Incra/MS protocola ação de desapropriação após três anos sem reforma agrária
O Incra/MS (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária) protocolou nesta tarde, ação de desapropriação de área de 2,4 mil hectares, após três anos sem poder realizar reforma agrária em Mato Grosso do Sul. A entidade estava suspensa de atuar desde os escândalos da Operação Telos, da Polícia Federal, realizados em 2009, que desarticulou um esquema de compra e venda de terras que seriam voltadas a reforma agrária.
O procurador regional do Incra, Antônio Augusto Ribeiro protocolou a primeira ação hoje, na justiça federal. “Depois de toda turbulência que nós passamos, o processo de reforma agrária voltará a funcionar, é um momento histórico”, destacou ele. Segundo o procurador, resta a justiça apenas formalizar a ação, que já está acertada entre União, movimentos sociais e proprietário.
A primeira ação será na fazenda Nazaré, localizada em Sidrolândia, ela irá comportar 187 famílias, em uma área de 24 mil hectares. O proprietário, o ex-secretário estadual que atuou na gestão de Wilson Barbosa Martins, Plínio Rocha, aceitou a proposta da entidade e não vai recorrer da decisão. “Não há nenhuma objeção, tudo está acordado”, afirmou Ribeiro.
O ex-secretário irá receber R$ 16,4 milhões pela área, e este recurso já foi depositado ontem pelo governo federal e está disposição da entidade. “Estamos montando um plano estratégico de reforma agrária em MS, já existem outras áreas com processos em andamento, fora as novas vistorias que serão feitas”, destacou Celso Menezes, superintendente regional do Incra.
Marcha – O Incra fez questão de convidar representantes dos movimentos sociais para entrega desta primeira ação, após anos de paralisação. O dirigente da Fetagri (Federação dos Trabalhadores da Agricultura) Adão de Souza, ressaltou que esta “conquista” foi em função da “marcha única” dos trabalhadores, que estiveram nesta semana protestando em favor da reforma agrária. “Esta retomada é simbólica para o Estado, precisamos adiantar este processo”, ressaltou.
Já José de Oliveira, coordenador do MST (Movimento Sem Terra) no Estado, destacou que a área que será desapropriada era uma “reivindicação” antiga, e que há muitos anos o MST analisa o local. De acordo com os movimentos sociais, o governo federal estipulou a meta deste ano, de 30 mil famílias contempladas em todo país, sendo mil (famílias) apenas em Mato Grosso do Sul.