Na construção, setor cerâmico é o mais afetado por redução salarial
Amparadas por medida provisória, as empresas estão autorizadas a fazer corte de salário e jornada em até 70%
Segmento da construção civil, o polo de cerâmica em Rio Verde de Mato Grosso, a 207 km de Campo Grande, foi o que mais perdeu fôlego, com aplicação de medidas como redução de jornadas e salários, além da suspensão de contratos.
De acordo com o presidente da Fetricon (Federação dos Trabalhadores nas Indústrias da Construção e do Mobiliário de Mato Grosso do Sul), José Abelha Neto, o setor de cerâmica reduziu as atividades e cerca de 150 trabalhadores tiveram redução de salário, jornada ou suspensão do contrato. Eles são funcionários de cerâmicas que produzem tijolo, telhas, pisos, lajotas.
“Como o governo federal autorizou a negociação direta entre a empresa e o trabalhador, estamos sendo meros arquivadores de papéis. Viramos uma arquivoteca dos patrões”, afirma José Abelha, destacando que as empresas apenas informam o setor representante dos sindicatos. Ele também preside o Sintracon (Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias da Construção Civil e do Mobiliário de Campo).
Com atuação estadual, a federação representa 50 mil trabalhadores. Amparadas pela MP (Medida Provisória) 936, as empresas estão autorizadas a fazer corte de salário e jornada em até 70%, além da suspensão de contratos. Neste último caso, o funcionário vai receber 100% do seguro-desemprego.
No entanto, o sindicalista lembra que alguns trabalhadores são aposentados, mas ainda seguiam no mercado para complementar a renda. Quem tem aposentadoria não recebe o seguro-desemprego.
Em Campo Grande, a avaliação de José Abelha é de que o trabalho segue normal, sem as mudanças previstas pela medida provisória. A construção civil emprega 50 mil pessoas na Capital .
De acordo com o presidente do Sinduscon (Sindicato das Indústrias da Construção de MS), Amarildo Miranda Melo, a MP 936 veio para salvar empregos.
Segundo ele, é preciso que as ações contra a pandemia do novo coronavírus sejam definidas de acordo com a situação de cada local. “Não podemos achar que Sanga Puitã é como São Paulo e Campo Grande. É preciso bom senso, não é uma questão política”, afirma.
Em Campo Grande, a construção civil chegou a ser paralisada, com férias coletivas. Na sequência, a atividade foi retomada e com adoção de medidas de segurança.