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Economia

Preço dispara e tradicional frango assado agora é prato de almoço chique

Consumo de frango aumentou e proteína já começa pesar no orçamento familiar

Jhefferson Gamarra e Cleber Gellio | 25/04/2022 15:19
Preço dispara e tradicional frango assado agora é prato de almoço chique
Proprietário de uma rotisserie aposta em promoções para continuar mantendo a clientela. (Foto: Cleber Gellio)

Em todo o ano de 2021, o abate de bovinos caiu em relação ao ano anterior, enquanto o de frangos bateu recordes em Mato Grosso do Sul. De acordo com o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas), foram abatidas 186,79 milhões cabeças de frango em 2021, o que representa um aumento de 6% em relação ao ano de 2020.

Esse aumento no número de abates é um reflexo do consumo dos brasileiros, que diminuiu o consumo da carne vermelha devido à disparada no valor e buscou alternativas de proteína para colocar à mesa. Diante desse cenário de valorização, o preço da carne branca também vem sofrendo pressão e pesando no orçamento do consumidor.

Preço dispara e tradicional frango assado agora é prato de almoço chique
Consumidora sentiu o impacto da carne de frango no orçamento. (Foto: Cleber Gellio)

Analista de negócios, Silvana Nascimento, 52 anos, se considera uma verdadeira carnívora, mas com os preços atuais da carne bovina, o frango se tornou uma opção mais viável. No entanto, a carne branca já começa a pesar no orçamento familiar e a saída é o consumo sem desperdício.

"Gosto da carne vermelha, mas com o valor que está, não dá para consumir sempre. A saída é aproveitar tudo do frango inteiro, por exemplo, como uma canja e outros pratos. Não dá pra desperdiçar nada não", comenta Silvana.

Forçada a substituir a carne vermelha por frango, a manicure Joelma de Souza, 53 anos, aproveita promoções e o hortifrúti para reforçar as receitas com carne bovina.

Preço dispara e tradicional frango assado agora é prato de almoço chique
Joelma aproveita as promoções para conseguir deixar o frango de lado e voltar com a carne bovina para casa. (Foto: Cleber Gellio)

"Hoje, vamos fazer uma costela e a mandioca para dar uma reforçada. A gente não aguenta mais comer frango e daqui a pouco, nem ele mais. Nem um bife está dando para comer", conta.

Em regiões menos abastadas, o impacto no aumento do preço do frango é relatado por quem vive do comércio. Comerciante no Jardim Centenário, Joelson Ribeiro de Oliveira, 40 anos, diz que, há cerca de um ano, as vendas dos cortes, como coxinha da asa, filé, a passarinho, coxa e sobrecoxa e linguiça reduziram drasticamente. "Os clientes estão substituindo pelo ovo mesmo. Faço um pedido e o que tenho em estoque logo acaba", frisa o comerciante.

O aumento impactou até no tradicional frango assado de domingo, que sumiu das mesas das famílias. Para continuar atraindo os consumidores, o empresário Elias Longo, que possui 5 rotisserie  em Campo Grande, aposta em promoções para manter as vendas, que segundo ele teve uma queda de 20%. “Sentimos uma queda grande. De segunda faz a quinta fazemos promoções. Não podemos parar, o negócio é trabalhar para superamos este momento”, diz otimista.

Disparada nos preços - O Campo Grande News foi a campo e constatou que, entre os preços praticados na cidade, o menor valor é de R$ 38,00, a unidade, já o maior chega a R$43,90, isso de segunda a sexta-feira. Nos finais semana, quando a procura é maior, o preço sobe e o mínimo praticado não fica abaixo de R$ 40,00 e o máximo na casa dos R$50,00.

Em Mato Grosso do Sul, o preço do frango abatido comercializado no atacado registrou um aumento de 24,51% nos três primeiros meses deste ano. De acordo com o departamento técnico do Sistema Famasul, com dados da Ceasa/MS (Central de Abastecimento de Mato Grosso do Sul), o valor saiu de R$ 7,18 no mesmo período do ano anterior para R$ 8,94 em 2022.

Os custos também subiram para o produtor. Os avicultores gastaram, em média, 41% a mais com energia elétrica entre 2021 e 2022. O aumento significativo foi resultado do maior valor da tarifa, da aplicação da bandeira vermelha por longo período e do pagamento de escassez hídrica. Em contrapartida, o aumento do consumo teve um acréscimo de apenas 8% neste período. Esse insumo representa 30% dos gastos na produção, resultando em maior impacto para o produtor rural.

“O cenário de maior preço do frango no atacado, maior liquidez e maior receita para as indústrias com vendas para o exterior, não reflete diretamente em maior rentabilidade para o produtor, tendo em vista o aumento expressivo nos custos de produção”, enfatiza analista técnica da Famasul, Eliamar Oliveira.

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