do hambúguer, à pizza, ceviches e cookies, o resultado não tem decepcionado.
Um exemplo são os empresários sul-mato-grossenses Diogo Saad, Renato Pasoline e Rafael Petinari, criadores da hamburgueria Safari Burger & Grill, que surgiu há 10 anos em Campo Grande. O nome do projeto foi escolhido por conta da proposta do negócio – um cardápio com carnes exóticas apresentadas em formato de hambúrguer. Já figuraram no menu excentricidades como hambúrguer de avestruz, por exemplo.
Diogo e seus sócios, que assinam cada uma das receitas da Safari, enxugaram as opções chegando a uma versão final de cardápio mais assertiva, com iguarias como isca de carne de jacaré empanada e o hambúrguer preparado com a carne da ponta da costela de boi (fraldinha), o favorito do público. Mensalmente a casa apresenta uma receita especial de hambúrguer preparada com carnes exóticas.
Eles inauguraram em dezembro uma unidade no Rio de Janeiro. A casa já se tornou um verdadeiro sucesso entre cariocas, não apenas devido aos variados sabores dos pratos, mas também pelo ambiente temático, decorado de maneira a fazer sucesso, principalmente no instagram. A hamburgueria fica em um dos bairros mais badalados do Rio, no Leblon, Zona Sul da cidade. A localização privilegiada fez com que a Safari chegasse, inclusive às areias cariocas. Os sanduíches da marca já tem até delivery direto para as areias, a partir de uma parceria com uma barraca no Leblon.
De acordo com um dos proprietários, Diego Saad, para a empreitada no Rio, ele convidou o amigo de infância Renan Dorta para ser seu sócio. A dupla se mudou para a cidade para acompanhar de perto a instalação da marca em novo território. O projeto, que não se trata de franquia, visa transformar a Safari Burger & Grill em uma grande rede, com lojas nas principais capitais do Brasil e, talvez, das Américas Latina e Central.
“Fizemos parceria com um sócio de MS e nossa meta é que a rede seja reconhecida nacionalmente. Escolhemos o Rio por ter o diferencial. Vendemos os mesmos hambúrgueres conhecidos aí na Capital. O Safári Ponta de costela, que é nosso carro-chefe aqui chama Safari Fraldinha”, destacou comemorando a casa cheia aos finais de semana. O empresário ainda destaca que além do cardápio diferenciado e o ambiente descolado, o atendimento é muito elogiado pelos cariocas.

Cookie by MS - Um dos hits do campo-grandense, o menu do MyCookies nasceu em 2016, criado pela advogada Natalie Pavan. Após conhecer a receita americana, ela criou uma “fórmula” secreta: um biscoito crocante por fora e macio por dentro, com recheios que, combinados com a massa, tornavam o doce ainda mais saboroso. A venda dos cookies começou em frente às escolas, poucos dias depois, ela constatou que se vendesse o cookie ainda quentinho, com toda certeza o sabor seria ainda melhor. E foi assim que surgiu o primeiro quiosque, que ficava dentro da Wall Mart.
Menor que o concorrente mais caso, que até então era novidade no shopping, ela conseguiu fazer do preço outro atrativo. “Quando decidi alugar o espaço no Walmart, não tinha dinheiro, mas consegui negociar que o primeiro pagamento ocorresse após 30 dias de uso. Comprei um balcão parcelado no cheque, um freezer usado e um forno residencial que assava apenas oito cookies a cada 15 minutos. Já no primeiro mês, faturei o suficiente para quitar o aluguel, as parcelas do balcão e um salário para o amigo”, relembrou.
Hoje são 10 unidades em Campo Grande, uma fábrica que tem 90 funcionários e produz 500 mil cookies por mês. Há pouco mais de um ano a empresária decidiu alçar voos mais altos e criou uma franquia da loja. ”Além de Campo Grande temos unidades nos Estados de São Paulo, Minas Gerais, Mato Grosso, Rio Grande do Sul, Paraná, Santa Catarina. Somos em 37 unidades abertas e mais 7 pra inaugurar só esse mês”, destacou a empresária.
Com relação ao processo de migração para franquia, Natalie explica que desde antes de abrir a unidade, sempre quis ter uma franquia. “Me preocupei em abrir a 1ª unidade com identidade visual, uma logo bacana, cores, embalagem”, explicou.
“As pessoas compravam e perguntavam se era franquia, justamente por ser bonito, e ter todo o cuidado com a marca”, frisou alegando que a partir daí foi anotando os cadastros dos interessados. Para se lançar na empreitada ela buscou capacitação em franchising. “Foram cursos e mais cursos, e até hoje eu estuda muito”, afirma.
Orgulhosa, a empresária diz que além do produto de qualidade, a empresa investe no atendimento. “Prezamos muito pelo atendimento e o valor nas pessoas. Não precisa ter currículo bom pra trabalhar, basta ter competência e força de vontade. Valorizamos as pessoas, as histórias, as diferenças. As pessoas trabalham por amor”, finalizou.
Influências peruanas - Os ceviches, a parilla acesa, o camarão kimchi ou a degustação de niguiris estão em mais um cardápio que saiu de Mato Grosso do Sul para ganhar o Brasil.
Durante os cinco anos do restaurante Imakay em Campo Grande, os proprietários dizem que sempre receberam clientes de fora do Estado e de outros países que elogiavam o trabalho e diziam que a casa tinha total capacidade de atingir outros mercados. Foi o estimulo para, há 10 meses, o restaurante abrir as portas em São Paulo, no Itaim Bibi, um dos bairros mais sofisticados da maior cidade brasileira.
"É uma região bastante competitiva a do Itaim Bibi. Mas nós também sempre soubemos que esse mercado é competitivo, então viemos preparados para isso, sempre com aquela alma nossa de fazer algo diferente do que tá acontecendo", comenta um dos proprietários, Leonardo Merjan, que toca o negócio ao lado do irmão.
Entraram novos sócios, o que garantiu o aporte necessário para o projeto corajoso que já ganhou reconhecimento. "O primeiro foi na edição da revista Vejinha [Veja SP], onde saiu uma lista de 10 melhores inaugurações de 2019, e ficamos em sexto lugar. Foram ótimos destaques na Veja de São Paulo e no Paladar, que é uma coluna do Estadão que fala só sobre gastronomia".
A dica, além de segurança financeira para o investimento, é apresentar algo novo. "Viemos com a proposta de ser um restaurante japonês com influência peruana. Trouxemos, por exemplo, a parilla, algo que aqui em São Paulo nós somos o primeiro a lançar. Não há um restaurante japonês oriental que tenha a parilla como destaque", diz.
Por enquanto, o Imakay fica entre MS e SP, mas pode chegar bem mais longe. "Nós também recebemos propostas, sondagens de aberturas do Imakay em Curitiba, em Goiânia, em Belo Horizonte, e até fora do país, como algumas sondagens em Assunção, na Itália, Portugal", diz Leonardo.
Filho de economista e empreendedor, ele e o irmão tiveram a primeira experiência administrando o 21 Music Bar por 16 anos. Depois, veio o Imakay e em seguida a pizzaria Receita 00, na avenida Mato Grosso e Chácara Cachoeira, outra empresa que cresce este ano.
"E esse projeto também está sendo levado para São Paulo, e ele já nasce grande, um projeto com 20 lojas no estado de São Paulo, com duas etapas, dez em 2020 e dez no ano que vem. Já estamos em obras aqui e vamos crescendo em espiral, começando na cidade de São Paulo e circulando para fora, nos entornos. É uma operação própria nossa, abrimos algumas cotas para investidores, mas a operação é cem por cento nossa", conta.