Micronutriente nas folhas de soja melhora produtividade, diz pesquisador
O pesquisador Fábio Mercante, da Embrapa Agropecuária Oeste, em Dourados, a 233 km de Campo Grande, afirma que para o produtor rural que está com a soja no campo em uma das três fases de desenvolvimento vegetativo da planta, este é o momento adequado para dar um "up" na lavoura.
Segundo ele, é possível aumentar a contribuição do processo de FBN (Fixação Biológica de Nitrogênio) – uma das técnicas agrícolas sustentáveis do Programa Agricultura de Baixo Carbono, do governo federal. A técnica substitui o fertilizante nitrogenado mineral por um processo de simbiose, em que o nitrogênio é retirado do ar por uma bactéria denominada rizóbio para ser assimilado pela planta.
“Mesmo após o plantio ter sido feito, ainda está em tempo de se melhorar a produtividade da soja. Isso pode ser feito com a aplicação de dois micronutrientes: o cobalto e molibdênio, essenciais ao processo de fixação biológica de nitrogênio. Atualmente, as recomendações técnicas para aplicação destes nutrientes são de 2 a 3 gramas de cobalto por hectare e de 12 a 30 gramas de molibdênio por hectare. Para o resultado ser eficiente, a aplicação deve ser feita por meio de pulverização foliar, entre os estádios de desenvolvimento V3-V5”, explica Mercante.
Segundo o pesquisador, trabalhos de pesquisa demonstram que a aplicação dos produtos com estes micronutrientes diretamente nas sementes pode afetar drasticamente a sobrevivência das bactérias fixadoras de nitrogênio, a nodulação, a eficiência simbiótica e, consequentemente, os rendimentos de grãos da cultura. “Estes efeitos prejudiciais têm sido associados às formulações salinas dos produtos comerciais contendo tais micronutrientes”, explica.
Segundo ele, a disponibilidade de fósforo e cálcio também proporciona o bom desenvolvimento da planta, o estabelecimento da bactéria e a interação planta-rizóbio, por potencializar os benefícios do uso de inoculantes microbianos na cultura da soja.
Temperatura do solo - Fábio Mercante chama atenção também para o estresse hídrico e a temperatura do solo acima de 32ºC, principalmente. Segundo ele, são duas condições em que o agricultor deve ficar atento. Esses dois fatores, associados ou não, afetam desde a sobrevivência da bactéria até as etapas da interação entre macro e micro-organismos que vivem em simbiose. “Nesta situação, manejos de solo mais conservacionistas, como o Sistema Plantio Direto, colaboram para a redução da temperatura nas camadas mais superficiais e para a manutenção da umidade do solo”.
Rendimento – Para áreas de primeiro cultivo, a inoculação das bactérias (rizóbios) nas sementes da soja é indispensável. "No Brasil, não se recomenda o uso de adubo mineral nitrogenado, mas é importante que a inoculação com estas bactérias benéficas seja realizada em todos os anos", afirma Mercante.
"Em áreas de primeiro cultivo, o agricultor pode duplicar a dose de inoculante utilizada em cultivos tradicionais de soja, porque alguns fungicidas podem reduzir a nodulação e a fixação biológica de nitrogênio na cultura quando aplicados nas sementes", declarou o pesquisador.
Nas áreas tradicionais, segundo ele, a pesquisa mostra que nas principais regiões produtoras de soja do país, incluindo regiões Sul e Centro-Oeste, o rendimento da cultura aumenta em média 8% quando se realiza a inoculação em todas as safras de soja. "Foram considerados apenas ensaios com rendimentos superiores a 2.400 kg/ha e foram obtidos incrementos de até 1.950 kg/ha pela reinoculação".
Em Mato Grosso do Sul, os estudos ainda mostram que o crescimento médio de rendimento de grãos de soja pode chegar a 9% em relação às plantas que não haviam sido inoculadas com rizóbios.