Mês foi difícil para vendedor bater a meta diante de "cautela do consumidor"
Pesquisa mostra que em julho o nível de consumo em Campo Grande foi menor
Vendedores têm sentido dificuldade em bater a meta do mês, regra que a maioria das empresas precisa seguir. Julho foi considerado ruim pela categoria. O impasse pode estar atrelado ao consumidor estar mais cauteloso e mais restrito a créditos, o que automaticamente reflete no comércio.
Exemplo deste cenário é a vendedora Taime Coelho, de 29 anos. Ela conta que precisa vender, todos os dias, R$ 2 mil para conseguir atingir a meta no fim do mês, mas em julho não foi possível.
“Meses atrás batemos a meta, tanto de vendas quanto da loja. No mês de julho, não consegui bater a meta, pois o fluxo de movimento nas férias diminuiu. Preciso vender diariamente R$ 2 mil e no mínimo seis peças por dia, para conseguir chegar ao fim do mês alcançando a meta”, explicou.
Outra funcionária do ramo, Tiemi Kanatsu, de 25 anos, classifica o mês como o pior do ano. "Sinceramente, aqui foi bem parado, não batemos a meta que é de R$ 15 mil, fizemos pouco menos da metade. Foi o pior mês para a gente”, comentou.
Há 2 meses como vendedora em uma loja do Pátio Central, ela compara o movimento do antigo serviço, que era no Comper Ypê. “Quando eu passei para cá, eu percebi que é a mesma coisa que lá [movimento parado]. Se eu não me engano, o mês de maio foi muito parado”, completou.
Segundo o gerente da Passaletti, Leandro Freitas, de 25 anos, a loja trabalha com meta coletiva, sendo o setor feminino responsável por 38% das vendas. Dos sete meses do ano, não conseguiram entregar resultado em dois.
"Normalmente, o varejo trabalha com liquida no mês de julho, porque não tem nada festivo. Em relação à venda financeira, esse mês foi desafiador para nós, mas com muito sacrifício conseguimos entregar [bater as metas]".
Reflexo - Conforme explica o presidente da CDL-CG (Câmara de Dirigentes Lojistas de Campo Grande), Adelaido Vila, a situação realmente tem ocorrido.
“Este resultado estamos observando em âmbito nacional. Estamos bem preocupados com a demora da recuperação do poder de compra do brasileiro. A falta de crédito, juros altos e falta de aumento real na renda tem dificultado muito o poder de consumo das pessoas”, destacou.
Levando em consideração a falta de crédito, recentemente, o Governo Federal lançou duas campanhas para ajudar a limpar o nome na praça: o Desenrola Brasil e o Renegocia.
Na visão da economista do Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos), Andreia Ferreira, as metas exigidas pelas empresas são muito altas.
“A dificuldade de bater meta também tem a ver a adoção de metas inatingíveis mesmo, o que é comum em empresas. As metas irreais são fato: vendedores que precisam bater metas que mudam a cada mês. E assim, temos este círculo vicioso de estabelecer metas que os empregadores sabem que o trabalhador terá dificuldade de bater e, se conseguir, será cobrado mais depois”, pontuou.
A profissional também atrela a dificuldade à cautela. “Tem a questão da cautela do consumidor - e, especialmente nos últimos anos, em função da dificuldade de ter renda. Há muitos consumidores que estão tentando se recuperar financeiramente. Os comerciantes têm de se atentar que há uma mudança no perfil do consumidor, tanto pelo lado do modo de realizar o consumo - a facilidade de pesquisar e comprar pela internet - quanto pela questão da renda”, comentou.
Consumo – A pesquisa de Intenção de Consumo das Famílias de Campo Grande tem oscilado bastante neste ano. Desde janeiro, teve cinco quedas e apenas dois aumentos.
Conforme dados do levantamento feito pela CNC (Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo), no primeiro mês do ano, atingiu 100,8 pontos; em fevereiro, caiu para 100,6; março, 98,8 pontos; abril, 96,6 pontos; maio, 95,6; junho, 97,5; e, em julho, atingiu 102,2 pontos.
Por mais que neste mês a pontuação tenha melhorado, o nível de consumo está menor. Na pesquisa, 33,7% dizem estar comprando menos e apenas 21,7% gastando mais.
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