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Consumo

Com preço nas alturas, consumidor faz malabarismo na hora das compras

Carne vermelha é o item que mais tem pesado no orçamento das famílias, mas até substitutos estão caros

Jhefferson Gamarra e Cleber Gellio | 22/04/2022 15:56
Sacolas estão cada vez mais vazias ao sair do mercado (Foto: Cleber Gellio)
Sacolas estão cada vez mais vazias ao sair do mercado (Foto: Cleber Gellio)

Trocar a carne vermelha por frango ou ovos, diminuir a compra do mês, optar por marcas de menor qualidade, escolher dias de promoções em atacarejos  e evitar desperdícios de alimentos em casa. Em maior ou menor grau, fazer escolhas e alguns “malabarismos” já faz parte do cotidiano de milhares de famílias brasileiras.

Em Campo Grande, a cesta básica está entre as mais caras do Brasil, último levantamento feito pelo Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos), mostrou que o valor dos itens básicos na Capital, chegou a R$ 678,43 reais, ficando atrás apenas de Porto Alegre.

Com a carne vermelha cara, a linguicinha no feijão vai ser a única proteína (Foto: Cleber Gellio)
Com a carne vermelha cara, a linguicinha no feijão vai ser a única proteína (Foto: Cleber Gellio)

Sem emprego formal, o pedreiro Sidinei Freitas de 55 anos, tem “se virado nos 30” na hora das compras. Em casa, além do dinheiro que recebe com serviços feitos de forma autônoma, o construtor conta com o auxilio da esposa, que recebe apenas um salário mínimo.

“A renda da minha esposa acaba indo pra despesas da casa. Os preços estão muito caros, temos buscados atacarejos que é mais barato, mas mesmo assim de forma picada. O que mais pesa é a carne vermelha, que acabamos substituindo pelo frango, que também tá caro. Hoje nem ovo e sardinha tá dando pra compra que estão nas alturas. Hoje estou levando a linguiça para colocar no feijão, que vai substituir a carne”, conta o pedreiro que mensalmente gasta de 500 reais apenas com itens básicos no mercado.

Mesmo com emprego fixo e um renda mensal segura, a professora Simone Martins, 40 anos, sentiu os impactos do aumento dos alimentos no bolso. Ela tem feito escolhas por produtos de menor quantidade e evitado ao máximo desperdiçar alimentos em casa, onde convive com a mãe.

“A carne vermelha a gente não era muito adepta, agora viramos vegetarianas de vez”, ironiza.  “Tenho comprado tudo em quantidade menores, não vejo mais os preços, escolho o item menor e vou comprando, inclusive frutas e legumes. Agora a gente compra menos e desperdiça menos consequentemente”, diz a professora.

Valor dos produtos tem impossibilitado casal ajudar pessoas com dificuldades financeiras (Foto: Cleber Gellio)
Valor dos produtos tem impossibilitado casal ajudar pessoas com dificuldades financeiras (Foto: Cleber Gellio)

 Além de impactar nos itens para consumo familiar, a disparada no preço dos alimentos impossibilitou que o casal: Deuzenira Inocência, 49 anos e José Oscar Mendonça de 56 anos, continuasse com ações filantrópicas que anteriormente realizavam.

 “Estamos mais conscientes na utilização dos alimentos, reuníamos muita gente em casa, agora não dá mais, é uma pessoa de cada vez, porque o churrasquinho de final de semana ficou mais caro. Durante a pandemia, ajudávamos uma família que estava desempregada, mas paramos porque apertou o orçamento pra gente, não temos dado conta de ajudar mais”, lamentou a esposa.

Como a renda dos brasileiros não acompanha a alta dos preços dos alimentos, mesmo com os “malabarismos”, a maioria dos consumidores não vão conseguir alcançar o nível de consumo que tinha antes. Com o valor atual, o campo-grandense precisa trabalhar 123 horas e 9 minutos para conseguir comprar uma cesta básica.

Valor do ovo também disparou e também pesou no orçamento (Foto: Cleber Gelio)
Valor do ovo também disparou e também pesou no orçamento (Foto: Cleber Gelio)


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